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22/Set/2022

Inflação: incertezas sobre o cumprimento de metas

A mudança do arcabouço fiscal já indicada tanto por Luiz Inácio Lula da Silva (PT) quanto por Jair Bolsonaro (PL), que lideram as pesquisas de intenção de voto à Presidência, pode colocar em xeque o cumprimento das metas de inflação nos próximos anos. Com a perspectiva de uma âncora menos austera e de inflação global mais elevada, economistas avaliam que passou a ser incerta a viabilidade de um alvo de 3%, mesmo no longo prazo. No geral, a avaliação é de que a redução gradual das metas de inflação a partir de 2019, a partir do nível de 4,5%, que vigorou de 2005 a 2018, foi possibilitada pela previsibilidade fiscal criada pelo teto dos gastos e pelo ambiente de menor inflação global desde meados da década de 2010.

Agora, a perspectiva de mudança do arcabouço fiscal do País, com vistas à ampliação de despesas, e o aumento da inflação mundial podem impedir o cumprimento do alvo. Segundo a Tendências Consultoria Integrada, a perspectiva de que a política fiscal será menos austera do que o sinalizado algum tempo atrás com o teto de gastos e o nosso próprio histórico de inflação não corroboram uma leitura de IPCA migrando para 3%. A casa espera IPCA de 5% em 2023 e desaceleração da inflação a 4%, em 2024, e 3,5% em 2025, acima do centro da meta em ambos os casos (de 3%). Ainda longe de ser um consenso, essa perspectiva já começa a aparecer nas expectativas do mercado coletadas pelo próprio Banco Central.

Embora as medianas do relatório Focus indiquem a convergência do IPCA para o centro da meta em 2025 e 2026, as médias da pesquisa já sugerem, respectivamente, uma inflação de 3,28% e 3,27% nesses anos, mais de 0,25% acima do alvo. O Credit Suisse no Brasil reconhece que há muito ceticismo sobre se a meta de 3% é viável para o País, considerando que as reformas fiscais não foram finalizadas e que o mundo vai conviver com inflação mais alta pelo menos por mais um ano. A discussão sobre a viabilidade da meta é diferente aqui e no exterior. Há insegurança em relação a atingir a meta. Essa discussão está no mundo inteiro, já que as projeções de inflação para Europa e Estados Unidos no ano que vem também estão acima da meta. Mas, apesar da autonomia do Banco Central, o trabalho de convergência para a meta depende da âncora fiscal no Brasil.

A discussão sobre viabilidade da meta de 3% no Brasil é diferente do debate sobre a meta de 2% nos Estados Unidos. A melhora inflacionária recente diz respeito à "parte fácil", ligada a decisões políticas e ao preço do petróleo no mercado internacional. O Santander Brasil espera redução do IPCA para o centro do alvo, de 3%, em 2024, mas reconhece que os riscos são de convergência mais lenta. A agenda de política fiscal a ser adotada por Executivo e Congresso a partir de 2023 vai sinalizar a possibilidade de cumprimento da meta. O cenário de convergência da inflação considerado pelo Santander leva em conta três anos consecutivos de taxas de juros restritivas, com uma Selic que encerra 2022 nos atuais 13,75% para recuar a 12%, no fim de 2023, e a 9% em 2024. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.