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27/Set/2022

Eleições 2022: PT fazendo campanha por “voto útil”

Em franca ofensiva para tentar liquidar a eleição em primeiro turno, petistas e aliados explicitaram no sábado (24/09) o esforço final da campanha à Presidência de Luiz Inácio Lula da Silva para tentar liquidar a eleição em primeiro turno e impor uma forte derrota ao presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição. Durante comício em São Paulo (SP), o candidato a vice-presidente na chapa petista, Geraldo Alckmin (PSB), mostrou confiança de que Lula vencerá no dia 2 de outubro. O candidato do PT ao governo de São Paulo, Fernando Haddad, pediu empenho dos militantes na reta final. Após anos de rompimento com o PT, a ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva (Rede), que endossou a campanha de Lula, disse que a eleição do petista ao Palácio do Planalto é “em legítima defesa da democracia, da Amazônia, do povo pobre, do povo preto”. Mas, apesar de as pesquisas de intenção de voto indicarem um eleitorado majoritariamente decidido, analistas indicam fatores às vésperas das eleições que podem mudar o cenário em 2 de outubro.

Um deles é a abstenção, que pode ser facilitada neste ano pela possibilidade de justificativa por aplicativo. Há, ainda, o voto útil dos que defendem encerrar a disputa no primeiro turno, o chamado "voto envergonhado" (não revelado nas pesquisas), e o percentual de indecisos. Baixo nos levantamentos estimulados (quando o pesquisador apresenta uma lista dos candidatos ao entrevistado), o índice de indecisos varia de 11% a 28% nas pesquisas espontâneas, aquelas em que os nomes dos candidatos não são apresentados ao eleitor durante a entrevista. Segundo a Fundação Getúlio Vargas (FGV), a taxa de indecisos pode ser maior do que aparece nas pesquisas. Alguns querem esperar até o fim para se informar mais e tomar uma decisão, muitos podem ir para Simone Tebet (MDB) ou Ciro Gomes (PDT), outros querem decidir se vão votar no Lula (PT), como voto útil. O voto é uma combinação de fatores sociais e econômicos, além de valores.

Bolsonaro estacionou porque a economia está melhorando, mas o bem-estar social não está. A abstenção também pode influenciar no resultado final da votação. O índice cresceu de 16%, em 2006, para 20,3% em 2018. Foram quase 30 milhões de pessoas que deixaram de votar naquela eleição. Para analistas, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pode ser o mais prejudicado com eventual alta de faltantes, mas ela também afetaria a votação de Jair Bolsonaro (PL), que tenta a reeleição. As classes D e E (cuja maioria declara voto em Lula) tendem a votar menos, assim como os idosos (maioria declara voto em Bolsonaro). Dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) mostram que, em 2018, o grupo com maior índice de abstenção foi o de analfabetos com mais de 60 anos (superior a 50%). Por outro lado, houve neste ano recorde de jovens abaixo dos 18 anos que tiraram título de eleitor (2 milhões). O Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas (Ipespe) apontou o que chama de "voto errático", decidido nos últimos dias, como mais um fator de surpresa.

Tem aquele eleitor que vê a pesquisa da véspera e vota em quem está liderando. E o que decide votar no azarão, que não tem nenhuma chance de vencer. Em 2018, 10% dos votos que as pesquisas indicavam ir para outros candidatos migraram para Fernando Haddad (PT) ou Jair Bolsonaro (então no PSL) no último dia da disputa. Para a Quaest, a trajetória da mudança de intenção de voto dos eleitores é evidente. As pessoas são capazes de mudar sua intenção de voto dependendo da dinâmica do sistema eleitoral. Aconteceu em 2018. A avaliação é de que isso tende a acontecer em 2022. Não é desprezível o efeito que a gente pode ter de voto útil. O mais recente levantamento do Datafolha mostrou que 11% admitem mudar de voto para que a eleição presidencial acabe no primeiro turno. No Ipespe, 68% também disseram que preferem que termine no dia 2 de outubro. Intercalam-se aos indecisos e erráticos os que podem fazer um "voto envergonhado". E, segundo analistas, dentre eles, os mais presentes seriam os evangélicos.

Segundo o Observatório Evangélico, o voto envergonhado evangélico é uma realidade. Criou-se um meio em que quem fala que vai votar no Lula sofre uma represália social. A campanha de Bolsonaro aposta que exista também uma parcela de voto envergonhado para ele nos segmentos mais pobres. E o mesmo ocorreria em sentido inverso, nas faixas de maior renda, pró-Lula. O tema mais frequente nas preocupações do eleitorado é a economia, mostram as últimas rodadas das pesquisas. Para o Instituto Locomotiva, o grupo de eleitores que recebe de dois a cinco salários-mínimos é um dos mais afetados pela flutuação do desempenho da economia. Historicamente, esses eleitores têm potencial de definir a eleição, por ser um segmento em disputa. É o que acontece nesse pleito. Enquanto Lula avança entre os mais pobres e Bolsonaro entre os mais ricos, a classe C é disputada voto a voto. No Ipec, presidente e ex-presidente já assumiram a liderança mais de uma vez na série histórica, o que pode resultar em surpresas no dia 2 de outubro. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.