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16/Ago/2022

Supermercados: consumidores abandonando itens

Cresceu nos últimos meses o número de brasileiros que não conseguem levar para casa toda a comida que escolhe e coloca no carrinho do supermercado. O corte na compra ocorre na boca do caixa, quando o valor da conta passa do previsto. A saída tem sido abandonar desde itens básicos, como óleo de soja, até supérfluos, como refrigerantes. Impulsionado pela alta de preços dos alimentos, o carrinho que fica nos caixas dos supermercados está cada vez mais cheio. Entre janeiro e junho deste ano, 4,997 milhões de itens foram abandonados. É um volume quase 16,5% maior que o do primeiro semestre de 2021, ou 704,9 mil itens a mais, revela pesquisa inédita feita pela Nextop (empresa que atua há 25 anos com tecnologia de segurança do varejo). Por meio de inteligência artificial e de um grande banco de dados, foram extraídas informações autorizadas do movimento de caixa de 982 supermercados de médio e pequeno porte do País, que atendem a todas as faixas de renda e que juntos vendem R$ 5 bilhões.

Para chegar ao volume de produtos abandonados, foram reunidos itens cancelados e produtos que o consumidor consultou o preço e desistiu. Um crescimento de 16,42% na quantidade de itens abandonados é altíssimo e reflete que muita gente deve estar tomando susto. Apesar de não ter uma série longa de dados, as devoluções não teriam aumentado se a inflação de alimentos estivesse controlada. Em julho, o IPCA teve deflação de -0,68%, por causa dos cortes de impostos de combustíveis e eletricidade. Porém, os preços da comida se aceleraram e aumentaram 1,30%, ante avanço de 0,80% em junho. Em 12 meses, alimento subiu 14,72%, ante IPCA de 10,07%. O Instituto Brasileiro de Executivos do Varejo (Ibevar) ressalta a clareza desse indicador. O tamanho da pilha de produtos deixados no caixa é a medida concreta do tamanho da crise.

Além da falta de dinheiro, a perda de referência de preços, provocada pela aceleração da inflação, e a pouca clareza da loja para passar a informação aos clientes podem contribuir para desistência da compra. A Associação Brasileira de Supermercados não tem dados sobre devoluções. O resultado do estudo é um alerta para empresas e eventualmente isso pode estar acontecendo em maior ou menor escala, dependendo do tipo de loja e da região. Um ranking dos dez produtos mais devolvidos pelos consumidores no caixa de supermercado no primeiro semestre deste ano indica que a alta de preços da comida é generalizada: atinge pobres e ricos, com itens básicos e supérfluos. Quem lidera a lista é o refrigerante, aponta a Nextop. Na sequência vem o leite, seguido pelo óleo de soja, cerveja e açúcar. Dos dez itens que mais sobraram na boca do caixa, quatro são básicos: leite, óleo de soja, açúcar e farinha de trigo; e seis não tão essenciais: refrigerante, cerveja, molhos, biscoitos, hambúrguer e bebida láctea.

Quatro produtos mais abandonados no caixa (leite, óleo, cerveja e biscoito) também constam entre os dez que registraram as maiores quedas nas quantidades vendidas no varejo de autosserviço no primeiro semestre deste ano em relação a igual período do ano passado, segundo um levantamento inédito feito pela NielsenIQ, consultoria que monitora as vendas dos produtos nos supermercados. A cerveja puxa a fila dos itens com maiores quedas de venda em volumes apurada pela consultoria, com -15,6%, seguida pelo leite (-13,7%), cortes de frango (-11,6%), café (-8,5%), legumes (-8,2%), óleo (-7%), queijos (-6,5%), biscoitos (-5,1%), industrializados de carne (-2,8%) e cortes bovinos (-2,7%). Não por acaso, vários desses produtos estão entre os que mais registram altas de preços nos últimos meses, como leite, café, óleo, carne, biscoito, por exemplo, segundo o IPCA, índice oficial de inflação.

A freada brusca do consumidor na reta final das compras provoca um efeito em cascata. O encalhe faz com que os supermercados comprem volumes menores da indústria e esfriem o ritmo de produção e atividade. Hoje, o nível de estoques dos supermercados é o mais baixo dos últimos anos, afirma a Nextop. Para a Associação Brasileira de Supermercados, o setor está fazendo compras mais planejadas por conta dos níveis de inflação atingidos. As negociações estão muito mais intensas, à procura sempre do menor preço. A falta de algum produto é algo momentâneo e não há indicação de desestocagem. O aumento da inflação levou à perda de referência de preços de vários produtos, como leite, café, ovos, óleo, azeite, por exemplo. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.