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08/Set/2022

Dólar avança com possível alta dos juros nos EUA

O mercado de câmbio doméstico foi dominado na terça-feira (06/09) pela onda global de fortalecimento da moeda norte-americana e de escalada das taxas dos Treasuries, após dados do setor de serviços nos Estados Unidos aumentarem as apostas em manutenção de uma postura dura pelo Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), com as chances de nova alta da taxa básica em 75 pontos-base voltando a superar 70%. Em alta desde a abertura dos negócios, após duas sessões seguidas de queda, o dólar superou a barreira de R$ 5,20 e chegou a tocar R$ 5,25. No fim da sessão, a cotação era de R$ 5,23, valorização de 1,63%. Assim, a divisa passou a acumular alta de 0,70% nos quatro primeiros pregões de setembro. A volta da perspectiva de uma alta adicional da taxa Selic neste mês, na esteira de acenos de autoridades do Banco Central, não foi capaz de dar a sustentação à moeda brasileira.

Embora todas as divisas emergentes tenham apanhado na terça-feira (06/09), o Real, que vinha tendo um desempenho relativo superior à de seus pares, foi quem mais sofreu. Tal movimento foi atribuído a questões técnicas, como a maior liquidez da divisa brasileira, e a certa cautela na véspera do feriado do Dia da Independência no Brasil (07/09), dado os temores de acirramento das tensões políticas com eventuais ataques do presidente Jair Bolsonaro ao sistema eleitoral e ao Supremo Tribunal Federal. No exterior, o índice DXY (que mede o desempenho do dólar frente a uma cesta de seis divisas fortes) superou a marca dos 110 pontos e atingiu máxima na casa dos 110,500 pontos, em razão de novo tombo do euro e, sobretudo, de forte depreciação do iene, que caiu ao menor nível na comparação com a moeda norte-americana em 24 anos.

Nem a perspectiva de alta de 75 pontos-base do juro básico da região pelo Banco Central Europeu (BCE) nesta quinta-feira (08/09) anima o euro, dado que pode aprofundar a perda de fôlego da economia europeia. A Western Asset atribui à depreciação do Real ao movimento de valorização do dólar no exterior diante do aumento das expectativas de nova alta dos juros norte-americanos em 75 pontos-base após a divulgação do ISM de Serviços. Em falas mais recentes, membros do Fed afirmaram que vão precisar subir mais os juros e mantê-los em nível elevado por mais tempo para desinflacionar a economia. As taxas dos Treasuries acabaram subindo bastante e afetando todas as moedas. Não há fator doméstico para a alta do dólar. É um movimento global de reprecificação dos ativos. O índice de gerente de compras (PMI) do setor de serviços nos Estados Unidos divulgado pelo Instituto para Gestão da Oferta (ISM) subiu de 56,7 em julho para 56,9 em agosto, na contramão da previsão dos analistas, de queda para 55,5.

Investidores deixaram em segundo plano a leitura fraca de outro PMI de Serviços dos Estados Unidos, divulgado pela S&P Global. Houve recuo de 47,3 em julho para 43,7 em agosto, abaixo da estimativa prévia (44,1) e no menor nível desde maio de 2020. A leitura do PMI reforçou a expectativa de um Fed mais agressivo. Segundo o Banco Ourinvest, há um movimento de aversão ao risco que atinge todas as moedas emergentes. O real sofre mais por ser mais líquido. A incerteza do período eleitoral ajuda a aumentar a percepção de risco e tem impacto no câmbio. A possibilidade de uma eventual alta adicional da taxa Selic, na esteira de declarações de autoridades do Banco Central, não chegou a ter papel relevante na formação da taxa de câmbio. Na segunda-feira (05/09), o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou que a mensagem que continua valendo é a do último Copom, que seria feita uma avaliação sobre um possível ajuste final.

O diretor de Política Monetária do Banco Central, Bruno Serra, afirmou que é preciso ter muita cautela no eventual encerramento do ciclo de aperto. Ainda há um desafio grande pela frente, a inflação está em quase dois dígitos. A leitura dos analistas foi de que, mais do que acenar com alta adicional da taxa Selic, Campos Neto e Serra tentaram esfriar as apostas mais contundentes de corte relevante da taxa básica ao longo de 2023. Em tese, juros maiores e por mais tempo levariam a uma apreciação do Real, ao contrário do observado na sessão de terça-feira (06/09). Segundo a Western Asset, em momentos de aversão ao risco e aumento da volatilidade, o diferencial de juros interno e externo, embora seja levando em conta, não tem papel preponderante na formação da taxa de câmbio. Não é porque o Banco Central parou de subir que haverá um corte iminente dos juros. Uma eventual alta adicional da Selic em 0,25% neste mês, para 14% ao ano, encerrará de vez o ciclo de aperto monetário. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.