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16/Set/2022

Brasil: 1 em cada 3 adultos estará obeso em 2030

A falta de tempo para se exercitar e o excesso de alimentos ultraprocessados já têm reflexos nas balanças dos brasileiros agora, mas a situação vai piorar rapidamente nos próximos anos. Segundo projeção de um estudo da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), três de cada dez adultos brasileiros estarão obesos em 2030. Nos dados mais recentes levantados pelo Ministério da Saúde, de 2020, a proporção de obesos já era próxima de 22%. Pelas estimativas do trabalho, publicado na revista Scientific Reports, 68% dos brasileiros estarão com sobrepeso até 2030. Entre os obesos, a previsão é de que 9% estarão nos níveis 2 e 3, os patamares mais altos, quando crescem significativamente os riscos de doenças como hipertensão, diabete e alguns tipos de câncer. O relatório World Obesity Atlas deste ano, que também faz projeções, coloca o Brasil como o 4º país com mais obesos do mundo em 2030, em números absolutos, atrás de Estados Unidos, China e Índia.

O Brasil teve avanço tardio da obesidade em relação a nações mais ricas, como os Estados Unidos, mas com mais rapidez e intensidade. É possível observar também que países que já enfrentam a obesidade há mais tempo realizam políticas mais agressivas de combate à doença, o que infelizmente ainda não se vê no Brasil. Com isso, a tendência é de que esse aumento da quantidade de obesos onere cada vez mais os sistemas público e privado, e muitos gastos são evitáveis. Mas, apesar de o aumento da obesidade ter sido identificado de forma generalizada em todas as Regiões do País, estão entre os mais afetados mulheres, negros e pessoas de baixa renda e escolaridade. Isso se dá principalmente pela desigualdade no acesso à alimentação saudável, além da falta de tempo e espaços para atividade física.

O comportamento alimentar inadequado e a prática insuficiente de atividade física estão diretamente relacionados à renda e ao tempo para autocuidado. Uma pessoa é diagnosticada com obesidade quando o seu Índice de Massa Corporal (IMC) - a divisão do peso pela altura ao quadrado - fica acima de 30. É considerado sobrepeso quando o IMC fica maior do que 25 e até 30. O relatório Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) 2020, do Ministério da Saúde, apontava 58% de brasileiros com excesso de peso. Essa taxa vem crescendo ano a ano e, segundo especialistas, o isolamento social imposto pela pandemia agravou o quadro. Em 2006, a proporção de adultos obesos no País era de 11,8%. A Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso) defende iniciativas diversas para combater o problema.

São opções, por exemplo, taxar alimentos açucarados para que exista uma redução do consumo; atentar à merenda escolar para uma alimentação mais saudável e balanceada, com mais produtos naturais; e até mesmo melhorar o ambiente físico dos bairros para promover caminhadas e exercícios físicos. Uma das estratégias de prevenção passa a ser obrigatória a partir de outubro. Nas embalagens dos alimentos, deverá ser colocado um selo frontal para informar a quantidade elevada de três nutrientes: açúcares adicionados, gorduras saturadas e sódio. A nova regra, aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), é uma tentativa de que os consumidores façam escolhas mais saudáveis na hora da compra dos alimentos. Segundo a Universidade de São Paulo (USP), os produtos ultraprocessados são ricos em gordura e açúcar e enganam os mecanismos de saciedade, quando muitas vezes aumentamos as porções de comida sem necessidade.

O desenvolvimento de doenças associadas à obesidade é uma das principais preocupações. O grande desafio para o futuro é a mortalidade precoce, ou seja, aquela mortalidade de pessoas entre 30 anos e 70 anos, que são evitáveis. Ter hipertensão com cerca de 90 anos está dentro da normalidade, mas com 22 anos é precoce. Não é normal ter AVC (acidente vascular cerebral) ou um enfarte fulminante aos 35 anos. O Ministério da Saúde afirmou reconhecer a obesidade como um importante problema de saúde pública e destacou que o SUS oferta consultas individuais e atividades coletivas voltadas à mudança comportamental, à adoção da alimentação adequada e saudável e à prática de atividades físicas. São ofertadas consultas em diversas especialidades médicas e de saúde, incluindo a realização de cirurgia bariátrica para aqueles que necessitam e acompanhamento pré e pós-cirúrgico. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.