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28/Set/2022

América Latina e Caribe: financiamentos climáticos

Ministros de Agricultura de mais de 30 países das Américas reunidos na Costa Rica ouviram representantes de organismos multilaterais de crédito e de fundos globais de financiamento que detalharam as oportunidades existentes para o desenvolvimento de projetos vinculados à mitigação e adaptação à mudança do clima no setor agrícola. O intercâmbio ocorreu em uma reunião organizada pelo Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA) em São José, Costa Rica, com o objetivo de acordar uma posição convergente do setor agropecuário da região para a próxima Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP-27), que acontecerá no Egito, em novembro. Foi detalhado o funcionamento do maior fundo multilateral de mudança do clima no mundo. O GCF foi estabelecido pela Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima e reconhecido como um dos mecanismos de financiamento do Acordo de Paris.

O IICA ressaltou que apoia os países em desenvolvimento em sua transição para economias baixas em emissões de gases de efeito estufa e resilientes ao clima. A atuação é onde o setor privado não pode ir, e a visão é de alto risco e longo prazo. O IICA é uma das entidades credenciadas para ter acesso a seus projetos. O GFC tem financiado projetos de US$ 10,8 bilhões, mas que conseguiu mobilizar US$ 30 bilhões de outras entidades, de modo que o portfólio total chega a US$ 40,2 bilhões. O Fundo representa 2% ou 3% do financiamento total existente no mundo para a mudança do clima. Dos projetos, 49% se referem à adaptação e 51% à mitigação, de modo que estamos muito perto de alcançar o objetivo de chegar a um equilíbrio nesse sentido. Estão financiados 70 projetos a US$ 1,1 bilhões relacionados à agricultura em temas como agroecologia, diminuição de metano nos cultivos de arroz, pecuária resiliente a baixas emissões de carbono e redução da perda em desperdícios de alimentos.

O Fundo Mundial para o Meio Ambiente (GEF) acolheu a convocação do IICA para discutir uma posição do setor agrícola das Américas para a COP-27. O tema ambiental é hoje transversal, e as convenções ambientais não são propriedade exclusiva dos ministérios de Ambiente. O GEF (nascido na Cúpula da Terra do Rio de Janeiro de 1992) canalizou US$ 121 bilhões nos últimos 30 anos em prol de 163 países em desenvolvimento. O problema da mudança do clima e o de perda da biodiversidade são dois lados da mesma moeda, pois ambos são produtos de um modelo de consumo irracional que aspira a um crescimento limitado, sem conhecer os limites planetários. Embora o trabalho tenha se concentrado sobretudo com os ministérios de Ambiente, os fundos do GEF estão disponíveis para os ministérios da Agricultura. Hoje, a produção e a conservação não competem. Os ministérios da Agricultura trabalham com biodiversidade domesticada, e os de Ambiente, com biodiversidade silvestre, ambos com os mesmos atores econômicos e sociais e com as mesmas paisagens.

O CAF-Banco de Desenvolvimento da América Latina revelou que recentemente alcançou, por consenso de sua assembleia de acionistas, um aumento de capital de US$ 7 bilhões, o maior de sua história. O objetivo é ser o banco verde da América Latina. Isso significa que 40% dos projetos devem se destinar a questões vinculadas à mudança do clima. Considerando que todos os países da região têm se comprometido a reduzir suas emissões de gases de efeito estufa, o CAF tem a iniciativa de criar um mercado latino-americano de carbono, no qual o setor agroalimentar desempenhará um papel preponderante, uma vez que pode passar de emissor líquido a capturador líquido dos gases que geram a mudança do clima. Segundo a Parceria Global por um Planeta Sustentável, fala-se muito do ambiente e do clima, mas pouco é feito. É preciso acordar para o desafio da mudança do clima. Ninguém virá nos salvar; devemos salvar a nós mesmos com a imaginação e a inovação.

É importante que os países apelem ao financiamento privado para a ação climática. Não há US$ 100 bilhões por ano para a mudança do clima, uma referência ao valor comprometido pelos países desenvolvidos no Acordo de Paris. Neste sentido, é preciso trabalhar com o setor privado e desenvolver parcerias para alcançar resultados. A Pegasus Capital Advisors manifestou seu interesse em financiar projetos relacionados à transformação da agricultura dos Estados membros do IICA. A agricultura é central porque não está relacionada apenas à alimentação, mas também à saúde e à economia. Entre os projetos vinculados à agricultura que a Pegasus está financiando nas Américas, foi mencionada a produção orgânica da banana, a redução de emissões de gases de efeito estufa da pecuária e a fabricação de fertilizantes a base de algas. Fonte: IICA. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.