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22/Set/2022

ONU: Bolsonaro reforça o negacionismo ambiental

Segundo a Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura, o discurso do presidente Jair Bolsonaro na 77ª Assembleia-Geral das Nações Unidas (ONU) sobre sustentabilidade e política ambiental do Brasil não contribui para equacionar os problemas ambientais que o País enfrenta. O discurso não contribui nem para equacionar ou pelo menos contornar os problemas seriíssimos que o País está passando, justamente com restrições que o Brasil está sujeito, como a exigência aprovada pela União Europeia (UE) de aprovação de adimplência ambiental dos produtos, em consequência da clareza que todo mundo tem de que enfrentamos um avanço descomunal da degradação ambiental no Brasil.

A Coalizão reúne 300 companhias ligadas a setores como o agronegócio, financeiro, sociedade civil e academia. Em seu discurso, Bolsonaro afirmou que, na área sustentável, o Brasil é "fonte de credibilidade" para a ação internacional, parte da solução e referência para o mundo sustentável. "Dois terços de todo o território brasileiro permanecem com vegetação nativa. Mais de 80% da Floresta Amazônica continua intocada. É fundamental que, ao cuidarmos do meio ambiente, não esqueçamos das pessoas. A subsistência de pessoas na Amazônia depende de algum aproveitamento econômico da floresta", afirmou Bolsonaro.

Na avaliação da Coalizão, o governo perdeu a oportunidade de apresentar ações concretas e objetivas que podem ser tomadas pelo País para o enfrentamento das questões ambientais, equacionar os problemas e diminuir os riscos. O presidente faz leitura negacionista dos fatos, como se estivesse tudo maravilhoso no Brasil. Na verdade, a situação é dramática com aumento do desmatamento recorde, afetando a credibilidade dos produtos do agronegócio. O presidente parece achar que todo mundo está desinformado e que vão acreditar nisso. Bolsonaro usou dados falsos ao dizer que 80% da Floresta Amazônica está intocada. Já se observa corte raso, remoção de 19,1% da floresta, além disso há uma área igual ou até um pouco maior de floresta altamente degradada.

Em vez de apresentar agenda para resolver o problema, prefere convencer as pessoas que não existe o problema, assim como disse que governo atuou de forma primorosa na pandemia. No caso do meio ambiente, é patético porque os dados são públicos, acessíveis e mostram que se trata de uma catástrofe ambiental. O discurso de Bolsonaro foi também na direção contrária das respostas necessárias ao agronegócio às demandas externas sobre sustentabilidade. Ele não mostrou o compromisso do Brasil de resolver o problema ambiental e de preservar produtos de exportação. O que ele está dizendo é que se for reeleito continuará assim, o que é uma tragédia para o próprio setor, que vem há muito tempo solicitando medidas concretas para reduzir o desmatamento e a pressão sobre povos indígenas.

Não há sinal de que isso pode ocorrer. A Coalizão também refutou a fala de Bolsonaro de que o País fez uma transição energética. O Brasil tem de fato a matriz elétrica mais limpa que qualquer outro país, mas não foi questão de medida para combater mudança climática e sim uma vantagem comparativa. É quase uma piada dizer que foi ação de transição energética, enquanto o País está atrasado em energia solar, em biomassa, pondo em risco o Renovabio e aprovando subsídios para carvão na Região Sul. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.