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25/Out/2022

Crédito Rural: Banco do Brasil eleva desembolsos

O Banco do Brasil concedeu a produtores rurais, empresas do agronegócio e cooperativas R$ 72,2 bilhões entre 1º de julho (quando teve início a safra 2022/2023) e 18 de outubro. O montante é 37% superior ao liberado pelo banco em igual período do ano passado e representa quase a metade (47%) de todo o dinheiro emprestado pelo banco na safra 2021/2022, R$ 153 bilhões. Apesar de as margens de lucro dos agricultores terem diminuído em relação às das últimas safras, a perspectiva de demanda e de preços vem mantendo firme a procura por empréstimos, especialmente para custeio da safra. A expectativa era de que a safra 2022/2023 teria uma demanda aquecida por crédito e, de fato, veio surpreendentemente forte. Existe uma conjuntura muito favorável, seja pela questão climática nos Estados Unidos, pelo clima e o conflito no Leste Europeu e, além disso, o setor vinha de um período de represamento de recursos (entre fevereiro e junho as linhas do Plano Safra 2021/2022 ficaram congeladas por falta de recursos do Tesouro para equalizar taxas de juros).

O agro não vive mais de um momento bom, e sim de um sistema econômico forte, ancorado em tecnologia embarcada em todas as cadeias, mercados externos, competência dos produtores e uma rede de financiamento, na qual o Banco do Brasil tem papel preponderante. Dos R$ 72,2 bilhões liberados até o dia 18 de outubro, 66% ou R$ 47,7 bilhões foram destinados ao custeio da safra, montante 84% maior do que em igual período da temporada passada. Cerca de R$ 15 bilhões foram concedidos com taxas de juros mais baixas para pequenos e médios agricultores. No caso do Pronamp (programa focado em produtores de médio porte), o banco já liberou 100% dos R$ 6,2 bilhões previstos para empréstimos com taxas equalizadas pelo Tesouro, além de mais R$ 2,3 bilhões sem taxas subsidiadas, apenas controladas. As margens de lucro dos produtores rurais, ainda que inferiores às de safras anteriores, estão positivas, o que tem estimulado a aquisição de insumos para elevar a produção.

Altas dos produtos, especialmente fertilizantes, potencializadas pela invasão da Ucrânia pela Rússia em fevereiro, foram acompanhadas de valorizações das cotações de commodities agrícolas no mercado internacional, que já vinham sustentadas por estoques mundiais baixos e subiram mais com as incertezas sobre o fornecimento de grãos pela Ucrânia. Se a margem está positiva, ainda que menor, o agro decidiu produzir mais, dada a possibilidade no cenário mundial. Para investimentos, o Banco do Brasil liberou até o momento R$ 14,3 bilhões, 26% acima do concedido no intervalo correspondente de 2021. Destes, cerca de R$ 4,1 bilhões se destinaram a agricultores familiares por meio do programa Pronaf e R$ 904 milhões a produtores de médio porte, por meio do Pronamp. Além do que já foi liberado, o Banco do Brasil recebeu propostas, sob análise, que somam volume similar aos R$ 14,3 bilhões.

Com isso, o total de recursos para investimentos comprometido junto ao banco já se aproxima dos R$ 37,3 bilhões previstos para toda a safra 2022/2023. Há disponibilidade de recursos em todas as linhas para investimento. Outros R$ 3,4 bilhões foram desembolsados por meio de títulos do agronegócio. É destaque a ampliação do leque de produtos passíveis de emissão de Cédula de Produto Rural (CPR), cujo número alcança hoje 110, sendo 82 incluídos na última safra. Foi citada ainda a possibilidade de revendas de insumos e concessionárias de máquinas agrícolas, entre outros agentes da cadeia, poderem agora emitir CPRs, após regulamentação da Lei 14.421, de 20 de julho. O Banco do Brasil fez a primeira CPR lastreada em CBios (Créditos de Descarbonização) no fim de setembro, com uma agroindústria, no valor de R$ 25 milhões.

Tendo em vista a insuficiência dos recursos de linhas que possuem taxas de juros subsidiadas pelo governo federal, o Banco do Brasil vem disponibilizando mais recursos para investimentos, industrialização e custeio empresarial, na medida em que se apresenta a demanda. No início da safra, o banco fez um pacote de R$ 180 bilhões (entre linhas subsidiadas e outras linhas do Plano Safra) mais R$ 20 bilhões para a cadeia de valor, que vai alocando conforme a necessidade. Destes R$ 20 bilhões, R$ 3 bilhões, o Banco do Brasil vai liberar ao longo dos próximos meses por meio de sua linha própria, Investe Agro, destinada a financiar investimentos em diversas frentes (máquinas agrícolas, sistemas de irrigação, para cooperativas e outras finalidades). Abastecida com dinheiro captado por meio de Letras de Crédito do Agronegócio (LCAs) e por depósitos em poupança, ela possui taxas inferiores às taxas livres.

O dinheiro reforçará os R$ 10 bilhões que o Banco do Brasil já havia alocado para a Investe Agro no início da safra atual. O banco está colocando, além disso, mais R$ 1 bilhão para industrialização, com recursos que vêm de depósitos à vista e terão também taxas inferiores à média do mercado. No fim de agosto, tinha sido liberado R$ 1 bilhão nas mesmas condições, que já foi consumido por clientes do setor, além de outro R$ 1 bilhão, com dinheiro de tesouraria e taxas de mercado, ainda disponível. Com isso, são R$ 3 bilhões adicionais para a industrialização. A instituição financeira também aprovou mais R$ 7 bilhões para agroindústrias, bancados por recursos de tesouraria com taxas a partir de 11,5% ao ano (110% do CDI), e outros R$ 7 bilhões para custeio empresarial, que terão como fonte as LCAs e taxas de 12% a 13,75% ao ano.

Esse dinheiro também reforça os R$ 42 bilhões que foram ofertados pelo banco no começo da safra com taxas menores, ainda que sem subsídio ou teto estabelecido pelo governo. Compõem os R$ 42 bilhões, além dos R$ 10 bilhões da linha Investe Agro, mais R$ 25 bilhões para custeio empresarial com a LCA como fonte, e R$ 7 bilhões liberados por Cédulas de Produto Rural (CPR), com recursos de tesouraria e taxas livres. Os R$ 42 bilhões estão incluídos nos R$ 200 bilhões anunciados pelo Banco do Brasil para a safra 2022/2023. Além disso, o Banco do Brasil vem negociando com o Ministério da Agricultura e o Banco Central para obter recursos complementares para o Pronamp, programa voltado aos produtores de médio porte, além dos R$ 6,2 bilhões autorizados para o banco conceder com taxas de juros subsidiadas, que já foram totalmente liberados.

O banco solicitou R$ 11 bilhões para o Pronamp para a safra 2022/2023 e recebeu R$ 6,2 bilhões. Aí, colocou mais R$ 2,3 bilhões com recursos de depósito à vista (e taxa controlada) e está pedindo uma recomposição. Recebemos menos do que obtivemos na safra passada (2021/22), R$ 8,6 bilhões", detalhou o executivo. A questão não é recompor, mas a demanda, que é relevante. Os R$ 6,2 bilhões e os R$ 2,3 bilhões do banco já foram consumidos. Não foi informado qual o valor complementar vem sendo negociado com o governo nem a origem do dinheiro. Uma possibilidade seria remanejamento de outras linhas do Plano Safra. No início de agosto, o governo federal remanejou recursos de algumas linhas para fortalecer o Pronaf, programa focado na agricultura familiar. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.