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01/Set/2022

China está aumentando os investimentos no Brasil

De acordo com estudo apresentado pelo Conselho Empresarial Brasil-China (CEBC), depois de um ano de paralisação econômica global por causa da pandemia, os investimentos chineses no Brasil mais que triplicaram no ano passado em relação a 2020, atingindo US$ 5,9 bilhões, um aumento de 208%. Trata-se do maior valor desde 2017, quando somou US$ 8,8 bilhões, levando em conta os recursos de origem apenas da China continental. Como a base de comparação é fraca por causa dos impactos do surto em 2020, vale observar também o número de projetos confirmados. De um ano para o outro, o salto foi de 250%, com um total de 28 empreendimentos, mesma quantidade de 2017. A taxa de efetivação dos negócios chegou a 97%, a maior da série histórica, iniciada em 2007. Os dados têm que ser vistos com muito cuidado e contextualizados. Só o valor em si não diz muita coisa, mas o salto de três dígitos em termos de valor e, principalmente, projetos chamam a atenção.

O interesse da China de investir no Brasil nunca deixou de existir, e agora há uma retomada para o patamar próximo aos níveis pré-pandêmicos. A curva está retomando a normalidade em 2021. Para se ter uma ideia, o volume de recursos da China tendo o Brasil como destino em 2019 foi de US$ 5,6 bilhões. O estudo salienta que o crescimento dos investimentos chineses no Brasil foi muito superior ao aumento de 23% no total de aportes estrangeiros no País em 2021 registrado pelo Banco Central. Enquanto a Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (Unctad) aponta para expansão de 79% do investimento estrangeiro no País, pelos cálculos da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o crescimento foi de 89%. Os investimentos estrangeiros no Brasil seguiram a tendência desses aportes no mundo de forma geral, que tiveram um crescimento de 64% em 2021 (US$ 1,58 trilhão), segundo a Unctad, e de 88% (US$ 1,8 trilhão), de acordo com OCDE.

Com essa gradual retomada da economia de forma geral, houve aumento de investimentos chineses no Brasil, acompanhando os investimentos de forma geral no País. O fato é que, além de ter crescimento de recursos no mundo em geral, os que chegaram ao Brasil de vários lugares subiram e o chinês apresentou ainda uma taxa muito maior. Na semana passada, o ministro da Economia, Paulo Guedes, repetiu que o governo está comprometido em reduzir impostos, abrir a economia e gerar mais empregos. Admitiu, no entanto, que sua empreitada em reduzir o IPI é para tornar a indústria nacional mais competitiva. "Não queremos a chinesada entrando aqui quebrando nossas fábricas. Queremos uma coisa moderada”, disse na ocasião. A área de óleo e gás absorveu 85% dos investimentos de US$ 5,9 bilhões feitos pela China no Brasil no ano passado. Com esses pouco mais de US$ 5 bilhões para a commodity, o setor quebrou pelo menos momentaneamente o domínio do segmento de energia elétrica como principal destino em um ano.

O incremento na área se deu basicamente pelos investimentos apontados como volumosos de duas estatais: a China National Offshore Oil Corporation (CNOOC) e China National Oil and Gas Exploration and Development Company (CNODC). Recentemente, o Banco Central brasileiro destacou que apenas neste ano começou a existir a volta dos investimentos na área. Apesar da disparada dos preços do barril de petróleo, havia a preocupação de que um menor aporte no setor poderia significar mais inflação à frente. O setor de óleo e gás é o segundo em maior valor acumulado em projetos, desde que o levantamento começou a ser feito, em 2007, com 30,9% do total. Eletricidade lidera a lista, com uma fatia de 45,5%. A China vai continuar investindo em petróleo, ainda que não esteja apostando mais tanto em combustíveis fósseis e preferindo energia mais limpa. A China é o maior poluidor do mundo e tem a meta de emissão zero de carbono até 2050.

Já o segmento de tecnologia da informação (TI) chamou a atenção porque 46% dos projetos efetivados no ano passado são da área. A TI ficou em segundo lugar no ano passado, com 36% dos projetos, um total de 10. De 2007 a 2020, foram 12 projetos no conjunto. Só em 2021, foram 10 projetos. Em um ano só, quase o mesmo valor de toda a série anterior. Isso é o grande destaque, pois mostra o interesse das empresas. Houve uma variedade de setores que receberam recursos, como serviços financeiros, indústria e automotivo, como a compra da fábrica da Mercedes, por exemplo. É óbvio que um projeto de construir um porto ou uma linha de transmissão vai ser muito mais custoso, demandar mais capital, do que comprar participação de capital em TI ou abrir uma fábrica, mas os investidores chineses estão apostando em mercados certos. A chance de um investimento chinês no Brasil hoje não dar certo é menor do que em 2010. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.