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26/Out/2022

Cenário para economia global bastante desafiador

Dados econômicos recentes indicam uma desaceleração no crescimento dos Estados Unidos e do mundo, à medida que preços e taxas de juros mais altos pesam sobre a demanda do consumidor, a Europa entra em uma fase crítica de seu conflito econômico com a Rússia e a China enfrenta adversidades. A atividade empresarial nos Estados Unidos e na Europa caiu em outubro. Uma forte desaceleração na atividade de serviços, o maior impulsionador da maior economia do mundo, liderou o declínio nos Estados Unidos. Na Europa, as fábricas alemãs fizeram os maiores cortes de produção desde o início da pandemia, de acordo com as pesquisas da S&P Global. A Europa está lidando com as consequências da decisão da Rússia de reduzir o fornecimento de energia em resposta às sanções sobre a guerra na Ucrânia. A economia da China se recuperou nos três meses até setembro, à medida que a produção das fábricas aumentou com a flexibilização das medidas de isolamento contra a Covid-19. No entanto, a segunda maior economia do mundo enfrenta a desaceleração do crescimento das exportações, a diminuição da demanda do consumidor e a retração do mercado imobiliário.

Para o banco HSBC, existem desafios significativos ao crescimento global. A S&P Global informou que seu índice composto de produção para os Estados Unidos, que inclui serviços e atividades de manufatura, caiu para 47,3 em outubro, ante 49,5 em setembro, o segundo declínio mais rápido desde 2009, excluindo o início de 2020, no começo da pandemia de Covid-19. Um índice abaixo de 50 sinaliza contração da atividade econômica, enquanto acima de 50 indica crescimento. As empresas dos Estados Unidos informaram que o dólar forte e as condições econômicas desafiadoras nos mercados de exportação impactaram a demanda dos clientes estrangeiros. A desaceleração econômica dos Estados Unidos ganhou um impulso significativo em outubro, quando a confiança nas perspectivas também se deteriorou acentuadamente. As pesquisas dos Estados Unidos e da Europa mostraram que as pressões inflacionárias permaneceram fortes.

As empresas norte-americanas relataram uma aceleração nos aumentos de custos de insumos em outubro em decorrência de taxas de juros mais altas, escassez de oferta e pressões salariais. A combinação de inflação forte e crescimento fraco apresenta decisões difíceis para os formuladores de políticas globais, mas os bancos centrais, por enquanto, estão aumentando as taxas de juros para reduzir a inflação via desaceleração do crescimento econômico. Espera-se que o Banco Central Europeu eleve sua principal taxa de juros para 1,50%, de 0,75%, na reunião desta quinta-feira (27/10). O Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) se reunirá na próxima semana e deverá aprovar outro aumento da taxa de juros de 0,75%. Em geral, o consumo de gás natural na Europa aumenta acentuadamente com o início do clima mais frio e as autoridades alertaram que, sem cortes substanciais no consumo este ano, pode haver a necessidade de racionamento.

Mesmo na ausência de racionamento, qualquer recuperação no preço da energia que coincida com o aumento sazonal da demanda pode enfraquecer ainda mais a economia. O índice composto de gerentes de compras (PMI) publicado pela S&P Global para a zona do euro, que mede a atividade nos setores de manufatura e serviços, foi de 47,1 em outubro, ante 48,1 em setembro, o quarto mês consecutivo de contração. Em toda a zona do euro, o setor manufatureiro sofreu as maiores quedas na atividade, principalmente aqueles que fazem uso intensivo de energia, como produtos químicos e plásticos. A Alemanha, principal centro industrial da Europa e, anteriormente, um dos maiores usuários do gás russo, sofreu uma queda acentuada. Seu PMI composto caiu para o nível mais baixo desde maio de 2020, quando grande parte de sua economia ficou paralisada pelo lockdown. A França, que é bem menos dependente do fornecimento de energia russo, registrou uma estagnação na atividade, apesar do crescimento experimentado no mês passado.

