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01/Nov/2022

Grãos: Rússia suspenderá o acordo com a Ucrânia

A Rússia anunciou, no sábado (29/10), que vai suspender a implementação de um acordo de grãos mediado pela Organização das Nações Unidas (ONU), após um suposto ataque de drone ucraniano contra os navios da frota russa do Mar Negro ancorados na costa da Crimeia ocupada, que a Rússia diz ter ocorrido no início do dia. A Ucrânia negou o ataque, dizendo que os russos usaram mal suas próprias armas. A declaração russa vem um dia depois que a Organização das Nações Unidas (ONU) instou a Rússia e a Ucrânia a renovarem o acordo, com o qual mais de 9 milhões de toneladas de grãos foram exportados da Ucrânia durante a guerra, o que derrubou os preços globais dos alimentos. A ONU também pediu a outros países, principalmente do Ocidente, que agilizem a remoção dos obstáculos que bloqueiam as exportações russas de grãos e fertilizantes. O acordo de grãos, intermediado pelas Nações Unidas e pela Turquia em julho e que expira em 19 de novembro, ajuda a amortecer o sofrimento que a crise global de custo de vida está infligindo a bilhões de pessoas.

As autoridades da ONU estavam em contato com as autoridades russas sobre a suspensão. É vital que todas as partes se abstenham de qualquer ação que coloque em risco a ‘Iniciativa de Grãos do Mar Negro’, que é um esforço humanitário crítico que está claramente tendo um impacto positivo no acesso a alimentos para milhões de pessoas. O Ministério das Relações Exteriores da Rússia ainda acusou especialistas britânicos de estarem envolvidos no suposto ataque de drones a navios russos na Crimeia. O governo russo afirmou que, em conexão com as ações das forças armadas ucranianas, lideradas por especialistas britânicos, dirigidas, entre outras coisas, contra navios russos que garantem o funcionamento do corredor humanitário em questão (que não pode ser qualificado senão como um ataque terrorista), a Rússia não pode garantir a segurança dos navios civis de carga seca que participam da iniciativa do Mar Negro e suspendeu sua implementação a partir do dia 29 de outubro por um período indefinido.

O Ministério das Relações Exteriores da Ucrânia acusou a Rússia de jogar “jogos da fome” ao colocar em risco os embarques globais de alimentos. Sob falsos pretextos, o governo russo está bloqueando o corredor de grãos que garante a segurança alimentar para milhões de pessoas. O governo da Ucrânia denunciou a suspensão como “chantagem primitiva”. No domingo (30/10), a Organização das Nações Unidas (ONU) e a Turquia lutaram para resgatar o acordo que permitia à Ucrânia enviar grãos pelo Mar Negro. Nenhum navio deixou a Ucrânia no domingo (30/10), mas autoridades da Turquia, Ucrânia e da ONU concordaram com um plano para 14 navios transitarem pelo Mar Negro nesta segunda-feira (31/10). A decisão da Rússia ameaça aumentar o custo dos alimentos globalmente, colocando pressão econômica sobre os aliados Ocidentais da Ucrânia, bem como sobre os países do Oriente Médio e da Ásia que são altamente dependentes de suas exportações.

Isso poderia aprofundar uma crise de fome global na qual dezenas de milhões de pessoas em todo o mundo foram empurradas para mais perto da fome. A suspensão do acordo efetivamente reimpõe um bloqueio total aos portos da Ucrânia, aumentando o uso de alimentos pela Rússia como arma para pressionar os aliados ucranianos a cessar seu apoio à Ucrânia ou arriscar ameaçar o suprimento global de alimentos. O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, afirmou que este é um bloqueio absolutamente deliberado da Rússia, com intenção de devolver a ameaça de fome em larga escala à África e à Ásia. Os portos ucranianos do Mar Negro são uma das rotas mais importantes do mundo para a exportação de trigo, milho e outros produtos. Antes da guerra, mais de 95% dos produtos agrícolas do país eram exportados através dos portos do Mar Negro. Isso caiu para zero após a invasão. Os preços do trigo subiram 46% e o milho 11% em suas consequências imediatas. Os corretores de grãos antecipam outro salto nos preços.

Analistas afirmam que a Rússia está usando a comida como arma mais uma vez. A tendência é de alta nos mercados na Bolsa de Chicago. A consultoria SovEcon afirmou que os movimentos no mercado de grãos podem ser particularmente fortes porque muitos fundos terão que comprar no mercado nesta segunda-feira (30/10) para cobrir suas posições. Analistas esperam uma reação particularmente forte para o milho, uma vez que a colheita da Europa desta ração animal nesta temporada foi a mais baixa em 15 anos. A ação da Rússia ocorre em uma fase crítica da guerra, já que as forças ucranianas estão conseguindo reverter a ocupação russa no leste da Ucrânia. Autoridades ucranianas e ocidentais dizem que a Rússia está usando alimentos como forma de pressionar outros países a parar de enviar armas, suprimentos e fundos para a Ucrânia.

A Rússia também cortou o fornecimento de gás natural para a Europa no que autoridades e analistas ocidentais dizem ser parte de uma estratégia de aumentar a pressão econômica sobre o Ocidente. Segundo o Instituto do Oriente Médio, os próximos quatro meses de inverno, quando a escassez de combustível, fertilizantes e alimentos será sentida de forma mais aguda na Europa e em áreas próximas do Oriente Médio e da África, é a única janela de oportunidade que resta ao governo russo para quebrar a determinação da União Europeia de apoiar a Ucrânia. Com o acordo, mais de nove milhões de toneladas de grãos foram exportados da Ucrânia durante a guerra, o que derrubou os preços globais dos alimentos. O governo ucraniano afirma que uma forte resposta internacional é necessária agora. Tanto no nível da ONU quanto em outros níveis. Em particular, ao nível do G20. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.