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05/Ago/2022

Diesel: Petrobras anuncia redução de 3,5% no preço

A Petrobras reduziu o preço do diesel em 3,5% a partir desta sexta-feira (05/08), nas suas refinarias. O combustível teve uma queda de R$ 0,20 por litro, passando a custar R$ 5,41 por litro. Sem reajuste há quase 50 dias, o diesel estava sendo negociado em média no Brasil acima do preço internacional. Segundo a Petrobras, essa redução acompanha a evolução dos preços de referência, que se estabilizaram em patamar inferior para o diesel, e é coerente com a prática de preços da Petrobras, que busca o equilíbrio dos seus preços com o mercado global, mas sem o repasse para os preços internos da volatilidade conjuntural das cotações internacionais e da taxa de câmbio. Considerando a mistura obrigatória de 90% de diesel A e 10% de biodiesel para a composição do diesel comercializado nos postos, a parcela da Petrobras no preço ao consumidor passará de R$ 5,05 por litro, em média, para R$ 4,87 por litro vendido na bomba. A Ativa Investimentos recebeu com surpresa a redução.

A expectativa era de que a Petrobras não alterasse o preço do combustível no momento, já que existe grande volatilidade no mercado diesel e expectativa de aumento de preço no curto prazo. Havia, matematicamente, espaço para que esse corte fosse feito, mas pensando na própria forma de política da companhia, em não considerar movimentos conjunturais e sim os estruturais, e considerando as falas da diretoria na semana passada, o mercado esperava manutenção. O mercado de diesel tem se comportado diferente do petróleo e da gasolina, que estão com estoques globais em alta, enquanto os estoques do diesel estão em queda, o que indica elevação de preços no curto prazo. Os motivos são vários, como a substituição do gás natural na Europa pelo diesel, após sucessivos cortes de fornecimento anunciados pela Rússia, assim como o início da temporada de frio no Hemisfério Norte, que eleva a demanda pelo produto, em um momento de oferta restrita.

No Brasil, o descasamento da oferta com a demanda também ameaça o fornecimento, devido ao incremento do consumo para transporte da safra agrícola. O preço do diesel no Brasil estava há 15 dias acima do praticado no mercado internacional, mas especialistas avaliavam que a Petrobras não deveria reduzir o preço do produto, que será pressionado pela escassez da oferta entre setembro e novembro deste ano. Eles alertavam que, por causa da pressão política do governo, a estatal teria dificuldade de fazer um novo aumento perto das eleições se o diesel voltar a subir, como o previsto. O ponto é que o nível de volatilidade é grande e, no diesel, é normal trabalhar com cobertor de segurança. Segundo a Fundação Getúlio Vargas (FGV), a redução de 3,5% no preço do diesel terá impacto modesto na inflação. Diferente da gasolina, reajustes no diesel têm pouco impacto direto no índice de preços ao consumidor amplo (IPCA), a inflação oficial do País. O maior efeito é indireto, na formação dos preços do frete, transporte público e energia. A parcela indireta, no frete, transportes e energia, é maior.

Quedas no preço do diesel podem evitar novos aumentos nesses serviços. Mas, isso é difícil de medir. Diretamente, o reajuste de vai contribuir com uma redução de apenas 0,01% no IPCA em 30 dias. Esse efeito será concentrado, portanto, no índice de agosto. Para efeito de comparação, o impacto dos dois últimos reajustes para baixo no preço da gasolina da Petrobras, que caiu mais de 8% no total, deve ser uma redução entre 0,15% e 0,20% no IPCA de agosto. Ou seja, um impacto direto na inflação até 20 vezes maior que o da redução do diesel. A redução nos preços dos combustíveis abre espaço para um novo mês de inflação baixa, com potencial para reduzir as projeções do índice de 0,30% para algo próximo de 0,10%. Ainda assim, as reduções no preço dos combustíveis não devem modificar de forma significativa a percepção da inflação da população, sobretudo de baixa renda, que não têm gasolina e diesel em sua cesta de consumo. O que pesa na inflação dos mais pobres são os alimentos, com alta na casa dos 14% em 12 meses. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.