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10/Ago/2022

Inflação: deflação de julho puxada por combustíveis

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fechou julho com queda de 0,68%, ante um avanço de 0,67% em junho. A taxa acumulada pela inflação no ano ficou em 4,77%. O resultado acumulado em 12 meses foi de 10,07%. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) teve redução de 0,60% em julho, após uma elevação de 0,62% em junho. Foi a menor variação registrada desde o início da série histórica, iniciada em abril de 1979. Como resultado, o índice acumulou uma elevação de 4,98% no ano. A taxa em 12 meses foi de 10,12%. Em julho de 2021, o INPC tinha sido de 1,02%. O INPC mede a variação dos preços para as famílias com renda de um a cinco salários-mínimos e chefiadas por assalariados.

A queda de 0,68% registrada pelo IPCA em julho foi a deflação mais intensa da série histórica iniciada em janeiro de 1980. No mês de julho de 2021, o IPCA tinha sido de 0,96%. A taxa em 12 meses passou de 11,89% em junho para 10,07% em julho. O acumulado em 12 meses está no patamar de dois dígitos há 11 meses consecutivos. A última vez que a inflação ficou tanto tempo em dois dígitos foi entre novembro de 2002 e novembro de 2003. A meta de inflação para este ano perseguida pelo Banco Central é de 3,5%, que tem teto de tolerância de 5%. Os gastos das famílias com transportes passaram de um avanço de 0,57% em junho para uma redução de 4,51% em julho, um impacto de -1% no IPCA do último mês. A queda foi puxada pela redução de 14,15% no preço dos combustíveis. A gasolina caiu 15,48%, o impacto negativo mais intenso entre os 377 subitens que compõem IPCA, com -1,04%, enquanto o etanol recuou 11,38%, uma contribuição de -0,10%. O preço do gás veicular diminuiu 5,67%, mas o óleo diesel subiu 4,59%.

Ainda em Transportes, as passagens aéreas tiveram uma alta de 8,02%. O ônibus urbano subiu 0,18%. Os veículos próprios aumentaram 0,65%, com altas de preços dos automóveis novos (0,11%) e das motocicletas (0,65%), enquanto os automóveis usados tiveram queda de 0,21%. O grupo Alimentação e bebidas saiu de um aumento de 0,80% em junho para uma elevação de 1,30% em julho, contribuindo com 0,28% para a taxa de -0,68% do IPCA do último mês. A alimentação no domicílio aumentou 1,47% em julho. A maior pressão partiu do leite longa vida (25,46%), cujos preços já haviam subido 10,72% no mês anterior. O item impactou a inflação em 0,22%, maior contribuição positiva para o IPCA de julho. Os preços de alguns derivados do leite também subiram, como o queijo (5,28%), manteiga (5,75%) e leite condensado (6,66%). Outro destaque foram as frutas, com alta de 4,40% e impacto de 0,04%.

Por outro lado, os maiores recuos de preços ocorreram no tomate (-23,68%), batata-inglesa (-16,62%) e cenoura (-15,34%), que contribuíram conjuntamente com -0,12%. A alimentação fora do domicílio subiu 0,82% em julho, com altas no lanche (1,32%) e na refeição fora de casa (0,53%). As famílias brasileiras gastaram 1,05% a menos com habitação em julho, uma contribuição de -0,16% para a taxa de -0,68% do IPCA no mês de julho. A energia elétrica recuou 5,78%, com impacto de -0,24%. Após a sanção da Lei Complementar 194/22, vários Estados reduziram a alíquota de ICMS cobrada sobre os serviços de energia elétrica. Além disso, a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) aprovou as Revisões Tarifárias Extraordinárias de 10 distribuidoras espalhadas pelo País, reduzindo as tarifas a partir de 13 de julho.

A variação da conta de luz em julho foi desde uma queda de 17% em Vitória (ES) onde o ICMS foi reduzido de 25% para 17% e houve retirada da incidência sobre os serviços de transmissão e distribuição, até um aumento de 0,37% em São Paulo (SP), onde foi aplicado um reajuste de 10,43% nas tarifas de uma das concessionárias pesquisadas, em vigor desde 4 de julho. Ainda em Habitação, a taxa de água e esgoto subiu 0,96%, devido a reajustes em Porto Alegre (RS) e Campo Grande (MS). Sete dos nove grupos que integram o IPCA registraram altas de preços em julho. As famílias gastaram mais com Alimentação e bebidas (1,30%), Saúde e cuidados pessoais (0,49%, impacto de 0,06%), Artigos de residência (0,12%), Vestuário (0,58%, impacto de 0,03%), Despesas pessoais (1,13%, impacto de 0,11%), Educação (0,06%) e Comunicação (0,07%).

