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16/Ago/2022

FIAGROS: crescimento sustentado no agronegócio

Os Fundos de Investimento nas Cadeias Produtivas Agroindustriais (Fiagros) acabam de completar um ano no mercado. Ainda que sejam poucos em número e modestos em patrimônio, especialistas apontam muitos motivos para crescerem muito e em pouco tempo. Nesse um ano, foram lançados e listados na B3 pouco mais de 20 Fiagros que totalizam aproximadamente R$ 3,483 bilhões em valor de mercado. Isso sem contar os fundos fechados, que junto aos listados somam um patrimônio líquido de R$ 4,113 bilhões. A expectativa é que esse produto irá liderar a indústria trilionária de fundos de investimento, ultrapassando até os já estabelecidos fundos imobiliários. O otimismo com o agronegócio brasileiro é um dos fundamentos que sustentam essa aposta. Outro argumento é que, apesar de responder por mais de 27% do PIB brasileiro, o agro aparece timidamente na Bolsa brasileira. No Ibovespa, principal índice acionário no País com 90 papéis, a participação porcentual é de pouco mais de 7%.

Um índice específico para o setor foi lançado pela B3 há menos de três meses, o IAGRO, e conta com 19 papéis. Segundo a XP, claramente o Brasil tem uma vantagem competitiva no agronegócio. O País é o principal 'ranqueado' na produção de diversos produtos, como grãos e carne, e é campeão nos rankings de exportação. Quando se alia isso a uma tese estrutural de que vai faltar terra e que a população está crescendo bastante, sendo preciso consumir insumos para se alimentar, o Brasil claramente está em posição de vantagem em relação a outras economias. Em julho, o patrimônio líquido total da indústria de fundos brasileira era de R$ 7,190 trilhões, segundo boletim mais recente da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima). Os fundos imobiliários representavam aproximadamente R$ 230 bilhões desse total e, agora, a expectativa de especialistas é que os Fiagros, que tinham PL de R$ 4,7 bilhões e 63 mil cotistas em junho, alcancem esse valor nos próximos anos. Um dado repetido pelos entusiastas do produto é o tamanho do agronegócio nacional, maior que outros setores importantes como incorporação e construção civil.

Segundo a Suno Asset, o investidor não pode ignorar isso. Fazendo esse paralelo, o Fiagro pode ser maior que os FIIs. A XP Inc. afirma que o produto supre uma demanda da indústria de investimentos importante. Até um ano atrás, a pessoa física contava com poucos instrumentos para investir em negócios ligados ao agro, como as LCAs (Letras de Crédito do Agronegócio) e os CRAs (Certificados de Recebíveis do Agronegócio) que, neste caso, são frequentemente oferecidos somente para investidores qualificados. O Fiagro atende a uma demanda reprimida de investimento pelo tema agro. A regulamentação da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) definiu três categorias de Fiagro: os de Fundos de Investimento Imobiliário (FII), os de Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDC) e os de Fundos de Investimento em Participações (FIP). A XP explica que cada produto tem um foco: o Fiagro-FII tem o objetivo majoritário de gerar renda mensal por meio de imóveis ou títulos, o Fiagro-FIDC concede crédito para um ente da cadeia do agronegócio e o Fiagro-FIP olha para o ganho de capital, podendo conter tanto terras quanto ações em sua cesta.

Mas, o que realmente chama a atenção do investidor pessoa física para o produto são a isenção tributária e o pagamento de dividendos. A isenção do imposto de renda faz com que o cotista do Fiagro tenha um retorno superior aos demais pelo benefício tributário. Os dividendos estão dentro dessa isenção e só há pagamento de imposto quando a cota é vendida na Bolsa com lucro. Para avaliar um Fiagro deve-se considerar: isenção tributária, pagamento de dividendos e retornos de CDI ou IPCA mais uma taxa prefixada são parâmetros de interesse para os investidores, mas três pontos devem ser observados na hora de selecionar os ativos: P/PV, dividend yield e carrego do fundo. O preço do mercado sobre o valor patrimônio, ou P/VP, possibilita entender se o fundo está negociando com ágio ou deságio no mercado. Se há um fundo com desconto muito interessante, é preciso conversar com o gestor e ler os relatórios gerenciais, mas isso já mostra que a compra do ativo será por menos do que ele vale. É um indicador bom.

No caso dos Fiagros que pagam dividendo mensal, a sugestão é conferir o dividend yield, calculado a partir do valor do dividendo sobre o valor de mercado do fundo. Por fim, o carrego, ou seja, a média das taxas dos ativos que compõem a carteira do fundo, informação obtida no relatório de gestão. Os chapéus de palha jogados ao alto em comemoração no salão da sede da B3, em São Paulo, no dia 8 de agosto, após o toque de campainha do SNAG11, primeiro Fiagro da Suno Asset em parceria com a Boa Safra Sementes, ilustram o avanço do agronegócio no mercado de capitais. Existe uma demanda muito grande dos investidores no setor, afirma a Boa Safra, empresa que fez IPO em abril de 2021. Anunciado no ano passado logo após a CVM permitir a negociação de Fiagros, o GCRA11, da Galápagos Capital, foi o primeiro a abrir para captação. A primeira oferta ocorreu ainda em agosto de 2021 e foi direcionada pela gestora somente para clientes institucionais.

Em dezembro, a gestora abriu a segunda captação, com coordenação do Itaú BBA, e para investidores em geral. Em janeiro deste ano, estreou na B3. A terceira oferta, encerrada na semana passada, levou o PL do fundo a R$ 172 milhões (de R$ 71,2 milhões). Com isso, a carteira deve aumentar a carteira dos atuais 15 para algo como 20 CRAs, em diferentes setores e regiões, segundo a Galápagos. Essa categoria de fundo fechado, ou seja, sem resgate de cotas, com perfil de fazer operações de crédito, dá ao gestor a possibilidade de fazer operações mais estruturadas, com complexidade maior e taxas mais atraentes. O momento macroeconômico é atraente para a categoria: tem taxas de juros mais altas, então os Fiagros indexados ao CDI têm uma perspectiva de remuneração interessante para os investidores. Para a XP, apesar do retorno alto da renda fixa ultraconservadora com a Selic a 13,75% ao ano, os Fiagros seguem atrativos e devem continuar captando bem nesse semestre. A XP tem dois fundos desse tipo: um listado na B3 (XPCA11) e outro de balcão (XPAG11).

Mas, há uma ressalva: o atual momento do ciclo de política monetária deixa mais propício os Fiagros de dívida do que de terras, numa lógica parecida aos FIIs. A Suno Asset optou por uma carteira mista para o SNAG11, com aplicações em CRAs e em arrendamento de terras. Os produtores rurais têm necessidade de crédito e oferecê-lo nas diferentes atividades do setor é uma ótima oportunidade de diversificação. Há dois anos, quando estourou a pandemia, os shoppings fecharam e as empresas começaram a devolver lajes corporativas. Então quem estava aplicando em fundos imobiliários sofreu. Mas, soja não pega Covid e, se o Fiagro existisse na época, seria uma parte da carteira para proteção. Embora destaque os pontos positivos da aplicação em Fiagros, a Suno Asset reforça que é um produto de renda variável, ou seja, está sujeito à flutuação de preços. Assim, se um investidor de perfil conservador sofre com a variação do Ibovespa, deve pensar muito bem antes de virar cotista de um fundo desses. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.