31/Ago/2022
Após dois pregões seguidos de queda, em que acumulou desvalorização de 1,54% e se aproximou do piso de R$ 5,00, o dólar encerrou a sessão desta terça-feira (30/08) em alta firme, voltando a superar o teto de R$ 5,10. O enfraquecimento do Real se deu em meio a um tombo das divisas emergentes frente à moeda norte-americana, em dia marcado por baixa dos preços das commodities, em especial do petróleo. Dados positivos da economia dos Estados Unidos e declarações de dirigentes do Federal Reserve (Fed, o banco central-americano) não apenas reforçaram a expectativa de mais alta de juros como esfriaram apostas em corte dos Fed Funds em 2023. Operadores observam que, dadas as perdas recentes do dólar no mercado doméstico, havia espaço para realização de lucros e recomposição de posições cambiais defensivas.
Já está em curso também a disputa técnica entre "comprados" e "vendidos" pela formação da última taxa Ptax de agosto, que será definida nesta quarta-feira (31/08), e ajustes para rolagem de contratos de dólar futuro. Números fiscais domésticos positivos em julho, com superávit de R$ 19,309 bilhões do Governo Central, e promessa de ampliação de gastos por presidenciáveis foram monitorados, mas não tiveram papel relevante na formação da taxa de câmbio. Na abertura dos negócios, o dólar até ensaiou uma nova queda e desceu até a mínima de R$ 5,01. A moeda norte-americana passou a trabalhar em alta no mercado doméstico ainda pela manhã e, com uma escalada ao longo da tarde, rompeu o teto de R$ 5,10 e registrou máxima a R$ 5,12 (+1,72%). No fim da sessão, o dólar fechou a R$ 5,11, em alta de 1,58%. No mês, a divisa acumula perdas de 1,18%.
Principal termômetro do apetite por negócios, o contrato de dólar futuro para setembro teve giro forte, de mais de US$ 14 bilhões. No exterior, o índice DXY (que mede o desempenho do dólar frente a seis divisas fortes) apresentou leve queda, em razão da recuperação do euro dado o aumento de aposta de que o Banco Central Europeu (BCE) pode elevar os juros em 75 pontos-base no dia 8 de setembro. A moeda norte-americana, contudo, subiu em bloco em relação a divisas emergentes e de países exportadores de commodities, a exceção do rublo russo e da lira turca. As cotações do petróleo desabaram, com o tipo Brent para novembro, fechando em baixa de 4,95%, a US$ 97,84 por barril. Segundo o Banco Ourinvest, a reversão da tendência de queda do dólar que marcou os últimos dias provavelmente se deve a perspectiva de aumento maior de juros na Europa e nos Estados Unidos. Dirigentes do Fed reforçaram o compromisso em baixar a inflação.
Além disso, os preços de algumas commodities estão em queda, contribuindo para a desvalorização de moedas emergentes. O presidente do Fed de Nova York, John Willians, afirmou que prevê elevação das taxas de juros em 2023, em vez de corte, como aventado por uma ala do mercado. Para Willians, é evidente que o Fed precisa subir os juros básicos até o fim deste ano. O presidente do Fed de Richmond, Tom Barkin, falou duro contra a inflação e voltou a dizer que a taxa real de juros nos Estados Unidos deverá alcançar território positivo para controlar a demanda. A JF Trust afirma que, mesmo com a expectativa de desaceleração do ritmo de geração de empregos no payroll de agosto, o nível ainda elevado de criação de vagas e o dos salários devem manter a probabilidade de alta de 75 pontos-base da taxa básica norte-americana em setembro acima de 50%.
Entre os indicadores dos Estados Unidos divulgados nesta terça-feira (30/08), destaque para o relatório Jolts, mostrando que a abertura de postos de trabalho no país subiu a 11,239 milhões em julho. O mercado espera agora a divulgação do relatório ADP de agosto nesta quarta-feira (31/08) e, sobretudo, o payroll de agosto, que será divulgado na sexta-feira (02/08). O mercado se surpreendeu com o avanço do índice de confiança do consumidor dos Estados Unidos elaborado pelo Conference Board de 95,3 em julho para 103,2 em agosto, acima das expectativas (94,7). Segundo a Venice Investimentos, os de confiança do consumidor e emprego forte nos Estados Unidos interrompem o ciclo de valorização do Real das últimas sessões. A aproximação do dólar do piso de R$ 5,00 tornou a compra atrativa. Toda a demanda que estava represada acabou contribuindo para a alta da moeda. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.