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22/Ago/2022

Singapura é um mercado interessante para o Brasil

Conhecida por sua riqueza, limpeza e modernidade, Singapura ainda é um país pouco familiar para os brasileiros. Essa ilha-estado do tamanho de Ubatuba (SP) possui o sexto maior PIB per capita do mundo, estando à frente de países como Estados Unidos, Alemanha e Japão. Um relatório recém-lançado apontou que, em 2030, a quantidade de milionários em Singapura em relação à população total ultrapassará a dos Estados Unidos, da China e de todos os países da Ásia-Pacífico. Atualmente, 7,5% dos singapurianos são milionários. A previsão é de que esse número passe para 13,4% em 2030. Os números impressionam, ainda mais porque se trata de um país que só se tornou independente em 1965. No dia 9 de agosto deste ano, Singapura comemorou seus 57 anos. Na semana anterior ao Dia Nacional, chamava a atenção a quantidade de bandeiras hasteadas nas portas e janelas por toda a cidade.

Uma jovem nação que conseguiu, em poucas décadas, se transformar em um dos países mais ricos do mundo. O comércio internacional está no centro dessa história de sucesso. Em função da sua posição estratégica, Singapura sempre foi considerada um "hub" logístico. Aliás, esse é um dos principais atributos que levam empresas e organizações a investirem e se instalarem no país. O Porto de Singapura deveria fazer parte da lista de lugares imprescindíveis para se visitar no país. Trata-se do segundo maior do mundo. Singapura é o 4º principal destino de investimentos estrangeiros do mundo e um dos mais abertos em termos de política comercial, contabilizando 27 acordos comerciais que envolvem 64 países. Esse número vai crescer com a recente conclusão das negociações do acordo de livre comércio entre o Mercosul e Singapura, iniciadas em 2018.

O governo brasileiro estima que, considerando os valores acumulados entre 2022 e 2041, este acordo poderá representar um incremento de R$ 28,1 bilhões no PIB brasileiro, além de um aumento de R$ 11,1 bilhões nos investimentos e R$ 21,2 bilhões nas exportações brasileiras para Singapura. Em termos de comércio, o ganho não está só na ampliação do acesso de produtos brasileiros ao mercado cingapuriano, que praticamente não apresenta barreiras em termos tarifários, mas sim na possibilidade de inserir o Brasil em cadeias globais de valor no continente asiático. Singapura tem uma população de pouco mais de 5,6 milhões de habitantes, mas o ambiente de negócios favorável e a possibilidade de acesso aos demais países do Sudeste Asiático tornam o país um destino muito interessante para quem deseja fazer negócios com aquela região do mundo.

Juntos, os 10 países do Sudeste Asiático somam uma população de cerca de 675 milhões de habitantes. Neste grupo estão, por exemplo, Tailândia, Vietnã e Indonésia. Esses três países juntos compraram, em 2021, quase US$ 7 bilhões em produtos agropecuários do Brasil. Como comparação, os Estados Unidos, que são o segundo principal destino das exportações agropecuárias brasileiras adquiriram US$ 9 bilhões. O Sudeste Asiático é um mercado de US$ 128 bilhões em termos de compra de produtos agropecuários. Em 2021, esses países importaram quase US$ 16 bilhões de cereais e US$ 8,2 bilhões em frutas e nozes. Além disso, o bloco apresenta altas taxas de crescimento econômico, sobretudo na última década, em que países como Vietnã, Camboja e Laos registraram crescimento médio próximo de 8% ao ano. A questão populacional também é um fator de atratividade.

Ao longo dos últimos anos, os países do Sudeste Asiático cresceram, em média, 1,1% ao ano e hoje representam cerca de 9% da população mundial. A maioria dos países dessa região é desconhecida do empresário brasileiro. Considerar Singapura como porta de entrada e até mesmo destino final das exportações pode ser muito interessante. Foi por esse motivo que a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) abriu um escritório de representação em Singapura no final do ano passado. Assim como os outros escritórios internacionais da CNA, o foco é apoiar os produtores brasileiros que desejam exportar para a região. Pelas razões já listadas, a atratividade do Sudeste Asiático é inegável, mas Singapura como mercado alvo não deve ser desconsiderada. O país importa praticamente todos os alimentos que consome, além de possuir uma população com alto poder aquisitivo. Somado a isso, é considerado uma vitrine para os demais países da região.

Conseguir inserir um produto no mercado singapuriano representa um selo de qualidade e facilita a entrada nos países vizinhos. Além disso, as autoridades e organizações que atuam com a pauta de comércio internacional oferecem uma rede de apoio e anseiam pela entrada de outros players no mercado. O desconhecimento não é só do lado dos brasileiros. Os singapurianos conhecem pouco ou nada do Brasil. Do agro brasileiro, o único produto encontrado com facilidade nos supermercados é frango, do que qual o Brasil é, de longe, o principal fornecedor. O título desse artigo é um exemplo de iniciativa voltada ao estreitamento das relações entre Brasil e Singapura. "It´s time for Brazil in Singapore" (algo como "É o momento do Brasil em Singapura”) é o nome de uma revista publicada pela Embaixada do Brasil em Singapura, com conteúdo sobre os dois países. Fonte: Sueme Mori. Broadcast Agro.