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23/Set/2022

COPOM encerra ciclo de alta e mantém taxa SELIC

Mesmo com as expectativas de inflação ainda num patamar elevado, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central manteve a taxa Selic em 13,75% ao ano, encerrando o mais longo ciclo de alta dos juros básicos de sua história. A decisão era esperada pelo mercado financeiro. A taxa, ainda assim, é a maior desde janeiro de 2017. Foram 12 altas consecutivas nesse processo de aperto monetário, com um aumento acumulado de 11,75%, a maior alta porcentual desde 1999. O ciclo foi iniciado em março de 2021, quando os juros básicos estavam na mínima histórica de 2% ao ano. A decisão do Copom não foi unânime. Segundo o Banco Central, sete dos nove integrantes do comitê votaram pela manutenção de 13,75%, enquanto os outros dois votaram por uma "elevação residual" de 0,25%, o que elevaria a Selic para 14% ao ano. Trata-se da primeira decisão sem unanimidade dos membros do Copom em mais de seis anos. A última decisão dividida foi em março de 2016. O colegiado ainda deixou a porta aberta para voltar a subir a taxa.

O comitê enfatizou que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados e não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso o processo de desinflação não transcorra como esperado. O Banco Fibra ressalta que o Copom não apenas sinalizou que vai manter os juros em níveis elevados por período prolongado, como também alertou que não vai hesitar em retomar o ciclo de alta caso não ocorra um processo de desinflação da economia. Os próprios votos dissidentes devem ser vistos como sinalização do compromisso do Banco Central de entregar a inflação na meta. A Renascença DTVM avalia que o Copom trouxe uma mensagem dura no comunicado, para evitar que o mercado embarque em apostas de cortes imediatos da taxa de juros. O Banco Central não quer que o mercado entenda o fim do ciclo de alta como início dos cortes no curto prazo. O aumento de juros é considerado uma medida impopular. A última vez que ocorreu um aumento da Selic durante uma campanha ao Palácio do Planalto foi em 2002, ano da primeira vitória do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O então candidato do governo, José Serra (PSDB), perdeu aquela eleição.

Mesmo com a estabilidade da taxa Selic, o Brasil continua a ter a maior taxa de juro real (descontada a inflação) do mundo, em uma lista com 40 economias. Cálculos do site MoneYou e da Infinity Asset Management indicam que o juro real brasileiro está agora em 8,22% ao ano. Em segundo lugar na lista que considera economias mais relevantes, aparece o México (5,13%), seguido da Colômbia (3,86%). A média dos 40 países avaliados é de -1,69%. O aumento do juro básico da economia se reflete em taxas bancárias mais elevadas, embora haja uma defasagem de seis a nove meses entre a decisão do Banco Central e o encarecimento do crédito. A elevação da taxa de juros também influencia negativamente o consumo da população e os investimentos produtivos. Por outro lado, aplicações em renda fixa, como no Tesouro Direto e em debêntures (títulos de empresas), passam a render mais. O Banco Central se baseia no sistema de metas de inflação para calibrar os juros básicos. Quando a inflação está alta, o Banco Central eleva a Selic. Quando as estimativas para a inflação estão em linha com as metas, ele a reduz.

A disparada dos preços esteve intimamente ligada à disparada da inflação em 2021 e 2022. Para 2022, a meta central de inflação é de 3,5%, e será oficialmente cumprida se o índice oscilar de 2% a 5%. Para 2023, a meta de inflação foi fixada 3,25%, e será considerada formalmente cumprida se oscilar entre 1,75% e 4,75%. As estimativas de inflação para este e o próximo ano continuam muito acima do teto da meta, mesmo com a desaceleração dos preços. O Banco Central já indicou que só prevê voltar à meta em 2024. Para a MB Associados, a decisão do Copom em manter a taxa Selic em 13,75% já era esperada, mas o comunicado pode indicar que o processo de elevação da taxa de juros por parte do Banco Central ainda não terminou, especialmente pela deterioração do quadro fiscal brasileiro. Claramente, a autoridade monetária apresenta sua preocupação com a política fiscal ano que vem. O cenário é permeado por discussões em torno dos riscos de deterioração expressiva da posição fiscal do País, com gastos represados de funcionalismo, possibilidade de aumento real do salário-mínimo, gastos com precatórios e ampliação do gasto social.

A MB Associados projeta a Selic a 13,75% no fim de 2022 e a 11,50% no fim de 2023. A Confederação Nacional da Indústria (CNI) considera a decisão do Copom de manter a taxa de juros Selic em 13,75% "acertada". Apesar disso, a avaliação é de que a taxa de juros pode desacelerar o crescimento da atividade econômica no segundo semestre de 2022 e limitar significativamente o seu crescimento em 2023. A Selic em 13,75% ao ano já era suficiente para manter a desaceleração da inflação nos próximos meses. Principalmente porque essa taxa está muito acima do nível de taxa de juros a partir do qual se inibe a atividade econômica, que foi alcançado ainda em dezembro de 2021. A CNI destaca que as desonerações tributárias de combustíveis, energia elétrica e telecomunicações, que provocaram deflação em julho e agosto deste ano, reforçam o movimento de desaceleração da inflação. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.