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12/Set/2022

Dólar fecha em baixa com apetite externo ao risco

A onda de enfraquecimento global do dólar, em dia marcado por valorização das commodities e alta firme das bolsas no Brasil e em Nova York, deu o tom aos negócios no mercado doméstico de câmbio na sexta-feira (09/09). Em meio a relatos de fluxo estrangeiro para ações e renda fixa domésticas, o dólar operou em baixa desde a abertura do pregão e encerrou em queda de 1,13%, cotado a R$ 5,14, com mínima a R$ 5,14. Com o tombo, a moeda encerrou a semana em baixa de 0,72% e marca desvalorização de 1,04% no mês. No Brasil, a deflação de 0,36% do IPCA em agosto aliada a núcleos ainda pressionados e avanço no índice difusão, pode dar sustentação à possibilidade de alta adicional da taxa Selic neste mês e manutenção da taxa em níveis elevados por mais tempo.

Isso, em tese, desestimula posições contra o Real. A semana passada foi marcada justamente por falas cautelosas do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e do diretor de política monetária da instituição, Bruno Serra. Ambos desautorizaram apostas mais contundentes em afrouxamento monetário no primeiro semestre de 2023. Um dos gatilhos para a retomada do apetite ao risco seria a possibilidade de novos estímulos monetários na China, cuja inflação mostrou sinais de desaceleração em agosto. A moeda norte-americana vem de uma rodada expressiva de fortalecimento no exterior, o que abria espaço para ajustes e realização de lucros, apesar de o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) manter o tom duro contra a inflação e esfriar apostas em redução dos juros ao longo de 2023.

Diretor do Federal Reserve (Fed), Christopher Waller disse apoiar "aumento significativo" na reunião do dia 21 de setembro e continuidade do processo de alta de em 2023, com juro terminal na casa de 4%. Presidente do Fed de Kansas City, Esther George defendeu firmeza no processo de aperto monetário. Ambos têm poder de voto este ano. Parece que, depois de operar sob a sombra de uma desaceleração mais forte na economia dos Estados Unidos e de recessão na Europa, o mercado tenta mudar a narrativa, passando a embutir nos preços dos ativos a possibilidade de um "soft landing" das economias desenvolvidas. Por essa ótica, a postura firme dos BCs cortaria a crista da inflação, o maior problema global, sem sacrifícios exagerados à atividade.

Os mercados decidiram ver o lado positivo na sexta-feira (09/09). Segundo a Valor Investimentos, as Bolsas em Nova York subiram bastante. O resultado mais baixo da inflação na China estimula os preços das commodities, o que acaba atraindo investidores estrangeiros para a bolsa brasileira e derruba o dólar. Moedas como o euro e o iene, de maior peso na formação do índice DXY, ensaiaram uma recuperação das pesadas perdas nos últimos dias. Na quinta-feira (08/09), o Banco Central Europeu (BCE) subiu os juros em 75 pontos-base e prometeu novas altas. O governo japonês deu sinais de que estuda intervenção no mercado de câmbio para conter a depreciação de sua moeda. Depois de superar os 110 pontos na semana passada, o índice DXY tombou na sexta-feira (09/09), operando no limiar dos 109 pontos, ainda em patamar historicamente elevado e com valorização de quase 14% no ano.

Segundo o Coface, a ideia de uma política mais 'hawkish' na Europa, após o BCE acelerar o ritmo de alta de juros, está favorecendo o euro em relação ao dólar. O DXY está perdendo força. Além disso, a alta dos preços das commodities favorece as moedas emergentes. De fato, as divisas emergentes e de países exportadores de commodities subiram em bloco, à exceção do peso chileno, que amargou perdas superiores a 2%, em meio a turbulências políticas e o temor quanto a oferta de cobre, com possível greve de mineradores locais. O preço do minério de ferro para janeiro na Dalian Commodity Exchange da China, subiu 3,74%. Em Qingdao, o preço da commodity à vista avançou 2,38%.

O contrato de petróleo tipo Brent para novembro, referência para a Petrobras, fechou em alta de 4,14%, a US$ 92,84 por barril. Além do apetite externo ao risco e alta das commodities, que carreiam recursos para a Bolsa local, a Blue 3 observa que a perspectiva de uma alta adicional da taxa Selic ajuda a dar suporte ao real. Ela ressalta que o Banco Central já se mostrou desconfortável com o nível de inflação e que a deflação do IPCA em agosto está muito ligada aos preços da gasolina. O núcleo da inflação ainda está bastante pressionado. Não dá manobra para arriscar na política monetária. O Banco Central surpreendeu bastante na semana passada ao sinalizar a possibilidade de um aumento adicional da Selic. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.