No grupo Vestuário, houve desaceleração no ritmo de alta das roupas masculinas (de 2,19% em junho para 0,65% em julho) e roupas femininas (de 2,00% para 0,41%). Os calçados e acessórios subiram 1,05%. Em Saúde e cuidados pessoais, o plano de saúde aumentou 1,13%. Em junho, foram incorporadas as frações mensais referentes a maio e junho do reajuste de 15,50% autorizado pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) em 26 de maio. Em julho, foi incorporada apenas a fração mensal correspondente ao índice do mês. Cabe lembrar que os planos novos têm peso de 89% no cálculo da variação do subitem, enquanto os planos antigos, anteriores à lei 9.656/98, têm peso de 11%. Houve ainda queda de 0,23% dos itens de higiene pessoal em julho, após alta de 0,55% em junho.

No grupo Despesas pessoais, os destaques foram os subitens empregado doméstico (1,25%) e cigarro (4,37%). Os cigarros tiveram reajustes entre 4,44% e 8,70% nos preços dos produtos comercializados por uma das empresas pesquisadas, a partir de 3 de julho. Na direção oposta, a deflação de 0,68% no IPCA de julho foi puxada pela queda no grupo Transportes (-4,51%), mas também houve recuo expressivo nos preços do grupo Habitação (-1,05%). Todas as regiões investigadas registraram queda de preços em julho. O resultado mais negativo foi observado em Goiânia (GO), -2,12%, enquanto o mais brando ocorreu em São Paulo (SP), -0,07%. Os decretos que reduzem a alíquota do ICMS incidentem sobre combustíveis e energia elétrica influenciaram a queda de preços na economia em julho. Mas, esse efeito deve ficar mais concentrado no IPCA de julho.

Não é possível mensurar a magnitude do impacto da redução do ICMS sobre a inflação, uma vez que os itens pesquisados sofrem influência de outros componentes. No caso da tarifa de energia elétrica, além do ICMS, ainda há incidência de PIS/Cofins, contribuição para iluminação pública, reajuste de tarifas por concessionárias e incidência de bandeira tarifária. Quanto aos combustíveis, os preços são coletados diretamente nas bombas, com impacto também de eventuais reajustes nas refinarias. No caso da energia elétrica, teve revisões tarifárias que reduziram a tarifa em várias regiões. Na gasolina o mesmo, a Petrobras fez redução no preço nas refinarias. Embora os decretos também tenham reduzido a alíquota do ICMS sobre serviços de comunicação, o IPCA não captou redução de preços nesse tipo de serviço.

Empresas de telecomunicações podem optar por melhorar o pacote de dados oferecido ao cliente, sem reduzir o preço, ou uma redução futura de valores decorrente dos decretos ainda pode ser efetuada nos próximos meses. A inflação de serviços usada como termômetro de pressões de demanda sobre os preços passou de uma alta de 0,90% em junho para uma elevação de 0,80% em julho. Os preços de itens monitorados pelo governo saíram de uma elevação de 0,48% em junho para um recuo de 4,35% em julho. Nos serviços, houve pressão em julho das passagens aéreas e alimentação fora de casa, além outros de serviços ligados ao turismo. O aumento nas passagens aéreas tem a ver com o querosene de aviação, com a questão cambial, teve valorização do dólar frente ao Real, e o próprio aumento da demanda. Houve uma retomada do setor de serviços com a melhora da pandemia. Especialmente no mês de julho, aumentou a demanda por serviços ligados ao turismo.

No acumulado em 12 meses, a inflação de serviços passou de 8,73% em junho para 8,87% em julho, a mais elevada desde junho de 2014, quando estava em 9,20%. Já a inflação de monitorados em 12 meses saiu de 11,73% em junho para 5,11% em julho. A variação acumulada em 12 meses dos serviços vem aumentando mês a mês. A demanda tem pressionado principalmente a parte dos serviços. No mês de julho, os itens de maior pressão no IPCA foram leite longa vida (0,22%), passagem aérea (0,05%), frutas (0,04%), plano de saúde (0,04%) e emplacamento (0,04%). O que puxou alimentos no IPCA de julho foi leite e derivados. A entressafra foi mais forte do que temos visto nos últimos anos aliada a um aumento de custos ao produtor. Na direção oposta, os itens que mais ajudaram a frear a inflação foram gasolina (-1,04%), energia elétrica (-0,24%) e etanol (-0,10%). Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.