ANÁLISES

AGRO


SOJA


MILHO


ARROZ


ALGODÃO


TRIGO


FEIJÃO


CANA


CAFÉ


CARNES


FLV


INSUMOS

02/Set/2022

Dólar em alta acompanhando o movimento externo

Apesar de o crescimento do PIB brasileiro no segundo trimestre ter vindo acima do esperado, o Real não escapou da onda global de valorização da moeda norte-americana na sessão desta quinta-feira (1º/09), marcada por tombo das commodities e aumento das apostas em ajuste mais agressivo da política monetária dos Estados Unidos. Afora uma baixa pontual, quando desceu até a mínima de R$ 5,14 (-1,03%), em meio a relatos de entrada de fluxo comercial, o dólar operou em alta firme no mercado doméstico de câmbio durante toda a sessão. As máximas vieram quando a divisa chegou a romper o teto de R$ 5,25 (+1,07%). No fim da sessão, o dólar fechou a R$ 5,23, avanço 0,71%. Foi o terceiro pregão seguido de alta do dólar, período em que saiu do patamar de R$ 5,03 para superar R$ 5,23, acumulando uma valorização de 4,07%. Uma vez mais, o principal indutor da depreciação do Real foi o ambiente externo, embora haja um pano de fundo de cautela com o quadro fiscal doméstico a partir de 2023, dadas as promessas que tomam conta da corrida eleitoral.

Dados do setor industrial norte-americano acima do esperado reforçaram a perspectiva de que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), vai promover nova alta da taxa básica em 75 pontos-base neste mês. O PMI industrial dos Estados Unidos medido pelo ISM ficou estável em 52,8 em agosto, contrariando expectativas de queda. Há também uma postura defensiva à espera da divulgação, nesta sexta-feira (02/09), do relatório de empregos (payroll) nos Estados Unidos em agosto. As taxas dos Treasuries subiram em bloco, com o retorno do título de 2 anos, mais ligado a perspectiva para o aperto monetário, superando 3,5%. O índice DXY (que mede o desempenho dólar frente a uma cesta de seis divisas fortes) voltou a trabalhar acima dos 109,000 pontos e se aproximou dos 110,000. O euro, que vinha ensaiando uma recuperação, hoje perdeu quase 1% frente a divisa norte-americana. As commodities voltaram a recuar. As cotações do petróleo caíram mais de 3,5%, com o contrato tipo Brent para novembro, referência para a Petrobras, aproximando do piso de US$ 90,00 por barril e fechou em queda de 3,43, a US$ 92,36 por barril.

O minério de ferro e o cobre recuaram novamente, em meio a preocupações com a economia chinesa, após notícia de novos surtos de Covid-19. Não por acaso, as divisas de países emergentes e de exportadores de commodities, com raras exceções, se enfraqueceram ante o dólar, com destaque para o peso colombiano, o rand sul-africano e o próprio Real. Para a Ourominas, o comportamento da taxa de câmbio está muito atrelado ao ambiente externo de fortalecimento do dólar, com fatores locais ficando em segundo plano. A Fair Corretora observa que, com a redução do fluxo de entrada de recursos e a aceleração do dólar ante algumas divisas no exterior, a moeda passou a refletir mais precisamente o quadro e cautela com as incertezas do exterior. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que o PIB brasileiro cresceu 1,2% no segundo trimestre (na margem). Na comparação anual, a alta foi de 3,2%.

A divulgação do resultado causou uma onda de revisões das expectativas do mercado para o PIB de 2022, incluindo as de instituições como Bank of America (2,5% para 3,25%), Goldman Sachs (2,2% para 2,9%), Banco Original (2,3% para 2,6%), e Ativa Investimentos (1,0% para 2,0%). O Banco MUFG Brasil avalia que o cenário se tornou negativo para divisas emergentes com o tom duro do Federal Reserve, a possibilidade de recessão em Estados Unidos e Europa, e crescimento abaixo do esperado na China, o que atinge os preços das commodities. Embora o diferencial entre juro externo e interno ainda beneficie operações de carry trade, o Real deve se depreciar daqui para frente dado o ambiente externo desafiador. Adicionalmente, o Banco Central brasileiro parece ter encerrado o aperto monetário. Então, novas altas pelo Fed vão reduzir rapidamente o diferencial de juros e, no curto prazo, isso pode afetar o ingresso de fluxo estrangeiro. O ambiente político interno também representa um risco para o desempenho do Real, uma vez que o mercado pode começar a precificar, especialmente após a eleição, o risco fiscal, dada a postura dos líderes na corrida presidencial. Em suma, o atual patamar do Real não é considerado sustentável. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.