ANÁLISES

AGRO


SOJA


MILHO


ARROZ


ALGODÃO


TRIGO


FEIJÃO


CANA


CAFÉ


CARNES


FLV


INSUMOS

05/Ago/2022

Dólar recua acompanhando o movimento externo

Nesta quinta-feira (04/08), o dólar operou em baixa firme desde o início da sessão e acelerou o ritmo de queda ao longo da tarde, chegando a flertar com fechamento abaixo da linha de R$ 5,20. A perda de fôlego do dólar no Brasil se deu em sintonia com o tombo no exterior em relação a pares fortes, sobretudo o euro, e moedas de países emergentes. Operadores também relataram fluxo externo para ativos domésticos, em meio à alta de mais de 2% do Ibovespa e o bem sucedido leilão de NTN-Fs, papéis públicos prefixados preferidos pelos estrangeiros. A leitura de que o Copom, após elevar a taxa Selic em 0,50%, para 13,75%, acenou com o fim do ciclo de aperto monetário dá vazão a apostas em redução dos juros em 2023, o que aumenta o apetite ações ligadas ao consumo e posições prefixadas. O Banco Central afirmou que avaliará a necessidade de um ajuste residual, de menor magnitude, em sua próxima reunião. Afora uma alta pontual nos primeiros minutos de negócios, quando registrou a máxima do dia (R$ 5,29), a divisa operou em queda ao longo de toda sessão. Rompeu o piso de R$ 5,20, ao descer até a mínima de R$ 5,19.

No fim da sessão, com uma redução das perdas, o dólar fechou a R$ 5,22, queda de 1,09%. Com isso, os ganhos na semana e no mês se reduziram a 0,89%. Segundo a Terra Investimentos, parece que está havendo um rearranjo das carteiras em direção ao risco. O catalisador desse movimento é a sinalização do Banco Central de que o aperto monetário está no fim. O apetite maior parece ser pela renda variável, porque há muitas ações com preços bem descontados. Na renda fixa, as taxas dos principais contratos de Depósito Interfinanceiro (DI) recuaram, ajustando-se à sinalização do Copom. Em leilão, o Tesouro Nacional vendeu o lote integral de NTN-Fs. Foram 150 mil títulos com vencimento em janeiro de 2029 e 150 mil para janeiro de 2033, com valor total de R$ 265 milhões. Para o Banco Fibra, no cenário-base do Banco Central, a temporada de alta da Selic terminou. Apenas uma mudança significativa de cenário faria o Copom avaliar a necessidade de continuar o ciclo de aperto monetário.

Há possibilidade de uma retomada da alta de juros no início de 2023, dado o fortalecimento da demanda via estímulos fiscais, a resistência da inflação de serviços e o aumento da inércia inflacionária. No exterior, o índice DXY, termômetro do desempenho do dólar frente a seis divisas fortes, perdeu a linha dos 106,000 pontos, em meio a baixas de mais de 0,7% em relação ao euro e ao iene. O mercado realiza lucros e reduz posições defensivas, na esteira da perspectiva de que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) vai desacelerar o ritmo de alta de juros e do arrefecimento das tensões geopolíticas desencadeadas pela visita da presidente da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, Nancy Pelosi, a Taiwan. A libra também experimentou uma leve valorização. Como esperado, o Banco da Inglaterra (BoE) elevou a taxa básica de juros em 50 pontos-base, para 1,75%, para combater a maior inflação em quatro décadas.

A autoridade monetária projeta que a economia britânica entre em recessão a partir do quarto trimestre deste ano. Segundo a RB Investimentos, o câmbio no Brasil mostrou um ritmo parecido com o do dólar no exterior, que foi de enfraquecimento com a tensão geopolítica não escalando após o fim da visita de Pelosi. Internamente, há na Bolsa setores como imobiliário e consumo, mais sensíveis à taxa de juros, avançando com a leitura do mercado de que o Banco Central pode ter encerrado a alta de juros. O monitoramento do CME Group aponta que a chance de uma elevação de 50 pontos-base pelo Fed em 21 de setembro avançava a 64,5% nesta quinta-feira (04/08), de 57,0% na quarta-feira (03/08). A presidente do Federal Reserve de Cleveland, Loretta Mester, reconheceu que existe o risco de que os Estados Unidos amarguem uma recessão, mas ponderou que há um caminho para o Fed desacelerar a demanda sem provocar retração da atividade. Mester condicionou o ritmo da alta de juros à evolução dos índices de preços.

Nesta sexta-feira (05/08) sai um indicador-chave para avaliar a saúde da economia norte-americana: o relatório de emprego (payroll) em julho. A mediana das projeções é de criação de 250 mil pontos de trabalho, com piso em 75 mil e teto em 300 mil. Se confirmado, esse resultado mostrará uma desaceleração da geração de vagas, já que houve criação de 372 mil postos em junho. O número de pedidos de auxílio desemprego subiu a 6 mil na semana encerrada em 30 de julho, para 260 mil, em linha com a expectativa de analistas. Para a Terra Investimentos, em vez de dar sinais sobre o ritmo e a intensidade do aperto monetário nos Estados Unidos, as declarações recentes de autoridades do Fed têm provocado muito ruído. Mesmo com a continuidade da alta de juros nos Estados Unidos e o fim do ciclo de aperto no Brasil, o diferencial de juros seguirá em patamar relevante e manterá a atratividade de operações de "carry trade" que podem favorecer o Real. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.