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26/Ago/2022

Países sentem os efeitos das mudanças climáticas

À medida que uma forte seca atinge diversos países no verão do Hemisfério Norte, corpos d’água estão secando, expondo relíquias submersas da 2ª Guerra Mundial na Europa, conjuntos de restos humanos no Lago Mead, nos arredores de Las Vegas, e até uma vila inteira na Espanha. A última descoberta são pegadas de dinossauros no Texas. O mesmo cenário já havia acontecido no Hemisfério Sul, evidenciando a relação cada vez mais clara entre estiagens nunca vistas e as mudanças climáticas. As severas condições de seca no Dinosaur Valley State Park, cerca de 100 quilômetros a sudoeste de Fort Worth, expuseram pegadas de dinossauros de cerca de 113 milhões de anos, que antes estavam escondidas sob o Rio Paluxy, de acordo com o Departamento de Parques e Vida Selvagem do Texas. As pegadas, que foram descobertas este mês, pertencem a Acrocanthosaurus, que são terópodes, ou dinossauros bípedes com três dedos e garras em cada membro.

O dinossauro teria 15 pés de altura e pesava cerca de 7 toneladas quando adulto. Eles teriam deixado seus rastros em sedimentos que endureceram no que hoje é calcário. Com as condições de seca excessiva no verão passado, o rio secou completamente na maioria dos locais, permitindo que mais trilhas fossem descobertas aqui no parque. Em condições normais do rio, essas trilhas mais recentes estão submersas e geralmente são preenchidas com sedimentos, tornando-as enterradas e não tão visíveis. As mudanças climáticas são as alterações nas características do clima e da temperatura da Terra observadas a longo prazo. Diferentemente das variações climáticas, um processo natural, a causa original das mudanças climáticas é uma só: a ação humana no planeta. Desde a Revolução Industrial, a temperatura média no planeta aumentou 1,1ºC. O desafio para a humanidade é manter essa elevação até 1,5ºC, como reconhecem e se comprometem os países signatários do Acordo de Paris.

Caso contrário, os efeitos sobre o clima da Terra serão cada vez mais extremos, como mostra o relatório do IPCC, o painel climático da Organização das Nações Unidas (ONU). Nos Estados Unidos, um dos maiores e mais importantes rios, o Colorado, sofre como todo o oeste norte-americano. O que se vê no rio, de margens secas e embarcações encalhadas, é desolador. Tanto que os efeitos da seca podem ser observados até por imagens de satélites da Nasa. De acordo com especialistas, é a pior estiagem em 1.200 anos. Para tentar fazer frente ao desafio, o governo Joe Biden anunciou investimentos sem precedentes para reforçar a resiliência à seca e a gestão da água. A Lei de Infraestrutura Bipartidária prevê um investimento histórico de US$ 8,3 bilhões para enfrentar os desafios da seca. Segundo especialistas, não é apenas a variação de um ano para outro que afeta atualmente o sistema. O que se vê é resultado de ao menos duas décadas de estiagens.

Os efeitos apareceram e se tornaram mais difíceis de reverter. Também assolada por uma onda de calor, a Europa sofre durante o verão. Da Espanha à França, da Itália à Alemanha, quase metade do continente registra enormes secas em alguns dos principais rios. A estação mais quente do ano e a falta de chuvas afetaram de tal forma o Rio Reno, principal corredor para escoar a produção germânica até o Mar do Norte, que seu baixo nível ameaça o transporte de cargas em seu leito. Na Sérvia, a seca do rio revelou dezenas de cascos de navios alemães afundados durante a 2ª Guerra Mundial nas proximidades da portuária fluvial de Prahovo. Na Itália, em meio à pior seca nos últimos 70 anos, o governo decretou estado de emergência. No Rio Pó, o maior do território italiano, a situação é similar à do Reno e à do Danúbio. Ali também uma bomba da época da guerra foi encontrada no leito seco do rio.

O nível das águas baixou até 7 metros em algumas regiões. O Vale do Pó é responsável pela produção de 40% dos alimentos do país. O que se vê hoje no Hemisfério Norte é o que já se viu no Hemisfério Sul e pode voltar a ocorrer, em uma alternância de efeitos climáticos extremos cada vez mais frequente. Em 2021, a pior crise hídrica em 91 anos atingiu a Região Centro-Sul do Brasil. Rios como o Paraguai e o Paraná sofreram com a seca. O impacto foi tão grande que se espalhou para a Argentina e o Rio da Prata. Reforçando o que apontam os especialistas, um levantamento da plataforma MapBiomas deu números ao problema no Brasil: em 30 anos, 15,7% da superfície de água do País desapareceu. Mato Grosso do Sul foi o Estado mais afetado, com 57% de todo o recurso hídrico perdido desde 1990. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.