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04/Out/2022

Agronegócio apoiará Bolsonaro no segundo turno

O legado da ministra Tereza Cristina, especialmente na frente de aberturas de mercado e no relacionamento próximo ao setor, e o receio da retomada do Movimento Rural Sem Terra (MST) mantêm o agronegócio alinhado ao presidente Jair Bolsonaro (PL) no segundo turno. Nos últimos dias, lideranças do setor produtivo sinalizaram aproximação com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), mas a adesão continua majoritária à candidatura de Bolsonaro. Com a eleição indo para segundo turno, a polarização tende a ficar ainda mais acirrada e o agro embarcar, cada vez mais, na campanha de Bolsonaro. É muito difícil algum encaminhamento do agro para Lula. Foi incrível a força do bolsonarismo. Algumas falas equivocadas de Lula no primeiro turno prejudicam uma eventual aproximação. O clima de insegurança jurídica e o fantasma do MST criados pelo Bolsonaro limitam a avaliação do setor à posição ideológica das candidaturas e não programática.

Não há desagrado do agro às propostas de governo de Lula. Pelo contrário, a maioria delas atende demandas do setor e trazem a visão de futuro e resposta aos problemas mundiais de insegurança alimentar e energética que afligem o setor. Há pontos sensíveis como a ampliação da demarcação de terras indígenas e a reivindicação de Lula de desmatamento líquido zero. Se o setor fosse olhar apenas o programa de governo, logicamente o candidato do agro seria o Lula, mas o setor resolveu olhar, além de mercado e negócios, para a pauta de comportamento e ideológica. Até o momento, a aproximação do agro com Lula tem sido pontual e pragmática. A leitura do setor é não ficar sem portas abertas em eventual governo e, por isso, algumas lideranças buscam criar uma ponte por meio dos parlamentares ligados à campanha petista. Ex-ministro da Agricultura e deputado federal, Neri Geller (PP-MT), senador licenciado Carlos Fávaro (PSD-MT) e o empresário de sementes de soja Carlos Augustin compõe o núcleo de articulação da campanha petista com o agronegócio na Região Centro-Oeste.

Recentemente, representantes do setor tem se comunicado com Geller e Fávaro com menções de união e restringindo notas de repúdio e rechaço de suas entidades a Lula. A movimentação partiu de entidades ligadas a produtores de sementes, de algodão e de genética animal. Os dois principais pontos de convergência apontados pelo setor ao histórico e proposta de governo de Lula são a redução das taxas de juros para financiamentos rurais e o fomento de programas ambientais para recuperação de pastagens degradadas e ampliação do sistema Integração-Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF). Os juros atuais estão em dois dígitos contra juros de 2,5% a 3% da gestão de Lula. A postura de Bolsonaro quanto à China também é delicada para o setor. Além disso, os ministros dos governos petistas foram muito bons para o agronegócio. Representantes do setor produtivo avaliam que há uma parte do setor que optou pelo voto indiferente em Simone Tebet (MDB) porque não concorda com a prática comercial e ambiental de Bolsonaro, busca garantir interlocução com Lula para não ficar de fora do governo e pode aderir à campanha petista neste segundo turno.

Essa parcela, na sua maioria, é formada por agroindustriais e exportadores, com os produtores rurais se mantendo firmes com o atual chefe do Executivo. O Instituto Pensar Agro (IPA) afirmou que o agronegócio não pode se furtar de sentar com qualquer presidente que for eleito. Primeiro, é preciso esperar o resultado do segundo turno. O agro tem que sentar com qualquer presidente que estiver no País porque há muitas questões para serem discutidas: logística, aberturas de mercado, comércio internacional. Hoje, o agro não é apenas um poder econômico. É uma entidade organizada. A preocupação do agro é que o País vá bem em qualquer situação. Os resultados do primeiro turno se aproximaram do que mostravam as pesquisas. Os Estados produtores acabaram reforçando o resultado de Bolsonaro. Onde o agro não é tão forte continua o mapa como sempre foi, mas Lula virou na frente com 5 milhões de votos. Agora, é aguardar e esperar o segundo turno.

Como assuntos prioritários para o agro no próximo governo pode-se citar: a segurança jurídica da legislação, o direito à propriedade, o licenciamento ambiental que "trava" avanços logísticos, medidas para frear o elevado custo de produção do agro e alterações na política de crédito do Brasil. São temas que podem ser melhorados. A busca é por uma nova política para ter crédito de fato e com acesso mais barato. O Conselho do Agronegócio da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) afirmou ter convicção e segurança de que a associação, juntamente com outras entidades do setor, influenciará a escolha do próximo ministro da Agricultura, independentemente de quem vencer as eleições presidenciais no segundo turno. Um ponto relevante para o ACSP, criado neste ano para atuar em pautas de interesse comum a empresas do comércio que dependem de produtos do agronegócio, é que o Ministério da Agricultura continue tendo um "gabarito especial".

Se Lula for eleito, a entidade defende que o ministro da Agricultura não pode ser ministro de um partido apenas ou de uma política. O empresariado não tem partido, se adapta ao governo que chega, mas não aceitará que volte a ser um Ministério de segunda categoria. Há 20 anos, o Brasil era importador de vários produtos, mas hoje é exportador e a agricultura é o principal segmento da economia. A entidade pretende reforçar junto aos dois candidatos à Presidência, nas próximas semanas, pautas prioritárias para o Conselho do Agro da ACSP, como investimentos imediatos em infraestrutura, incluindo portos e estradas, a criação de incentivos para instalação no Brasil de empresas de fertilizantes e até financiamento de empresas com minas fora do País, e ações que deem tranquilidade a investidores estrangeiros. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.