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14/Set/2022

EUA: temores de recessão com aumento nos juros

A inflação dos Estados Unidos em agosto surpreendeu Wall Street, que passou a prever uma dose de agressividade adicional na subida de juros no país. A possibilidade de uma alta de 1% na reunião da semana que vem ganhou espaço, ainda que pequeno. Acrescida a um mercado laboral ainda forte nos Estados Unidos, a elevada inflação dá mais trabalho ao Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) no controle de preços, o que, de quebra, intensifica os temores de que a maior economia do mundo faça um pouso forçado à frente. O índice de preços ao consumidor (CPI) dos Estados Unidos subiu 0,1% em agosto ante julho, contrariando as expectativas do mercado, cujo consenso apontava para queda de 0,1% no período. Apenas o núcleo do indicador, que exclui preços mais voláteis como os de alimentos e energia, avançou 0,6% no mês passado, também superior às previsões de analistas, de avanço de 0,3%.

No ano, o CPI dos Estados Unidos foi a 8,3% ao fim de agosto, desacelerando frente aos 8,5% em julho. Apesar disso, a surpresa com os dados mensais do indicador empurrou as Bolsas de Nova York para o vermelho, com as perdas se acentuando nesta terça-feira (13/09). O Nasdaq, a bolsa de tecnologia, acumula queda de mais de 4%. Além disso, também deu força ao dólar e, na renda fixa, levou os Treasuries, que são os títulos do Tesouro norte-americano, às máximas. Além da reviravolta nos mercados, os dados de agosto foram “um balde de água fria” na esperança de economistas e investidores de que a inflação nos Estados Unidos começava a moderar, como visto em julho, e após a queda dos preços de combustíveis nas bombas. A maioria das categorias surpreenderam para cima em agosto, tais como alimentos, carros novos, aluguéis e vestuário.

Segundo o CIBC Economics, os norte-americanos economizaram na gasolina, mas pagaram mais por quase todo o resto em agosto. Em Wall Street, a leitura foi a de que o CPI, associado a um mercado de trabalho ainda superaquecido, chancela o já precificado caminho de um terceiro aumento de juros da ordem de 75 pontos-base na reunião do Comitê Federal de Mercado (Fomc) na próxima semana. Além disso, abriu um debate quanto à possibilidade de uma alta mais agressiva agora, de 1%, e também nos próximos meses. Ainda se espera um aumento de 75 pontos-base, mas a perspectiva de desaceleração dos aumentos em novembro e dezembro está agora em dúvida, alerta o banco norte-americano Jefferies. Em linha com os sinais já dados por dirigentes do Fed, em período de silêncio por conta da reunião na semana que vem, as chances de um terceiro aumento de 75 pontos-base eram de 76% na última hora, segundo levantamento da plataforma CME Group.

No entanto, a surpresa foi a de que o mercado passou a precificar 24% de probabilidades de uma alta de 100 pontos-base após o CPI de agosto. Entre gigantes de Wall Street, a aposta segue sendo por uma nova alta de 75 pontos-base, tais como o Bank of America, que na semana passada elevou suas projeções para os juros nos Estados Unidos, além do Credit Suisse. Embora não se descarte completamente um aumento de 100 pontos-base, uma elevação tão grande nas taxas é improvável. Para o Instituto de Finanças Internacionais (IIF), o CPI de agosto deve influenciar ainda no tom da mensagem do presidente do Fed, Jerome Powell, na próxima semana. É improvável que a coletiva de imprensa, que ocorre tradicionalmente após a decisão monetária, seja 'dovish' (menor ímpeto para subir os juros), como estimava anteriormente.

Na semana passada, Powell reforçou o foco do Fed no controle da inflação, reiterando os sinais do seu discurso curto e direto, feito no simpósio de Jackson Hole. O IIF também vê impacto para os mercados emergentes. O CPI acima do esperado é um problema para os mercados emergentes. Os ativos desses países estão em desvantagem desde que o Fed passou a subir os juros nos Estados Unidos a um ritmo de 75 pontos-base, a partir de junho. À medida que eleva o trabalho do Fed, que terá de ser mais agressivo na subida de juros, a força subjacente da inflação nos Estados Unidos também reforça os temores de que a maior economia enfrente um período recessivo à frente. Para a gestora Pimco, condições financeiras mais apertadas e juros mais altos sugerem que o caminho para um pouso suave dos Estados Unidos continua a se estreitar, e a recessão é mais provável do que não nos próximos 12 meses. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.