O início suave da temporada de aquecimento durante o inverno e os altos níveis de armazenamento alimentaram as esperanças de que a Europa possa sobreviver ao inverno sem racionamento e derrubou os preços do gás natural para abaixo de 130 euros por mega watt-hora (quase o mesmo valor em dólares) de um pico de cerca de 350 euros no final de agosto. No entanto, o Fundo Monetário Internacional (FMI) alertou que a Europa ainda pode enfrentar o desfecho que seus governos estão desesperados para evitar. Um risco crucial de curto prazo é a interrupção do fornecimento de energia que, combinada a um inverno frio, pode levar à escassez de gás, racionamento e problemas econômicos mais profundos. A economia da zona do euro foi duramente atingida pelas consequências da invasão da Ucrânia pela Rússia em fevereiro, já que os preços mais altos da energia e dos alimentos enfraqueceram o poder de compra das famílias e ameaçaram as margens de lucro.

O maior conflito militar no continente em quase oito décadas também derrubou a confiança das famílias e das empresas. A atividade no primeiro semestre do ano foi impulsionada pela reabertura de partes da economia que estavam total ou parcialmente fechadas durante grande parte de 2021 devido às medidas de contenção à Covid-19, mesmo com a economia dos Estados Unidos em retração. Mas, as pesquisas com gerentes de compras sugerem que a economia da zona do euro desacelerou acentuadamente no terceiro trimestre, podendo até ter contraído. O FMI reduziu sua previsão de crescimento econômico para a zona do euro em 2023 para apenas 0,5%, dos 2,5% projetados em janeiro, antes da invasão. Também baixou suas estimativas para outras economias europeias. No próximo ano, a produção e a renda da Europa serão quase meio trilhão de euros menores em comparação com as projeções do FMI antes da guerra, uma ilustração flagrante das severas perdas econômicas do continente com a guerra. As pesquisas de negócios são o mais recente sinal de que a economia global está desacelerando.

Uma pesquisa semelhante para a Austrália apontou para a primeira contração mensal desde janeiro. Estão surgindo sinais de que alguns dos fatores por trás do aumento das taxas de inflação globais estejam perdendo força à medida que a economia esfria. Os preços de alguns metais e outras commodities caíram acentuadamente em relação aos picos deste ano, enquanto os custos de frete estão caindo e os congestionamentos nos portos estão quase resolvidos. A pandemia continua a influenciar a economia global, com a pesquisa de gerentes de compras do Japão apontando para uma aceleração no crescimento, tendo em vista que o país permitiu o turismo regular após uma proibição de dois anos e meio. As empresas já responderam à perspectiva mais fraca com menos investimentos no exterior. No dia 20 de outubro, a Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD) afirmou que os investimentos que exigem a construção de novas instalações foram 10% menores nos primeiros nove meses do ano do que em 2021.

Esse declínio reflete os custos mais altos de empréstimos e a maior incerteza gerada em parte pela invasão da Ucrânia. As perspectivas sobre o investimento global transfronteiriço passaram de uma forte recuperação para uma trajetória descendente. Essa perspectiva pessimista provavelmente persistirá em 2023. Segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI), puxada pelos impactos da guerra na Ucrânia, a economia global deve enfrentar um período ainda mais desafiador em 2023 do que nos últimos anos, marcados pelo choque da pandemia de Covid-19 e os primeiros meses do conflito no Leste Europeu. O FMI está articulando com países e entidades parceiros um fundo para ajudar a Ucrânia a se sustentar em meio à invasão russa. No melhor dos cenários, o país precisará de US$ 3 bilhões por mês em 2023, podendo facilmente chegar em US$ 4 bilhões mensais. Em um cenário mais drástico, em especial no setor de energia, a Ucrânia pode precisar de até US$ 5 bilhões todos os meses a partir de janeiro. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.