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08/Ago/2022

Dólar tem recuo no Brasil na contramão do exterior

O Real brilhou no mercado global de moedas na sessão de sexta-feira (05/08), em meio à volta do apetite dos estrangeiros por ativos domésticos, após o Comitê de Política Monetária (Copom) sinalizar o fim do aperto monetário, e movimentos de realização de lucros e desmonte de posições cambiais defensivas no mercado futuro. Com mínima a R$ 5,16, o dólar encerrou o pregão em baixa de 1,03%, cotado a R$ 5,16. Assim, a divisa norte-americana terminou a primeira semana de agosto com leve queda (-0,14%), após ter recuado 5,90% na semana anterior e fechado julho com perda de 1,16%. Termômetro do apetite por negócios, o contrato de dólar futuro para setembro, que vinha movimentando cerca de US$ 10 bilhões, apresentou volume superior a US$ 13 bilhões. No exterior, o índice DXY (referência do comportamento do dólar frente a uma cesta de seis divisas fortes) disparou e chegou a tocar máxima aos 106,930, com ganhos expressivos da moeda norte-americana frente ao iene e ao euro.

As divisas emergentes e de países exportadores de commodities mais relevantes apanharam, com a exceção do Real, do baht tailandês e do rublo russo, com alta de mais de 2% frente ao dólar. O relatório de emprego (payroll) dos Estados Unidos em julho trouxe criação de 528 mil vagas, bem acima da mediana de projeções (250 mil). A taxa de desemprego caiu de 3,6% em junho para 3,5%, contra previsão de estabilidade. O salário médio por hora avançou em ritmo maior ao esperado tanto na comparação mensal quanto na interanual. Com o mercado de trabalho forte, os riscos de recessão diminuem e cresce a possibilidade de que o aperto monetário nos Estados Unidos seja mais rápido e intenso. As taxas dos Treasuries subiram em bloco, com altas entre 5% e 6%. O retorno da T-note de 2 anos, mais ligada ao ritmo de alta do juro básico, superou a faixa 3,20%. Monitoramento do CME Group mostra que as apostas de alta de 75 pontos-base dos Fed Funds em setembro voltaram a ser majoritária.

A taxa de desemprego nos Estados Unidos mostrou desaceleração para o nível pré-pandemia. Para o Banco Ourinvest, o mercado entendeu que o Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) tem margem para continuar subindo os juros no ritmo de 75 pontos, o que fortaleceu o dólar no exterior. No Brasil, a moeda norte-americana até chegou a seguir a maré externa e ensaiou uma alta mais firme ante o Real após a divulgação do payroll, correndo até a máxima de R$ 5,27. Mas, a febre compradora se desfez em sintonia com os ganhos do Ibovespa. Analistas observam que parece estar em curso um movimento de rotação global de carteiras rumo a ativos muito depreciados, caso das ações brasileiras e do próprio Real, similar ao observado no primeiro trimestre. Entre os gatilhos para a volta do estrangeiro ao mercado local estaria o sinal do Copom de fim de ciclo de aperto monetário, o que deu vazão à tese de possível corte da taxa Selic em 2023. Há também a recuperação dos preços das commodities diante da saúde da economia dos Estados Unidos e do incentivo ao setor imobiliário na China.

Os contratos futuros do cobre, termômetro das expectativas de crescimento econômico, subiram mais de 2%. Recuperando parte das perdas da semana, o minério de ferro avançou 2,63% em Qingdao, na China. Pelo lado doméstico, segundo a JF Trust, a percepção é que os ativos de risco podem se valorizar na expectativa de queda dos juros até o final de 2023 e normalização da política atraindo fluxo de capitais. A Armor Capital observa que, mesmo quando o dólar perdia força globalmente nos últimos dias com a expectativa de uma postura mais amena do Fed, o Real já apresentava uma boa performance em relação a seus pares. O Brasil se diferencia do resto do mundo por estar já na fase final de aperto monetário, enquanto os Estados Unidos e os outros países emergentes ainda estão em meio ao processo de alta de juros. O Brasil ofereceu juros reais mais atrativos que os outros países. Além disso, há o retorno de recursos para a Bolsa. O fechamento recente da curva de juros doméstica sugere que pode ter fluxo para a renda fixa local. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.