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15/Ago/2022

Dólar fecha em baixa e na mínima em dois meses

O dólar terminou em forte queda o pregão de sexta-feira (12/08), no menor patamar em dois meses e emendando a terceira semana consecutiva de perdas, com operadores espelhando a fraqueza da moeda ante divisas emergentes e correlacionadas às commodities em um cenário de perspectivas de menor aperto monetário nos Estados Unidos. O dólar caiu 1,66% e fechou a R$ 5,07, mínima desde o dia 15 de junho (R$ 5,02). A cotação desceu a R$ 5,06 no ponto mais baixo do dia, queda de 1,84%. Na lista de vencedores no mercado de câmbio na sexta-feira (12/08) estiveram moedas de risco, com juros mais altos atrelados e mais golpeadas pelas perspectivas mais duras para a política monetária dos Estados Unidos.

A recuperação dessa classe de moedas veio na esteira de uma mudança no cenário para os juros norte-americanos, depois de dados de inflação mais brandos que o esperado nos Estados Unidos oferecerem esperanças de que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) não seja tão agressivo na elevação dos juros. Além das moedas de países emergentes, outras classes de ativos tiveram firmes altas. As Bolsas em Nova York mostraram novo rali e o Ibovespa bateu os 112 mil pontos. O ouro, que diferentemente dos títulos de renda fixa, não paga juro, subia 0,7%. As taxas dos títulos do Tesouro dos Estados Unidos, uma medida da trajetória dos juros, caíram. Segundo o Barclays, o exercício de correlação simples sugere que um recuo nas taxas dos Estados Unidos beneficiaria uniformemente os ativos de risco de mercados emergentes, mas mais significativamente o crédito e as moedas de alto rendimento.

O Real foi citado real entre as moedas de "alta qualidade" cujas operações com arbitragem de taxa de juros (carry trade) poderiam mostrar desempenho superior. O peso mexicano também está na lista. Segundo o UBS no Brasil, o Real tem a maior taxa de juros do mundo civilizado, e isso tende a ajudar a moeda. Por isso que toda vez que tem estresse e a taxa de câmbio chega a testar os R$ 5,50 ela acaba voltando para R$ 5,00. Ainda que os juros nos Estados Unidos sigam em alta num momento em que o Banco Central do Brasil pode ter encerrado o ciclo, o investidor vai se concentrar na possibilidade de ganhos nos ativos brasileiros. A percepção é de que esse momento chegou para o Brasil. É o momento de se posicionar para aproveitar esse juro mais alto, porque o risco de perder dinheiro diminui.

A tendência de curto prazo é aproveitar esse juro alto, se beneficiar da tendência de ganho de capital, porque a taxa vai cair. No acumulado da semana passada, o dólar recuou 1,83%. Na parcial de agosto, cai 1,90%, aprofundando a queda em 2022 para 8,96%, boa parte dela construída nos primeiros meses do ano. A forte desvalorização da moeda norte-americana no começo de 2022 aproximou a taxa real de câmbio efetiva do patamar sugerido pelos fundamentos, segundo estudo da Fundação Getúlio Vargas (FGV). O desalinhamento negativo médio chegou ao menor patamar desde pelo menos junho de 2020. Porém, após março a estimativa da é que o desvio negativo tenha voltado a aumentar.

O que vai dominar o câmbio até o fim do ano basicamente é a dinâmica doméstica, mas não se pode descartar, contudo, impacto potencial de surpresas externas, sobretudo do lado da política monetária norte-americana. O Barclays ponderou não ver início de uma tendência de valorização mais sustentada dos ativos dos mercados emergentes, o que poderia limitar, portanto, a performance do Real. O cenário macro continua desafiador em meio aos crescentes riscos de crescimento nos Estados Unidos e na Europa, tensões EUA-China renovadas e preços de commodities saindo das máximas. Além disso, o Fed pode precisar ver mais alívio nas pressões de preços do que apenas uma leitura antes de as autoridades do banco central darem meia-volta para o lado 'dovish'. Fonte: Reuters. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.