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04/Ago/2022

Grandes empresas apostam em startups para inovar

Gigantes do setor de alimentos e bebidas cresceram acostumadas a guardar a sete chaves os segredos do sucesso. A fórmula da Coca-Cola ou a receita do molho do Big Mac, por exemplo, são frutos de anos de pesquisas e inovações internas. Uma dessas gigantes, porém, decidiu abrir de vez suas portas para encontrar a fórmula ideal para a inovação. Presente no Brasil há 100 anos, a Nestlé está inaugurou, na terça-feira (02/08), o Panela House, um espaço aberto para startups, universidades e outros agentes desenvolverem produtos e soluções para o setor alimentício, contando com suporte corporativo, jurídico, comunicacional e até de estrutura dos laboratórios da gigante. O lugar fica no próprio prédio da companhia, no bairro Santo Amaro, em São Paulo capital. A companhia admite que os novos tempos exigem colaboração com novos nomes do setor. A Nestlé não deve e nem precisa passar sozinha pela inovação nos próximos 100 anos.

O Panela House é a concretização do sonho de fazer com que a companhia viva a inovação aberta. O hub de inovação e transformação digital da Nestlé, do qual o Panela House faz parte, nasceu em 2016, mas corria em ritmo muito mais lento do que se vê hoje. O empurrão, como aconteceu com diversas empresas tradicionais, veio na pandemia. Inicialmente, foi criada a plataforma digital Panela, onde mais de 1,8 mil startups foram selecionadas, 150 pilotos foram pinçados e 50 projetos ganharam escala. Um desses projetos é a criação de uma lata de aço inox retornável, evitando embalagens de plástico de uso único, um dos vilões da sustentabilidade. O item foi desenhado em parceria com a startup Nutriens, de cestas orgânicas. Por meio de site, a novata, fundada em 2017, vende produtos da Nestlé nessas latas, como aveia e achocolatado em pó. Essas pequenas startups trazem potência. E o impacto para o negócio fica muito mais rápido.

A Nestlé vem diminuindo o tempo entre a idealização e o lançamento de novos produtos. O lançamento do Panela House não é só uma nova etapa nos projetos da companhia. A ideia é que o espaço reflita uma nova visão sobre como a Nestlé deve lidar com novas tecnologias e soluções para o mercado. Com foco em sustentabilidade, a companhia diz que vai permitir a entrada de ideias externas, de críticas e ajustes de rota, propostas que parecem não combinar com gigantes centenários. Além disso, o espaço visa a fomentar parcerias em lançamentos. O espaço tem apoio de nomes como Distrito, Endeavor e o centro de inovação da empresa, em São José dos Campos (SP). A Nestlé ganha frescor ao questionar e ser questionada sobre novos produtos. Para a Fundação Getúlio Vargas (FGV), grandes empresas tendem a ser lentas, mas mudanças no mercado pressionam por mais agilidade, daí a necessidade por colaboração. A relação com startups é uma oportunidade de ventilar ideias.

A Nestlé não é a única gigante dos negócios a apostar em uma plataforma de inovação aberta no Brasil. O setor financeiro, considerado um dos mais avançados em termos tecnológicos, já vêm apostando nesse modelo: o Bradesco e Itaú possuem o Inovabra e Cubo, respectivamente, espaços de inovação para reunir empreendedores de startups em escala. Já na área de saúde, nomes tradicionais apostam no formato para gestar boas ideias já dentro de casa, como é o caso do Eretz.bio, do Hospital Israelita Albert Einstein, e do Inova.HC, do Hospital das Clínicas de São Paulo. Em alimentação, a BRF e a Ambev também têm seus espaços, fomentando startups com soluções feitas em casa. Segundo a consultoria Galunion, essas iniciativas são importantes, porque focam no problema do mercado para trazer soluções. O desafio está em evitar o nascimento de rivais no próprio berço. Ao fomentar essa inovação, criam-se novos negócios que podem virar um novo concorrente. Isso nem sempre pode ser controlado pela empresa. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.