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26/Set/2022

Oportunidade para o agronegócio em países árabes

A Copa do Mundo está chegando! E, pela primeira vez na história, o mais importante evento do futebol mundial será realizado no Oriente Médio. O Catar, país-sede, é uma pequena nação da Península Arábica com metade do tamanho de Sergipe, menor estado brasileiro, e não supera Brasília em número de habitantes. Mesmo assim, concentra um PIB de US$ 179,5 bilhões, um dos maiores do mundo em termos proporcionais, e ocupa a oitava posição no ranking do PIB per capita. Com a terceira maior reserva de gás natural do mundo, não é difícil perceber o valor arrecadado pelo Catar com a exportação desse recurso ao olhar para sua infraestrutura, para suas construções monumentais e, claro, para a organização da Copa mais cara da história. Estima-se um investimento aproximado de US$ 220 bilhões para a organização do evento, valor 15 vezes superior ao investido pelo Brasil na competição em 2014, o mais alto até então. Localizado no Hemisfério Norte, o Catar tem o verão no meio do ano. E não é qualquer verão. As temperaturas chegam a 50ºC.

Por isso, apesar de o país árabe contar com estádios climatizados, como o Khalifa Stadium, também pela primeira vez a Copa do Mundo será realizada no fim do ano, quando o clima é mais ameno. Em meio a essas condições climáticas extremas e consequente escassez de recursos naturais, o Catar, assim como os demais países árabes próximos, importa a grande maioria dos alimentos necessários para o abastecimento interno, o que torna a segurança alimentar uma prioridade para os governos locais. Mas, afinal o que é segurança alimentar? Aos que não estão habituados ao conceito de segurança alimentar, é comum limitá-lo ao consumo de alimentos saudáveis e seguros. Contudo, a qualidade é apenas um dos quatro atributos que devem ser levados em conta para evitar que uma população não sofra de fome ou por doenças causadas pela subnutrição. O segundo importante atributo é a disponibilidade de alimentos, incluindo meios de produção, importação e armazenamento.

Na sequência, a acessibilidade ou condições de compra de alimentos pelos habitantes, diante dos preços dos mesmos. Por fim, os recursos naturais do país, considerando aspectos geográficos, climáticos e sua resiliência em condições adversas. Em geral, a região do Golfo possui os piores indicadores relacionados a recursos naturais. Dada sua escassez hídrica e baixa qualidade do solo, não há condições mínimas para desenvolver uma cultura agrícola de grande porte, suficiente para suprir as necessidades de consumo das populações locais. Consequentemente, esses países dependem da importação de produtos agropecuários para garantir o abastecimento local. Para alguns alimentos, essa dependência pode chegar a 100%: esse é o caso do arroz e do queijo no Catar. Não há produção local desses dois produtos e tudo o que é consumido no país é importado de outros lugares. Em meio aos esforços comerciais dos países árabes para diversificação de seus fornecedores de alimentos, cresce também o número de soluções inovadoras para produção local e pesquisas de forma a enfrentar esses desafios e aumentar a produção agropecuária local.

Nos Emirados Árabes Unidos, por exemplo, um país tão quente quanto o Catar, foi inaugurada recentemente a maior fazenda vertical do mundo. A instalação de aproximadamente 30 mil metros quadrados está projetada para produzir mais de mil toneladas de folhas verdes por ano, incluindo alface, espinafre e couve. Parques tecnológicos, incubadoras e aceleradoras ocupam lugar de destaque nos principais centros comerciais árabes e oferecem condições e recursos para empresas inovadoras. Como a agritech brasileira que desenvolveu um sistema de manejo inteligente de irrigação e se destacou entre as finalistas do "Prêmio Supernova", no principal evento de tecnologia do Oriente Médio e Norte da África, a feira GITEX. Um programa de aceleração recém-divulgado em Sharjah, emirado localizado ao lado de Dubai, por exemplo, oferecia uma premiação de US$ 50 mil, apoio à instalação local e acesso à rede de contatos para a startup selecionada em uma ampla concorrência internacional.

A Embrapa, empresa pública brasileira ligada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, referência internacional em pesquisa agropecuária, negocia a abertura de uma nova base internacional nos Emirados Árabes Unidos, e simboliza mais uma fonte de cooperação do Brasil aos países da região em segurança alimentar. Somente por meio do investimento em pesquisa e inovação será possível ampliar a produção de alimentos na região. O sucesso da história do setor agropecuário brasileiro é prova disso: o desenvolvimento de tecnologias específicas para a agricultura tropical foi e ainda é um dos principais pilares do setor. O Brasil é o segundo maior fornecedor de alimentos para o Oriente Médio. É uma parceria consolidada que pode e deve ser ampliada. Com a Copa do Mundo se aproximando, espera-se que o Brasil seja lembrado não somente pelo seu futebol, mas por seu papel de destaque na produção de alimentos, com amplo potencial de diversificação em oferta, fonte de tecnologias e soluções agrícolas. Fonte: Sueme Mori. Broadcast Agro.