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06/Set/2022

Produtos de Higiene: consumidor mudando hábitos

De acordo com dados revelados por um estudo nacional sobre hábitos de higiene e consumo feito pela consultoria Kantar, o aumento da inflação tem levado os brasileiros de menor renda a ter de fazer escolhas não apenas ao comprar alimentos, mas também na hora de usar produtos básicos de higiene pessoal, como sabonete e xampu. No segundo trimestre deste ano, aumentou em 9% o número de banhos sem uso de sabonete entre os que tomam o segundo banho diário, comparado ao mesmo trimestre de 2018. Por meio de um aplicativo, a consultoria monitora diariamente o comportamento de 4 mil pessoas. Os hábitos de higiene desse grupo representam um universo de 115 milhões de brasileiros, pouco mais da metade da população do País. Hoje, quase 70% da população toma dois banhos diariamente. Não é que os brasileiros estejam abandonando o sabonete, mas um em cada cinco banhos é apenas com água, e essas ocasiões são feitas por cerca de 31% da população.

O acompanhamento desse quesito, iniciado no segundo trimestre de 2018, mostra que, desde 2019, as ocasiões de banho sem sabonete têm crescido. O pico foi atingido no segundo trimestre de 2021, com um avanço de 28% ante o mesmo período de 2018. A situação vinha se complicando antes da pandemia, piorou no auge da pandemia e agora perdeu fôlego. Mas, ainda se mantém em um patamar elevado em relação a 2018. Desde o último trimestre de 2021 até o segundo trimestre deste ano, a trajetória da quantidade de banhos sem sabonete é ascendente e aumentou 3,9%. O aumento da inflação e o agravamento do cenário econômico levaram o consumidor a ter de fazer escolhas, seja cortando produtos, seja racionando o uso para que durem mais. Os brasileiros mais pobres são os mais castigados pela inflação dos produtos de higiene pessoal. O aumento do segundo banho diário só com água tem ocorrido apenas entre as faixas de menor renda. São pessoas das classes D e E, com rendimento médio individual de R$ 791,63 por mês. A Região Sudeste é a principal alavanca desse crescimento do segundo banho sem sabonete.

O Sudeste reúne 54% dos indivíduos com essa rotina. Destes, mais da metade (53%) é mulher, a maioria mães que trabalham em tempo integral e sustentam a casa. As escolhas dos mais pobres para conseguir “encaixar” as despesas no orçamento está cada dia mais difícil. Apesar de o alimento ser o vilão da inflação, itens de higiene pessoal não ficam atrás. Em 12 meses até agosto, o sabonete ficou 27,97% mais caro. Essa alta equivale ao aumento do óleo de soja (27,52%) no mesmo período, segundo o IPCA-15, a prévia da inflação oficial. No ano até agosto, o reajuste do sabonete em 20,95% superou o do óleo de soja, de 19,76%. Nesse período, a inflação dos itens de higiene pessoal e da alimentação em casa foram equivalentes. Para driblar essas altas, muitos consumidores optam pelas embalagens econômicas. Esse movimento fica nítido nos resultados do estudo da consultoria Kantar. No segundo trimestre de 2022, o consumo de itens para cabelo em embalagens de 400 mililitros (ml) a 599 ml cresceu 6,8%, em unidades, ante o primeiro trimestre.

Frascos com mais de 600 ml tiveram um acréscimo de 4,1%, na mesma base de comparação. Juntas, essas embalagens maiores responderam por 31% do mercado, com avanço de 2% entre os dois períodos. Em contrapartida, o consumo de embalagens com até 399 ml ficou estável. A indústria de produtos de higiene justifica os aumentos. A Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec) diz que encerrou 2021 com inflação setorial de 3,1%, 7% abaixo do IPCA. Nesse período (2021), não havia espaço para repassar preço, pois o consumidor seguia com a despesa mensal crescente e comprometida. A atual situação (2022) é diferente, há um certo alívio da renda, com a deflação em alguns itens. Segundo a Abihpec, em 2021 houve esforço para segurar repasses. Mas, tal movimento tem um limite, e 2022 vem sendo o ano de, aos poucos, recompor margens em prol da sustentabilidade financeira. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.