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15/Set/2022

Hidrogênio Verde: Certificadoras preparam regras

Enquanto o governo não faz uma aposta clara pelo hidrogênio verde e admite até mesmo o uso do hidrogênio cinza na matriz energética nacional, certificadoras já começam a formatar projetos para garantir exportações do combustível para a Europa e outras regiões que somente comprarão o combustível com selo sustentável. A União Europeia está criando um mercado voltado para o hidrogênio verde, mas o Ministério das Minas e Energia (MME) não irá necessariamente orientar a matriz de hidrogênio do País para o combustível 100% limpo, admitindo a produção também por processos com pegada de carbono, com uso de combustíveis fósseis. Para o Bureau Veritas, assim como no caso dos green bonds, enquanto não existem leis específicas para tratar do combustível do futuro, a regulamentação do hidrogênio verde deverá partir do próprio setor privado.

A ideia é conseguir medir a origem do hidrogênio e certificar se é um combustível verde que pode ser negociado ou não no mercado internacional. O principal objetivo é impedir o chamado greenwashing (prática abusiva e enganosa de se "maquiar" processos para passar a impressão de sustentabilidade, quando na realidade não atendem os melhores princípios ambientais). Com presença em mais de 140 países nas áreas de Teste, Inspeção e Certificação, o Bureau Veritas já tem trabalhado com empresas que procuram levantar recursos no mercado financeiro para colocar de pé projetos de produção de hidrogênio e amônia verdes. Como o hidrogênio é um gás que demanda altíssimas pressões para ser liquefeito, a conversão em amônia tem sido a principal alternativa para o transporte e comercialização do combustível. É preciso entender quais são os melhores frameworks para a certificação e validação não só do próprio hidrogênio, mas da cadeia completa de ponta a ponta.

Isso vai desde a origem dos insumos, a água utilizada no processo, a forma de produção, o armazenamento como amônia, o transporte com rastreabilidade, o impacto sobre as comunidades nos locais de exploração e o uso industrial até que novos produtos cheguem aos consumidores a partir dessa energia. Para ser considerado verde, o hidrogênio deve ser obtido por meio da "eletrólise da água" (que demanda grande quantidade de eletricidade) usando energia proveniente de fontes limpas, como a eólica e a solar. Quando esse processo é realizado com energia nuclear, o hidrogênio recebe a classificação rosa, e quando há uso de um mix de fontes energéticas, o combustível é chamado de amarelo. Outra forma de obter o hidrogênio é por meio do processo químico da chamada "reforma a vapor do metano" na exploração do gás natural.

O problema é que essa forma de produção resulta na emissão de grandes quantidades de gás carbônico, levando à classificação cinza para o hidrogênio resultante. Quando esse gás carbônico é capturado e armazenado antes de ir à atmosfera, o hidrogênio recebe a classificação azul, ou seja, um meio termo na escala de sustentabilidade. O governo brasileiro promove o potencial nacional para o hidrogênio verde, mas, por enquanto, não prevê barreiras às demais formas de produção do combustível. A produção em larga escala do hidrogênio é um processo que ainda deve levar alguns anos, mas o mercado tem se regularizado muito mais rápido do que o governo coloca regras. A própria necessidade da Europa por energia leva o setor privado a buscar padrões de certificação independentes de uma lei específica para o segmento. Foi assim que aconteceu em toda a agenda ESG. A ideia é estar preparado para quando o mercado de fato se abrir. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.