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03/Out/2022

Dólar fechou praticamente estável antes da eleição

No último pregão antes do primeiro turno da eleição presidencial, na sexta-feira (30/09), especulações em torno da condução da política econômica a partir de 2023 agitaram o mercado doméstico de câmbio. Notícia da revista "Veja" dando conta de que o ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles é nome certo na equipe econômica de um eventual governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez o Real encontrar forças para se descolar da tendência de depreciação de divisas emergentes e de países exportadores de commodities. Após muita volatilidade, em meio à assimilação de dados da economia norte-americana e à disputa técnica pela formação da taxa Ptax, o dólar operava acima de R$ 5,41, quando a informação sobre Meirelles começou a circular nas mesas de operação. Foi a senha para uma onda vendedora que levou rapidamente a moeda a perder cerca de R$ 0,09 e descer até a mínima de R$ 5,32 (-1,23%), em sintonia com a aceleração dos ganhos do Ibovespa, que superou os 110 mil pontos.

Henrique Meirelles negou que já tenha sido convidado para assumir o Ministério da Fazenda em novo governo Lula, caso o petista vença o pleito. Segundo ele, não houve conversas ainda. Além do pregão de sexta-feira (30/09), o Real também havia se descolado do mau humor externo no dia 19 de setembro, justamente quando Meirelles declarou seu apoio formal a Lula em evento. Com o aprofundamento das perdas das bolsas norte-americanas e a negativa de Meirelles, o dólar foi se afastando das mínimas e chegou a tocar pontualmente terreno positivo. No fim da sessão estava cotado a R$ 5,39, com variação de apenas -0,02%. Assim, a divisa acumulou alta de 2,78% na semana passada e de 3,71% em setembro. No ano, porém, o dólar ainda recua 3,25%, o que faz do Real, ao lado do peso mexicano, o principal destaque entre as divisas globais em um período marcado por fortalecimento generalizado da moeda norte-americana.

Segundo o Banco Ourinvest, a cautela com as eleições e o fechamento do mês, com a disputa da Ptax, trouxeram mais volatilidade para o câmbio (referência a formação da última taxa Ptax de setembro e do terceiro trimestre, que vai servir para liquidação de contratos derivativos e confecção de balanços corporativos). A Nexgen Capital também viu grande influência técnica sobre a dinâmica da taxa de câmbio, sobretudo até a formação da Ptax, no início da tarde de sexta-feira (30/09). Em seguida, o mercado aproveitou a notícia sobre Meirelles para vender dólares, apoiado na perspectiva de menor risco fiscal, já que o ex-ministro é conhecido defensor do controle das contas públicas. Mas, o comportamento do dólar na semana passada esteve muito mais ligado a fatores externos, como a expectativa para novas altas da taxa de juros nos Estados Unidos. Segundo o C6 Bank, houve um efeito positivo em torno do nome de Meirelles, que já havia acontecido antes quando ele declarou apoio formal à Lula, ressaltando que a moeda norte-americana subiu contra a maioria das divisas na sexta-feira (30/09), em especial a de exportadores de commodities.

Além da disputa em torno da taxa Ptax, o mercado assimilou dados da economia norte-americana e as expectativas para a extensão do aperto monetário nos Estados Unidos. Medida de inflação preferida pelo Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), o índice de preços de gastos com consumo (PCE) subiu 0,3% em agosto ante julho. O núcleo, que exclui itens voláteis como alimentos e energia, avançou 0,6%, acima do esperado (0,5%). Na comparação anual, o PCE subiu 6,2% em agosto e seu núcleo aumentou 4,9%. Os gastos do consumo subiram 0,4% em agosto, superando as expectativas (0,3%). O PCE mostrou que a inflação continua pressionada. Os dirigentes do Fed têm mantido a posição de que vão subir os juros até o nível necessário para controlar a inflação. A taxa terminal do ciclo de aperto pode ficar próxima de 5% ou até acima disso. Há temor de recessão nos Estados Unidos. No exterior, o índice DXY (que mede o desempenho do dólar frente a uma cesta de seis divisas fortes) operou entre leve queda e estabilidade dia, em nova rodada de recuperação da libra. Mesmo assim, o DXY segue em níveis elevados, ao redor dos 112,000 pontos. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.