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10/Out/2022

FMI: emergentes precisam investir em energia limpa

O Fundo Monetário Internacional (FMI) alerta, em estudo publicado na sexta-feira (07/10), que os mercados emergentes e as economias em desenvolvimento terão de investir ao menos US$ 1 trilhão em energia limpa por ano nas próximas duas décadas se quiserem almejar o status de carbono zero até 2050. Juntos, esses países respondem por dois terços das emissões globais de gases de efeito estufa, que são os principais responsáveis pelas mudanças climáticas. Como estão entre os que mais poluem, os países emergentes e em desenvolvimento, grupo que inclui o Brasil, têm um desafio maior que economias desenvolvidas para zerar ou, ao menos, neutralizar suas emissões. Essas economias precisarão de financiamento climático significativo nos próximos anos para reduzir suas emissões e se adaptar aos efeitos físicos das mudanças climáticas. Essa conta vai além da energia limpa e tem sido mensurada por diferentes organismos como um alerta para a urgência do tema.

Considerando outros setores, o investimento de mercados emergentes e economias em desenvolvimento terá de ser de ao menos US$ 3 trilhões e US$ 6 trilhões por ano até 2050 para mitigar os efeitos das mudanças climáticas e reduzir substancialmente suas emissões. Para além, o FMI calcula a necessidade de US$ 140 bilhões a US$ 300 bilhões por ano até 2030 para que esses países se adaptem às consequências físicas das mudanças climáticas. Isso pode aumentar drasticamente para entre US$ 520 bilhões e US$ 1,75 trilhão anualmente após 2050, dependendo da eficácia das medidas de mitigação climática. Financiamento privado é a questão chave para mercados emergentes e economias em desenvolvimento para alcançar tais objetivos, rumo a uma sociedade carbono zero. Isso porque os governos estão com seus orçamentos esticados após o estímulo fiscal feito para atenuar a crise da Covid-19, e, além disso, as condições para empréstimos soberanos estão mais apertadas.

No ano passado, o financiamento privado sustentável em mercados emergentes e economias em desenvolvimento atingiu um recorde de US$ 250 bilhões. Mas, o financiamento privado deve pelo menos dobrar até 2030. O mercado de finanças sustentáveis em países emergentes está se desenvolvendo rapidamente, principalmente, na Ásia, mas o impacto não é claro, com a região em desvantagem frente a outros mercados. Nesse sentido, há desafios significativos enfrentados pelo segmento como, por exemplo, a escassez de projetos verdes, e a ausência de um banco de dados eficiente. Ao mesmo tempo, o investimento em combustível fóssil continua elevado. Apesar dos desafios, há várias oportunidades de ampliar o financiamento climático privado. O organismo cita instrumentos como fundos de títulos verdes com focos em mercados emergentes, o que poderia atrair mais investidores institucionais, ou títulos de dívida como os chamados “sustainability-linked bonds”, que embutem metas de resultados sustentáveis para os emissores.

É crucial o maior envolvimento de bancos multilaterais de desenvolvimento. Atualmente, apenas 1,8% das operações dessas instituições são destinadas ao financiamento climático em mercados emergentes e economias em desenvolvimento. O FMI está atuando por meio de empréstimos para suportar os países no desafio às mudanças climáticas. Atualmente, o Fundo suporta dois programas, no valor de US$ 40 bilhões para Barbados e Costa Rica. Além disso, também tem trabalhado do lado de informações uma vez que a ausência de um banco de dados eficientes é um dos entraves ao financiamento climático. O estudo faz parte do capítulo dois do relatório de Perspectivas Econômicas Mundiais, que será publicado nesta semana, durante a reunião anual do FMI, em Washington (EUA). O documento deve trazer as projeções atualizadas do organismo para o PIB global e as principais economias, incluindo o Brasil.

A adoção de uma "linguagem comum" para classificar as atividades de acordo com seu impacto climático, ou seja, o desenvolvimento de uma taxonomia, é crucial para impulsionar o financiamento climático privado em mercados emergentes e economias em desenvolvimento. Iniciativas positivas no Chile no Uruguai são exemplos de como o tema pode avançar na região, cujo desafio é maior frente a países desenvolvidos, uma vez que responde pela maior parte das emissões de gases de efeito estuda, principal causadores das mudanças climáticas. A questão chave para que os investimentos se materializem é o financiamento privado. Foi possível atingir um recorde de US$ 250 bilhões em financiamento privado sustentável em mercados emergentes e economias em desenvolvimento. Dentre os principais motores para o financiamento climático privado em mercados emergentes, está a adoção de uma taxonomia.

Para além da região, ainda a importância de se padronizar as discussões sobre o tema ao redor do globo. É preciso que haja uma linguagem comum, de um banco de dados com qualidade e que seja creditível. A transparência é muito importante. Para o BID Invest, braço do setor privado do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), a taxonomia é crucial para que emergentes avancem no financiamento de instrumentos que suportem a transição energética e reduzam o impacto do clima. Um bom exemplo de iniciativa nesta direção é o Chile, onde bancos e associações trabalharam para criar uma linguagem comum e estimular uma economia mais verde. A International Finance Corporation (IFC), braço financeiro do Banco Mundial, enfatizou a importância do envolvimento de diferentes agentes neste processo.

Todos têm de estar envolvidos na agenda climática, o setor privado, governos, investidores, bancos centrais, fundos de pensão. Outro exemplo bem-sucedido na região foi uma emissão recente de bônus verdes do Uruguai. O modelo da operação é inédito uma vez que embute ao país o cumprimento de metas ambientais, no jargão do mercado, os chamados "sustainability-linked bonds". Os recursos captados não irão para uma finalidade específica, mas para várias ações e a uma taxa de juros variável, que dependerá de o Uruguai cumprir as metas verdes que assumiu, como o compromisso firmado no âmbito do Acordo de Paris. Até agora, somente Luxemburgo tinha emitido um título com tais características. É uma estrutura inovadora, única e que pode ser replicada por vários países. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.