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04/Ago/2022

Diesel: previsão de alta no preço com oferta escassa

Há 15 dias o preço médio do diesel está sendo comercializado nas refinarias brasileiras acima do valor praticado no mercado internacional, sinalizando que existe uma janela para queda de preços pela Petrobras. Mas, a alta volatilidade do mercado de petróleo e a expectativa de escassez do combustível nos próximos meses devem impedir o movimento. A própria empresa já deu sinais de que não pensa em reduzir o preço no curto prazo, e se limitou a dar seus dois últimos reajustes apenas para a gasolina, cujo preço foi reduzido em R$ 0,35 por litro em duas semanas. Já o diesel está há 47 dias sem mudar de preço. Sobre a possibilidade de queda do preço diesel, a Petrobras disse que vê o momento com cautela, em função do aumento sazonal da demanda no segundo semestre, com o inverno no Hemisfério Norte, além da menor oferta das exportações russas e as paradas programadas de refinarias no Brasil.

Especialistas concordam e alertam que ainda há muita volatilidade e incertezas em relação ao diesel, e a expectativa é realmente de alta nos próximos meses. O diesel é o substituto natural para o gás usado na Europa, e que vem tendo seu fornecimento cortado pela Rússia. Nos Estados Unidos, a preocupação com a escassez do produto de setembro a novembro vem levando à formação de estoques, restringindo ainda mais a oferta global. Assim, não seria o momento para reduzir o preço do diesel, até porque a defasagem sofre grande influência do dólar, e o preço do petróleo está volátil. É preciso atenção para reunião da Opep, realizada nesta quarta-feira (03/08) e nos estoques nos Estados Unidos. Para a Stonex, os preços internacionais, tanto do diesel quanto da gasolina, tiveram quedas nos últimos dias, o que foi acompanhado pelo câmbio. Esse movimento aliviou o preço de paridade. Ainda assim, a partir de setembro a tendência é de que o diesel volte a ficar pressionado. Por isso, a Petrobras tem evitado mexer nos preços.

Além do mais, a companhia praticou preços abaixo do PPI durante a maior parte do ano e, agora, pode estar buscando uma compensação para alcançar um preço médio anual mais alinhado com o exterior. Segundo a Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), o risco de a Petrobras reduzir o preço do diesel no momento é de ter que aumentar o combustível mais à frente, já que o mercado está volátil e o produto está escasso. A entidade calcula que, na teoria, o preço do diesel poderia ser reduzido em média R$ 0,49 por litro, e a gasolina em R$ 0,24 por litro, na comparação com os preços internacionais de hoje para atingir a paridade com o Golfo do México, que serve de referência para a importação dos produtos. Anunciar a redução de preços é ótimo, mas se precisar jogar para cima mais à frente, vai ter de novo uma pressão muito grande do governo federal, A Petrobras deve esperar um pouco mais. A expectativa é de alta de preço do diesel e, mesmo com a janela aberta para importação, os associados da Abicom estão importando pouco neste ano. Somente um associado importou em 2022, e volume baixo.

Os exportadores norte-americanos estão deixando de exportar diesel para fazer estoques, que nunca estiveram tão baixos, porque temem que a temporada de furacões restrinja ainda mais a oferta. Para o Centro Brasileiro de Infraestrutura (Cbie), o que está segurando a queda de preços pela Petrobras é o receio com a volatilidade do diesel, atualmente maior do que a da gasolina. O diesel não tem acompanhado a curva de preço do petróleo pela possibilidade de faltar gás na Europa, e pelo armazenamento de diesel. Por isso, a Petrobras teme baixar agora e depois ter que aumentar. Seria possível uma queda de 5% no preço do diesel e de 3% para a gasolina. Os reajustes devem ser feitos aos poucos, semanalmente, de preferência, como faz a Acelen, refinaria baiana privatizada no final do ano passado. Ou vai acontecer como com o general Joaquim Silva e Luna (ex-presidente da Petrobras), que ficou com os preços parados e quando reajustou teve que aumentar em 25% o diesel e em 17% a gasolina (maio 2022).

Da mesma maneira, não é recomendável fazer como o também ex-presidente da Petrobras Pedro Parente, igualmente demitido por dar sucessivos aumentos em curtos espaços de tempo, seguindo o modelo implantado por ele em 2016: o preço de paridade de importação (PPI), que leva em conta a variação do preço do petróleo, do câmbio, e os custos de importação (frete, portos). A Acelen, um braço do fundo de investimentos árabe Mubadala, controla a Refinaria de Mataripe, na Bahia, e semanalmente faz reajustes na gasolina e no diesel, para cima ou para baixo. Na semana passada, reduziu o diesel em 1,4%, ficando com o preço abaixo da Petrobras, e da gasolina em 2,3%. O Instituto de Energia da PUC-Rio acredita que a Petrobras não mexe no preço do diesel por estar em compasso de espera, a fim de entender para onde caminha o mercado internacional. O alívio nas cotações do diesel é recente. O momento ainda é de incerteza, e a previsão é que o último trimestre do ano vai ser difícil, com recrudescimento das sanções à Rússia.

A proximidade das eleições também é um fator decisivo. Há todo um cuidado, porque sabem que, se baixar na hora errada, não é fácil subir os preços sob pressão política. De toda forma, a opção por manter preços mais altos que a paridade internacional só é possível porque a empresa não enfrenta concorrência no mercado doméstico. Além de produzir entre 70% e 80% do diesel consumido no Brasil, a estatal ainda é responsável por parte das importações. Em um cenário de volatilidade, preços altos e interferência política, importadores privados, sobretudo os que não atuam como distribuidores, optam por não operar. O mercado é aberto, mas muito concentrado. Se houvesse risco de perda de mercado, a Petrobras não faria isso (praticar preços acima do PPI). No mais, não se consegue contestar o mercado de um dia para o outro. Com a oferta de diesel apertada no exterior, leva tempo para que as empresas retomem importações e ofereçam produtos a preços mais baixos. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.