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02/Nov/2022

EUA libera recursos para financiamento climático

O governo Joe Biden começa a distribuir bilhões de dólares para novas indústrias ligadas ao clima, como a de metais para baterias, o que vem pressionando bancos e investidores a aumentarem os recursos para cumprir as promessas climáticas. Esses recursos são parte do projeto de lei bipartidário para infraestrutura do ano passado. O governo norte-americano concedeu a cerca de 20 fabricantes de matérias-primas para baterias recarregáveis um total de quase US$ 3 bilhões. O objetivo é criar uma cadeia de suprimentos doméstica para grandes montadoras e, assim, combater o domínio da China no setor de materiais para baterias. Há muito mais recursos a sair dessa fonte. O financiamento adicional do projeto de infraestrutura deve ser destinado a empresas iniciantes e veteranas em áreas como hidrogênio limpo, captura de carbono e recarga de carros elétricos nos próximos meses.

Os recursos também podem vir da Lei de Redução da Inflação, o programa de empréstimos do Departamento de Energia dos Estados Unidos, e de um fundo de investimento conhecido como banco verde. O fluxo de recursos e financiamentos semelhantes dos governos da Europa e da Ásia foram estruturados para incentivar empréstimos e investimentos privados ao reduzir parte do risco dessas jovens empresas. Ainda é cedo para afirmar se bancos, empresas e investidores irão aproveitar esses incentivos. Muitos fizeram promessas de aumentar o investimento verde, mesmo antes da conferência das Nações Unidas para o clima no ano passado em Glasgow (COP-26). Parte do apoio governamental que muitos pediram, na ocasião, para reduzir o risco desses investimentos já apareceu. Ainda assim, o crescimento do financiamento verde desacelerou este ano, embora isso se explique, em parte, pela volatilidade do mercado e pela guerra na Ucrânia.

Para a Ceres, organização sem fins lucrativos para a sustentabilidade, os argumentos tradicionais não são mais aceitáveis. O mundo está ficando sem desculpas e sem tempo. Segundo dados da Dealogic, as empresas estão a caminho de captar US$ 1 trilhão em títulos verdes e vinculados à sustentabilidade este ano, abaixo do recorde de cerca de US$ 1,3 trilhão no ano passado. A proporção entre o financiamento por dívida verde e combustível fóssil permanece estável. O financiamento de capital para startups climáticas em mercados privados também está abaixo do recorde de 2021, mas ainda bem acima dos números de 2019 e 2020, de acordo com o PitchBook. A maior parte do financiamento federal recente é para startups como a Piedmont Lithium, que estão muito distantes de conseguir fornecer às montadoras quantidades significativas de material.

A fabricante veterana Albemarle foi uma das poucas a receber financiamento. A conferência climática da ONU deste ano começa no dia 6 de novembro na cidade de Sharm El Sheikh (Egito). Para a grande aliança de bancos e investidores criada no ano passado, a preparação para a conferência foi marcada não por novas promessas, mas por brigas internas e problemas de comunicação. Os bancos dizem que, como intermediários financeiros altamente regulamentados, têm restrições ao que podem fazer para aumentar o financiamento verde. Mesmo com o apoio do governo e créditos fiscais, muitas startups climáticas não atendem aos critérios de empréstimo e devem demorar anos para se tornarem lucrativas. A reação dos políticos republicanos contra as práticas de investimento climático também pressiona Wall Street. Bancos como JPMorgan Chase & Co., Morgan Stanley e Bank of America recuaram do que pensavam ser esforços de um importante órgão da ONU para reduzir o financiamento de produtores de combustíveis fósseis e auditar o progresso climático.

Alguns se arrependem de terem aderido à Glasgow Financial Alliance for Net Zero (GFANZ), coalizão global do setor financeiro de combate às mudanças climáticas. Nas últimas semanas, a aliança tomou medidas para tranquilizar os bancos, reafirmando que a ONU não pode definir critérios climáticos obrigatórios sem a contribuição deles. A briga interna repete o que ocorre no mundo este ano. A crise energética causada pela guerra na Ucrânia deixou claro o grau de dificuldade e volatilidade da transição dos combustíveis fósseis. Os bancos estão divididos, defendendo o financiamento de combustíveis fósseis conforme necessário, enquanto seguem sob pressão para financiar a energia limpa. "As pessoas estão fazendo a lição de casa e percebendo como é difícil", afirmou o Jefferies Financial Group. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.