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04/Out/2022

Mercado de Carbono: oportunidades para empresas

Um grupo de empresas começou a se preparar para um mercado que promete ser bilionário no Brasil: o crédito voluntário de carbono, que é aquele em que não existe uma obrigação na lei. Estudo da consultoria McKinsey aponta que o Brasil pode dominar 15% desse setor até o fim da década. A consultoria aponta que, apenas no País, esse mercado pode movimentar cerca de US$ 2 bilhões, ou mais de R$ 10 bilhões, já em 2030. No entanto, atingir esse potencial depende do aumento da oferta de crédito de carbono no mercado, algo que precisa ser corrigido se o Brasil não quiser perder a oportunidade. A McKinsey afirma que o setor precisa crescer muito: a geração de créditos para compensação de emissões teria de crescer dez vezes em relação ao que está disponível atualmente. De olho nesse potencial, pesos-pesados do País se uniram para aproveitar essa oportunidade de receita.

Nesse grupo está um heterogêneo conjunto de empresas, dos mais diversos setores, como indústria, cosméticos, agronegócio e commodities: Amaggi, Auren, B3, Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Companhia Brasileira de Alumínio (CBA), Dow, Natura, Raízen, Vale e Votorantim. Segundo a McKinsey, o Brasil pode acelerar a venda de créditos de carbono tanto por meio de soluções naturais, como a preservação da floresta, quanto por ações de reflorestamento e de implantação de sistemas florestais em áreas degradadas. Outra possibilidade são as iniciativas para evitar a emissão de gases que contribuem para o efeito estufa. A movimentação do mercado de carbono tem como mola propulsora o cumprimento da meta global, estabelecida no Acordo de Paris, em 2015, de que a temperatura do planeta aumente no máximo em 1,5ºC até 2050.

A McKinsey está criando mecanismos para destravar esse mercado. O estudo da McKinsey também aponta que a troca de créditos de carbono precisa se tornar um mercado estruturado. Isso quer dizer que será necessário desenvolver instrumentos financeiros para compra e venda de créditos, além de sanar dúvidas sobre a tributação e a governança, uma vez que se trata de um segmento que não estará atrelado a metas governamentais. Outro ponto seria uma revisão de questões regulatórias que dificultam ou impedem o desenvolvimento de projetos. Entre as necessidades está uma melhoria na regulação do Cadastro Ambiental Rural, para eliminar dúvidas sobre a propriedade de terras. A demanda por créditos de carbono voluntários está crescendo à medida que a agenda ESG (ações ambientais, sociais e de governança) ganha força nas empresas.

Mas, o setor esbarra no fato de a oferta de crédito de carbono ainda ser muito baixa, o que infla os preços, prejudicando o crescimento dessas iniciativas. O Brasil está perdendo empregos, renda e PIB. Além do Brasil, outro peso-pesado do mercado de carbono deverá ser a Indonésia, país tem um potencial de abocanhar outros 15% desse setor. Grandes economias como Estados Unidos e China têm potencial bem menor: suas participações deverão ficar entre 2% e 3%. O Rabobank afirma que ter um valor tangível facilita a conversa com produtores rurais, que são o foco da instituição financeira na hora de gerar créditos. Esse é um gatilho, especialmente para o produto rural que está acostumado a atuar num mercado muito tangível.

Além da experiência com o tema sustentabilidade, o Rabobank tem na sua prateleira a opção aos clientes de "empréstimo verde", o que poderá auxiliá-los na jornada de "produzir" crédito de carbono, tanto para compensação própria quanto para a venda no mercado. O produtor rural tem terra, um ativo que vai muito além da produção de alimentos. Para a CBA, fabricante de alumínio do grupo Votorantim, a iniciativa reflete também a meta da empresa de ser carbono neutra até 2050. A companhia já utiliza energia gerada a partir de fontes 100% renováveis, além de ter um projeto de reflorestamento para gerar créditos de carbono. Para compensar toda a sua pegada de carbono até 2050, porém, a CBA precisará comprar créditos de fontes externas, diante do impacto de sua atividade, precisará completar uma fatia de 10% de sua meta. Esse é um problema que só se resolve com multidisciplinaridade. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.