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23/Set/2022

Brasil: impactos dos juros altos no setor varejista

Juros altos e compras parceladas não combinam. É por isso que a expectativa da manutenção da taxa básica em patamares elevados costuma pesar contra as ações de varejistas que vendem bens duráveis, como eletrodomésticos e eletrônicos, na bolsa. Daqui em diante, de maneira geral, a expectativa é a de que a manutenção do patamar atual de juros ainda pressione esse segmento do varejo, mais do que outros como o de supermercados, menos dependentes do crédito. No recente ciclo de altas da taxa básica de juros do País, empresas desse ramo, como o Magazine Luiza e a Via (dona da Casas Bahia e do Ponto) tomaram medidas para minimizar os impactos em seu balanço e aumentaram as taxas cobradas de seus lojistas virtuais sobre as vendas e os crediários. Mas, as iniciativas contribuíram para o enfraquecimento das vendas nos últimos trimestres.

Segundo a Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC), produtos de maior valor agregado vivem de juros e de confiança. A confiança tem melhorado, mas a participação de vendas financiadas nos segmentos de materiais de construção, móveis e eletrodomésticos é muito relevante. Embora o patamar atual dos juros não ajude, a expectativa de que o ciclo de altas tenha acabado melhora o cenário. Na quarta-feira (21/09), o Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu manter a taxa básica de juros em 13,75%. Segundo o Instituto para o Desenvolvimento do Varejo (IDV), uma vez que a Selic permaneça nesse patamar, não haverá novidade para os varejistas e é possível até crescer nesse ambiente. De acordo com o Índice Antecedente de Vendas do IDV, o varejo deve apresentar aumento nominal de vendas, sem descontar a inflação, de 6,7% em setembro, de 6,2% em outubro e de 6,9% em novembro, na comparação com os mesmos meses do ano anterior.

O indicador é elaborado com base nas projeções feitas pelas empresas associadas do Instituto e apurado pela EY. A expectativa é a de que os associados do IDV encerrem o ano com crescimento em relação ao 2021 ligeiramente superior à inflação. Para o próximo ano, o IDV estima um desempenho parecido com o do atual. Esse otimismo, porém, não é generalizado. Para os analistas da XP, por exemplo, num horizonte mais curto (o segundo semestre), as vendas do varejo podem se beneficiar das medidas de estímulo anunciadas, como os R$ 40 bilhões aprovados pelo governo para auxílios e benefícios sociais. Entretanto, a maior incerteza do cenário macro/político e a escalada da inflação contribuem para uma dinâmica mais negativa para produtos de tíquetes médios mais elevados e mais sensíveis à oferta de crédito, como bens duráveis e categorias mais discricionárias à frente. A SBVC concorda que qualquer estimativa deve considerar as diferenças de cada segmento do varejo.

Além dos bens duráveis, varejistas de moda também costumam sentir impacto nas vendas quando concedem menos crédito aos clientes, mas, nesse caso, o efeito costuma ser menor. Para os analistas do BTG Pactual, as operações de crédito das varejistas são as áreas que merecem atenção especial. O atual sentimento negativo do mercado combinado com o aumento das taxas de juros pode representar um desafio de financiamento e liquidez para operações de crédito ao consumidor. No entanto, as operações de crédito com negócios bem estabelecidos, que já resolveram questões de captação de recursos, provavelmente manterão um crescimento sólido daqui para frente, ainda que desacelerando em relação a trimestres anteriores. Nesse contexto, empresas que se adiantaram nesse ponto devem aumentar suas participações de mercado. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.