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14/Set/2022

Alimentos: Fazendas Urbanas crescendo no Brasil

A agricultura urbana está crescendo em muitas megalópoles do mundo. A inflação desenfreada e os gargalos na cadeia de suprimentos como fertilizantes, que tiveram início durante a pandemia de Covid-19 e foram agravados pela guerra na Ucrânia, estão levando os cidadãos comuns a cultivar os próprios alimentos. Na Índia, Nova Délhi anunciou em junho planos de treinar dezenas de milhares de moradores a cultivar hortaliças nos telhados. Fazendas urbanas floresceram nas comunidades mais pobres da Cidade do Cabo, na África do Sul. Recentemente, o Ministério da Agricultura da Indonésia incentivou a população a cultivar arroz nos quintais das casas. Até a rica Singapura vem espremendo fazendas verticais de alta tecnologia entre os arranha-céus, para reduzir a dependência de alimentos importados. No Brasil, um país de 215 milhões de habitantes onde cerca de 85% da população vive em áreas urbanas, cidades como o Rio de Janeiro (RJ) estão embarcando nos projetos dos mais ambiciosos.

No bairro de Madureira, a cidade está construindo o que deverá ser a maior horta do mundo até 2024 em um terreno abandonado após os Jogos Olímpicos de 2016. O lote de 27 hectares terá capacidade de alimentar cerca de 50 mil famílias, segundo o governo. Segundo o programa Hortas Cariocas da cidade no Rio, a ideia é criar uma cidade fértil, que não apenas consuma alimentos, mas que também produza. O Rio de Janeiro abriga atualmente cerca de 400 hortas comunitárias, incluindo as 60 que fazem parte do programa. O Brasil, uma superpotência agrícola, produz cerca de 10% dos alimentos do mundo, de carne bovina a soja, de suco de laranja a milho. Mas, comprar comida está cada vez mais caro para as famílias mais pobres. Cerca de 33 milhões de pessoas estão passando fome no Brasil, em comparação com cerca de 19 milhões de pessoas no final de 2020, segundo a empresa de pesquisa Penssan.

A prefeitura do Rio de Janeiro fornece aos moradores as sementes, ferramentas e uma bolsa mensal de R$ 500,00 para cultivar faixas de terra nas comunidades, exigindo que metade da produção seja vendida a preços baixos e o restante seja doado. A venda de hortaliças perto de onde são cultivadas reduz os custos de transporte e, com poucas despesas graças ao apoio do governo, Manguinhos pode vender alface e outros produtos por um quinto dos preços do mercado. Projetos semelhantes nasceram em outras grandes cidades do Brasil, como Belo Horizonte (MG) e São Paulo (SP). Em Paraisópolis, uma das maiores favelas de São Paulo, uma horta inaugurada em 2020 usando a técnica de hidroponia (que permite que as plantas cresçam verticalmente sem solo) pode produzir quase 700 quilos de hortaliças em dois meses.

Uma vasta horta também floresceu no centro da cidade no terreno de um antigo prédio público, ocupado pelo MTST, movimento que reivindica que prédios abandonados sejam destinados a abrigar os sem-teto. Segundo a Embrapa, a falta de empregos e a dificuldade de comprar alimentos impulsionaram esses projetos. Quando o programa Hortas Cariocas foi planejado em 2006, o principal objetivo do Rio de Janeiro era impedir que as famílias construíssem barracos nos terrenos não utilizados. As hortas logo se tornaram refúgios para moradores que queriam fugir das gangues e milícias que dominam a maioria das mais de mil favelas da cidade. Atualmente, os integrantes das gangues estão recebendo bem as novas hortas. Mas, muitas vezes há tensão. Às vezes, a polícia militar invade Manguinhos ao amanhecer, em batalhas contra gangues locais, que revidam com tiros e até granadas. Em manhãs assim, as plantas ficam sem água. Líderes de gangues em Manguinhos também pavimentaram parte da horta para criar espaço para os bailes funk da favela.

As hortas vêm incentivando a população a comer uma variedade maior de hortaliças, incluindo plantas que não são encontradas em supermercados e que muitos moradores não sabiam que eram comestíveis, como as folhas peludas de peixinho e as pequenas flores vermelhas dos capuchinhos. Segundo agrônomos, algumas delas também oferecem benefícios medicinais. Mas, muitos moradores da comunidade não se importam se as hortaliças são orgânicas ou particularmente nutritivas. Dizem que só querem ter o que comer. Na comunidade da Rocinha, a comunidade começou a trabalhar em parceria com a Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRJ) para instalar hortas em telhados em mais 50 casas, permitindo que as famílias não apenas se alimentem, mas também cultivem um excedente para vender em cooperativa. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.