ANÁLISES

AGRO


SOJA


MILHO


ARROZ


ALGODÃO


TRIGO


FEIJÃO


CANA


CAFÉ


CARNES


FLV


INSUMOS

28/Out/2022

Concentração de metano registra aumento recorde

De acordo com um estudo da Organização Meteorológica Mundial (OMM), divulgado na quarta-feira (26/10), a quantidade de metano (CH4) na atmosfera avança em ritmo acelerado e ameaça minar os esforços para desacelerar as mudanças climáticas. Conforme o boletim de gases do efeito estufa, as emissões globais se recuperaram após os lockdowns relacionados à Covid-19 e os aumentos nos níveis de metano em 2020 e 2021 foram os maiores desde que a manutenção sistemática de registros começou, em 1983. O estudo vem no mesmo dia de um novo relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) apontar que os governos do mundo não se comprometeram o suficiente a reduzir as emissões climáticas, abrindo caminho para um aumento de 2,5ºC nas temperaturas globais até o fim do século. A análise diz que o nível de emissões estabelecido nos compromissos dos países era menor do que há um ano, mas ainda levaria a um aumento total da temperatura além do nível alvo definido nas cúpulas climáticas mais recentes.

Segundo a ONU, o mundo não está nem perto da escala e do ritmo das reduções de emissões necessárias para colocar no caminho de 1,5ºC. Especialistas apontam que a maneira mais rápida de afetar o ritmo do aquecimento global seria cortar as emissões de metano, o segundo maior contribuinte para as mudanças climáticas. O gás tem um impacto de aquecimento 80 vezes maior do que o dióxido de carbono em um período de 20 anos. A OMM afirmou que a quantidade de metano na atmosfera aumentou 15 partes por bilhão em 2020 e 18 partes por bilhão em 2021. Cientistas agora estão estudando se os aumentos são o resultado de um “feedback climático” de fontes naturais, como pântanos tropicais e arrozais, ou se são o resultado de gás natural produzido pelo homem e vazamento industrial. Ou mesmo ambos. À medida que o planeta fica mais quente, o material orgânico se decompõe de forma mais rápida. Se o material orgânico se decompõe na água (sem oxigênio), isso leva a emissões de metano. Esse processo pode se retroalimentar: se as zonas úmidas tropicais se tornarem mais úmidas e mais quentes, mais emissões serão possíveis.

Os níveis atmosféricos dos outros dois principais gases de efeito estufa (dióxido de carbono e óxido nitroso) também atingiram recordes em 2021. As concentrações de dióxido de carbono em 2021 foram de 415,7 partes por milhão. De metano, 1.908 partes por bilhão. E de óxido nitroso, 334,5 partes por bilhão. Esses valores representavam 149%, 262% e 124% dos níveis pré-industriais. O relatório sublinhou, mais uma vez, o enorme desafio, e a necessidade vital, de uma ação urgente para reduzir as emissões de gases de efeito estufa e evitar que as temperaturas globais subam ainda mais no futuro. É preciso incentivar a busca de técnicas baratas para capturar o metano de vida curta, especialmente quando se trata de capturar gás natural. Por causa de sua vida útil relativamente curta, o impacto do metano no clima é reversível. A OMM também apontou para o aquecimento dos oceanos e da terra, bem como da atmosfera. Do total de emissões de atividades humanas durante o período 2011-2020, cerca de 48% se acumularam na atmosfera, 26% no oceano e 29% na terra. O relatório da OMM vem pouco antes da próxima Cúpula do Clima da ONU (COP-27), que acontece no próximo mês no Egito.

No ano passado, no período que antecedeu a conferência do clima em Glasgow, Escócia, os Estados Unidos e a União Europeia assumiram a liderança na promoção do Compromisso Global do Metano, que estabeleceu a meta de alcançar uma redução de 30% na atmosfera até 2030. No Brasil, ampliar políticas e medidas que já existem nos setores de agropecuária, energia, saneamento e controle do desmatamento pode reduzir as emissões de metano em até 36% em relação aos níveis de 2020, conforme relatório do Observatório do Clima (OC). A estimativa é maior do que os 30% propostos para 2030 pelo acordo voluntário assinado pelo Brasil e cerca de 120 países em 2021, em Glasgow, durante a Cúpula do Clima da ONU (COP-26). Entre as medidas para alcançar essa meta estão, na agropecuária: o manejo dos dejetos animais, o melhoramento genético do rebanho bovino e a adoção da terminação intensiva, como é conhecido o abate precoce com engorda acelerada dos animais, e a eliminação da queima da palha da cana-de-açúcar, uma prática que já adotada no estado de São Paulo. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.