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24/Out/2022

BB: captação de recursos externos para agronegócio

O Banco do Brasil (BB) estrutura uma nova fonte de captação de recursos no exterior para financiar o agronegócio, do qual é líder no País, com uma carteira de R$ 262 bilhões. O objetivo é criar uma linha permanente, com viés ESG, que compreende questões ambientais, sociais e de governança, com custo menor e que, aos poucos, poderia ajudar o setor a diminuir a dependência dos cofres públicos no Brasil. O tema foi levado pelo BB às conversas com bancos americanos e europeus e que ocorreram às margens das reuniões anuais do Fundo Monetário Internacional (FMI). A operação foi apresentada a mais de 20 instituições financeiras do exterior, que demonstraram interesse pelo modelo proposto. Atualmente, não há uma estrutura como essa. Estão disponíveis apenas emissões de dívida externa voltadas às empresas como, por exemplo, os chamados green bonds, no jargão do mercado. Na prática, o banco trabalha na estruturação de uma nova linha externa de captação de recursos por parte do BB para direcionar recursos de forma permanente ao setor de agronegócios no Brasil.

O modelo final ainda não está fechado, mas o conceito é parecido com o do mercado de securitização. A operação teria risco de crédito do BB e ativos de sua carteira dados como colateral, ou seja, em garantia, no intuito de dar mais segurança ao investidor, em troca de um custo menor. Além disso, a expectativa é conseguir uma espécie de prêmio, isto é, uma taxa final menor para a captação de recursos justamente por conta da adoção de práticas ESG por parte dos tomadores de crédito. O prazo previsto é de um ano, que é exatamente o ciclo máximo de operação do agronegócio no Brasil. Para viabilizar a nova fonte, porém, o BB terá de conseguir atrair investidores estrangeiros dispostos a receber menos. São eles quem devem financiar o agronegócio no País. No começo, talvez, os investidores não estejam tão abertos a dar um "prêmio alto", apesar do perfil ESG da operação, mas há um trabalho a ser feito para o mercado reconhecer as boas práticas em troca de uma nova e permanente fonte de recursos ao agronegócio. O objetivo é criar é uma opção de captação constante para o agronegócio, baseada em boas práticas ESG, com risco de crédito do BB, colateral e, com isso, conseguiremos um baixo spread.

Na safra 2022/2023, iniciada em julho último, o BB espera emprestar R$ 200 bilhões em crédito rural. Desses, em torno de R$ 47 bilhões equivalem a financiamentos com taxas equalizadas pelo governo federal. É justamente neste montante que o BB quer atuar. O banco pode começar com operações pequenas, de R$ 10 bilhões, R$ 30 bilhões, e um desconto menor à remuneração dos investidores, que poderia ser de 0,25 ou 0,50 ponto porcentual. Ao longo do tempo, esse "prêmio" ao agro responsável poderia crescer e viabilizar uma fonte de recursos que não seja dependente de taxas subsidiadas pelo Tesouro Nacional. Segundo o presidente do banco, se for possível alcançar esses objetivos, O Brasil trará a agricultura para o “lado bom da força". Os agricultores que estiverem usando boas práticas serão protagonistas e deixarão de ser vilões. Há excelentes práticas no segmento. O projeto estará pronto e vai ir adiante, independente do resultado das eleições. Isso porque em uma eventual vitória do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, é esperada a troca da equipe econômica, o que inclui o comando dos bancos públicos no Brasil. Mas, o BB vai deixar essa agenda pronta.

O importante é disponibilizar recursos públicos para financiar o setor de agronegócios. Se não for estruturada uma linha de captação de recursos alternativa, o agronegócio ficará sempre dependente do governo. Para o BB, o subsídio ao agro não tem de sair dos cofres do governo. O País tem boas práticas e quem tem de pagar a conta são os investidores estrangeiros, que cobram o País na questão ambiental. Em paralelo, o BB prepara uma parceria com o banco alemão KwF, também para obter recursos para uma agenda sustentável no País. Nesse sentido, uma primeira captação externa de 80 milhões de euros, cerca de R$ 400 milhões, já está sendo estruturada e visa a financiar projetos de recuperação de florestas no Brasil. A assinatura de um memorando de entendimento (MoU) ocorrerá na COP-27, maior palco para debates sobre as mudanças climáticas no mundo e que acontece no Egito, em novembro. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.