ANÁLISES

AGRO


SOJA


MILHO


ARROZ


ALGODÃO


TRIGO


FEIJÃO


CANA


CAFÉ


CARNES


FLV


INSUMOS

06/Out/2022

Custos da demora para transição energética global

Segundo alerta o Fundo Monetário Internacional (FMI), em relatório publicado nesta quarta-feira (05/10), décadas de procrastinação transformaram o que poderia ter sido uma "transição suave" para uma sociedade mais neutra em carbono em um processo que provavelmente será mais desafiador. Os custos macroeconômicos globais da transição energética, mensurados em termos de perda de produção e inflação mais alta, podem, como consequência desse atraso, dobrar até 2030 e devem pesar, sobretudo, para os países emergentes. O crescimento mundial pode ser menor de 0,15% a 0,25% ao ano até 2030 a depender do ritmo da adoção de medidas pelos países para mitigar os impactos das mudanças climáticas, com a transição para energias limpas no lugar do uso de combustíveis fósseis. Por sua vez, a inflação, que tem desafiado os bancos centrais na esteira da Covid-19 e da guerra na Ucrânia, pode ser de 0,1% a 0,4% maior ao ano.

Embora ainda administráveis, os custos macroeconômicos da transição energética, medidos em termos de perda de produção e inflação mais alta, devem ser cerca de duas vezes maiores e dependerão crucialmente do desenho das políticas adotadas pelos países. No caso de China, Europa e Estados Unidos, o FMI prevê custos menores de crescimento do PIB, na faixa entre 0,05% e 0,20% ao ano até 2030. No entanto, países emergentes e exportadores de combustíveis fósseis devem arcar com um impacto macroeconômico maior. Não surpreendentemente, os custos serão mais altos para os exportadores de combustíveis fósseis e economias de mercado emergentes intensivas em energia, que, no geral, impulsionam os resultados para o resto do mundo. É preciso uma maior cooperação entre os países, sobretudo, aqueles de baixa renda.

Para mensurar os efeitos globais da transição energética, o estudo dividiu os países em quatro regiões: China, Zona do Euro, Estados Unidos e um bloco que representa o resto do mundo. Nesse cenário, considera-se que cada região adotaria um pacote de medidas visando uma sociedade mais neutra em carbono, como, por exemplo, impostos sobre gases de efeito estufa, principais responsáveis pelas mudanças climáticas e que seriam elevados gradualmente para alcançar uma redução de 25% nas emissões até 2030, subsídios para tecnologias de baixa emissão, dentre outros. Se os países adotarem medidas para uma sociedade de energia renovável imediatamente e nos próximos oito anos, o custo macroeconômico será menor. Porém, se o cenário atual se estender, com a transição energética sendo adiada, o impacto será muito maior. Até o final da década, a economia global precisa emitir 25% menos gases de efeito estufa do que em 2022 para ter uma chance de alcançar as metas estabelecidas em Paris em 2015 e evitar perturbações climáticas catastróficas.

As políticas climáticas não devem complicar o trabalho dos bancos centrais e potencialmente alimentar espirais de preços e salários no atual ambiente de elevada inflação. A política monetária terá de se adaptar para garantir que as expectativas de inflação permaneçam ancoradas. E vai além. Os custos são pequenos e muito mais fáceis para os bancos centrais lidarem do que os choques de oferta típicos que causam um aumento repentino nos preços de energia. Os custos seriam muito maiores se a política monetária perdesse credibilidade, uma preocupação no atual ambiente de alta inflação. O estudo é o capítulo três do relatório de Perspectivas Econômicas Mundiais, que será divulgado na próxima semana, durante a reunião anual do FMI, em Washington (EUA). O documento deve trazer as projeções atualizadas do organismo para o PIB global e as principais economias, incluindo o Brasil. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.