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10/Out/2022

Brasil perdendo área de floresta para agropecuária

De acordo com dados dos levantamentos Contas Econômicas Ambientais da Terra e Monitoramento da Cobertura e Uso da Terra do Brasil, ambos divulgados na sexta-feira (07/10), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as últimas duas décadas foram marcadas pelo avanço da fronteira agrícola e áreas de pastagens sobre as florestas e campos naturais brasileiros, como o Cerrado. Somados os desmatamentos florestais e vegetações campestres nativas, o Brasil perdeu 513,1 mil quilômetros quadrados dessas áreas verdes de 2000 a 2020, o equivalente a 6,0% do território do País, uma extensão do tamanho de quatro estados juntos: São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná e Sergipe. Apenas nos últimos dois anos investigados, em 2019 e 2020, foram perdidos 23.368 quilômetros quadrados de campos e florestas naturais, uma área maior que a do estado de Sergipe.

Foram desmatados 13.527 quilômetros quadrados de florestas em 2019 e 2020: 8.236 quilômetros quadrados viraram mosaico de ocupações em área florestal, ou seja, foram desmatados para fins diversos, enquanto outros 4.419 quilômetros quadrados viraram pastagem com manejo. A vegetação campestre, que inclui o Cerrado, perdeu 9.841 quilômetros quadrados nesses dois anos, quase toda a totalidade sendo destinada ao cultivo agrícola (3.994 quilômetros quadrados) e pastagens (4.419 quilômetros quadrados). Entre os anos de 2000 e 2020, 320,7 mil quilômetros quadrados de florestas foram derrubadas, uma redução de 7,9% nessa área de mata brasileira. O total desmatado equivale a um território quase do tamanho do Maranhão. As áreas de vegetação campestre, de espécies arbustivas como as savanas, encolheram 10,6% no período, 192,5 mil quilômetros quadrados a menos desses biomas, área referente ao dobro do território do estado de Santa Catarina.

Quem ganhou terreno no País foi a agricultura e a pecuária: a área agrícola cresceu 50,1% em duas décadas, 229,9 mil quilômetros quadrados a mais, enquanto as áreas de pastagens com manejo tiveram uma expansão de 27,9%, 247 mil quilômetros quadrados a mais. A silvicultura (florestas plantadas para abastecer a produção de celulose e madeira) cresceu 71,4%, 36 mil quilômetros quadrados a mais. Os dados regionais, que usam imagens de satélite, entre outras fontes, mostram que a Floresta Amazônica e o Cerrado foram os mais afetados pelo desmatamento. Geralmente a floresta é derrubada, é implantado o pasto com manejo, e depois que o pasto com manejo está mais estabilizado, vem a agricultura. Porque é um custo muito alto derrubar a floresta e colocar já a agricultura. Nesses 20 anos foi possível observar isso, essa dinâmica de conversão da vegetação nativa em pastagem, e da pastagem para a agricultura.

A retirada da floresta é mais custosa. Em outras regiões do Brasil, como nas áreas de Cerrado, a dinâmica se altera um pouco. Há substituição de vegetação nativa tanto para ocupação com pastagem quanto para ocupação direta da agricultura. Em duas décadas, as mudanças mais intensas na cobertura da terra ocorreram nas bordas da Amazônia e na região chamada MATOPIBA, formada por áreas majoritariamente de Cerrado nos estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, que vêm registrando expansão da agricultura. Entre 2000 e 2020, as áreas agrícolas tiveram crescimento de 2,8% no Maranhão, 4,4% no Tocantins, 3,8% no Piauí e 2,7% na Bahia. No entanto, no ano de 2020, as maiores extensões de áreas agrícolas estavam no Mato Grosso (124.784 quilômetros quadrados), São Paulo (102.913 quilômetros quadrados), Rio Grande do Sul (98.302 quilômetros quadrados), Paraná (72.152 quilômetros quadrados) e Goiás (68.359 quilômetros quadrados).

A área mais dinâmica de mudança de cobertura nas duas décadas pesquisadas correspondeu às bordas do bioma Amazônia, passando pelos estados de Rondônia, Mato Grosso e Pará, onde predominou o avanço das pastagens sobre a vegetação florestal. Essa expansão dos estoques de Pastagem com manejo revela uma tendência de migração da atividade agropecuária da Região Centro-Oeste para a Região Norte. Em 20 anos, o Pará foi a Unidade da Federação com a maior expansão de pastagem com manejo, 87,8 mil quilômetros quadrados a mais, enquanto sediava também a maior redução de vegetação natural, 123,2 mil quilômetros a menos. Os estados com as maiores extensões de pastagens em 2020 foram Mato Grosso (com 190.016 quilômetros quadrados), Pará (162.000 quilômetros quadrados), Goiás (151.588 quilômetros quadrados), Mato Grosso do Sul (147.635 quilômetros quadrados) e Minas Gerais (114.345 quilômetros quadrados).

É uma dinâmica econômica avançando sobre áreas naturais. Por isso a importância de observar mais as questões ambientais nesse foco da contabilidade nacional. Há um aumento nessa dinâmica agropecuária no País, mas a custa de perda. O Brasil está perdendo em área e vegetação. Houve também mudanças relevantes em duas décadas na cobertura da terra no sul do Rio Grande do Sul, e na faixa que se estende do Oeste Paulista ao leste de Mato Grosso do Sul e Goiás. Porém, em meio às áreas verdes degradadas, é possível constatar territórios que conseguiram resistir preservados. São exatamente as Unidades de Conservação ou terras indígenas. Lugares de preservação, áreas especiais. Nos mapas é possível apontar que essas áreas especiais efetivamente limitam essas ações e elas são espaços de manutenção da dinâmica ambiental.

Efetivamente mostra a importância dessas áreas especiais para a manutenção da biodiversidade e dos ecossistemas locais. O levantamento mostrou ainda que, entre 2018 e 2020, cerca de 0,8% do território brasileiro sofreu alguma mudança efetiva na cobertura e no uso da terra, o que equivale a cerca de 70 mil quilômetros quadrados. Além do extermínio de vegetação nativa para ampliação de pastagens e agricultura, foi detectado um avanço da mineração em áreas florestais desmatadas e uma redução de áreas úmidas no Pantanal, tendo a expansão da agropecuária local como uma das possíveis causas. Cidades e áreas de mineração ocuparam superfícies anteriormente cobertas, sobretudo, por Mosaico de ocupações em área florestal. Nas bordas do Bioma Pantanal, as Áreas úmidas apresentaram redução, o que pode estar relacionado à variação no regime da precipitação acrescido da expansão da atividade agropecuária na região. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.