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27/Set/2022

Brasil: aperto monetário global limita crescimento

O movimento de alta de juros nas principais economias do mundo deve se transformar em mais um entrave para o desempenho da atividade econômica do Brasil. O aperto monetário em andamento tem potencial para provocar uma desaceleração global e pode empurrar a economia brasileira para um desempenho ainda mais pífio no ano que vem. Hoje, as previsões de crescimento estão próximas de 0,5%. A atuação mais dura dos bancos centrais aumenta a pressão sobre o rumo das contas públicas do País. Com um cenário de inflação elevada disseminada pela economia global, a lista de bancos centrais que subiu os juros é extensa, das grandes economias, apenas a China e o Japão não integram esse grupo. No dia 21 de setembro, o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) promoveu mais uma alta das taxas de juros em 0,75%.

No dia 22 de setembro, foi a vez do Banco da Inglaterra (BoE) subir os juros em 0,50%. Há duas semanas, o aperto monetário veio da Banco Central Europeu. Segundo a consultoria Tendências, há uma particularidade nesse momento: a inflação é global. É necessário que os principais banco centrais tomem as rédeas da alta de preços e subam os juros. É um aperto global não visto há muitos anos. No Brasil, o Comitê de Política Monetária (Copom) manteve a Selic em 13,75%, interrompendo o maior ciclo de aperto monetário em 23 anos. Na prática, juros mais altos encarecem o crédito das famílias e o investimento das empresas, prejudicando o desempenho da economia. Com vários países endurecendo a política monetária, o mundo tende a crescer menos, com impactos sobre o comércio global, levando, por exemplo, a uma queda dos preços das commodities. O Brasil é um grande exportador de minério de ferro e soja, e, portanto, é afetando quando os preços desses itens recuam.

Segundo a Kairós Capital, um PIB global mais baixo no ano que vem é ruim para as exportações brasileiras. Hoje, a projeção de crescimento é de 0,7%, 0,8% para o Brasil em 2023. A desaceleração da economia global acaba reduzindo as exportações do País. O cenário de aperto global ainda deve fazer com que os investidores se debrucem de forma mais criteriosa sobre o rumo das contas públicas do País. Há uma dúvida sobre qual será o futuro do teto de gastos, considerada a principal âncora fiscal, e como o próximo governo vai lidar com as pressões de aumento de gastos, em especial com a manutenção do valor de R$ 600,00 para o Auxílio Brasil. Ao subir os juros, os países mais avançados tiram a atratividade das economias consideradas emergentes, como a brasileira, porque são considerados mais seguros para investir. Com um retorno melhor no exterior, os investidores devem olhar com mais detalhes os fundamentos econômicos dos países com potencial para receber algum tipo de recurso.

Segundo a Órama Investimentos, é um mundo muito complexo e o dinheiro tem de ir para algum lugar. Isso faz aparecer algumas janelas de oportunidade. Mas, quem ganhar a eleição precisa fazer o dever de casa, que é consertar o fiscal. O problema é não fazer o dever de casa. Nesse cenário, o juro ficaria alto por muito mais tempo, e o crescimento seria prejudicado. A gestão das contas públicas se tornou o principal nó da gestão macroeconômica do Brasil. A União acumula déficits primários desde 2014. Neste ano, as contas até devem voltar para o azul, mas a previsão do próprio governo é a de que déficit volte em 2023. Segundo a MB Associados, o problema é que a luta para mais estímulos fiscais estará dada em 2023, e isso poderá fazer com que a política fiscal fique ainda mais difícil, o que coloca dificuldade na gestão de política monetária. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.