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03/Ago/2022

Dólar avança com impulso de tensões geopolíticas

Em trajetória ascendente desde a abertura dos negócios, o dólar acelerou os ganhos no mercado doméstico de câmbio e encerrou a sessão desta terça-feira (02/08) em alta de 1,94%, cotado a R$ 5,27, após ter registrado máxima a R$ 5,28. O dia foi marcado por uma corrida global à moeda norte-americana. À tensão geopolítica entre China e Estados Unidos desencadeada pela visita da presidente da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, Nancy Pelosi, a Taiwan, somou-se um rearranjo de apostas para o ritmo de alta dos juros norte-americanos, na esteira de declarações duras de dirigentes do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano). Termômetro do desempenho do dólar frente a uma cesta de seis divisas fortes, o índice DXY operou em alta firme e voltou a superar os 106,300 pontos, com ganhos frente ao euro e ao iene.

O dólar também subiu em bloco na comparação com divisas emergentes e de países exportadores de commodities, com alta superior a 2% ante pares do Real como o rand sul-africano e os pesos mexicano e chileno. As taxas das Treasuries dispararam, com o retorno do papel de 2 anos, mais ligado às perspectivas para o aperto monetário nos Estados Unidos, subindo mais de 6% e voltando a passar de 3%. Ala relevante do mercado volta a encampar a aposta de que o Fed pode elevar a taxa básica em 75 pontos-base em setembro, hipótese que havia minguado na semana passada, após o presidente do Fed, Jerome Powell, dizer que seria apropriado diminuir o ritmo do ajuste monetário, dado que a taxa básica já estaria perto do nível neutro. Dirigentes do Fed com direito a voto nas reuniões de política monetária falaram duro nesta terça-feira (02/08).

A presidente do Fed de Cleveland, Loretta Mester, disse que a inflação nos Estados Unidos "não esfriou de forma alguma" e que o Fed ainda tem mais trabalho a fazer. A presidente do Fed de São Francisco, Mary Daly, já havia alertado para os riscos inflacionários ao dizer que o trabalho do Fed não está nem perto de ser concluído. "Nós elevaremos os juros e os manteremos lá por um tempo", afirmou ela. Segundo o C6 Bank, o dólar está se valorizando frente a todas as divisas emergentes. Esse movimento está sendo guiado por fatores técnicos e, principalmente, pelo temor de que o Fed mantenha uma postura mais 'hawkish' nas próximas reuniões. A parte curta da curva de juros norte-americana sobe mais de 20 pontos-base, impulsionando o dólar. Membros do Fed indicaram que a inflação ainda está muito alta e não descartam uma nova alta de 0,75 ponto na próxima reunião.

Embora a perspectiva de elevação dos Fed Funds em 50 pontos-base em setembro siga majoritária, a aposta em alta de 75 pontos subiu de 29% na segunda-feira (1º/08) para 40,5% nesta terça-feira (02/08), segundo monitoramento do CME Group. Relatório Jolts mostrou que a abertura de postos de trabalho nos Estados Unidos caiu a 10,698 milhões em junho, após 11,303 milhões em maio (dado revisado). As expectativas são para a divulgação, na sexta-feira (05/08) do relatório de emprego nos Estados Unidos (payroll) em julho. Para a Frente Corretora, a escalada do dólar no exterior está mais ligada a questões geopolíticas que às apostas em torno da intensidade e magnitude do aperto monetário nos Estados Unidos. Havia a possibilidade de os governos norte-americano e chinês costurarem acordo para suspensão de tarifas, o que ajudaria a retomar os fluxos comerciais e de abastecimento e, por tabela, a controlar a inflação. A China considera a ilha de Taiwan, onde os nacionalistas chineses ser refugiaram em 1949 após perder a guerra civil contra os comunistas, ainda parte do seu território e reivindica uma reintegração.

O recrudescimento das tensões geopolíticas volta a suscitar temores intervenção chinesa em Taiwan, levando a uma crise com o Ocidente. A China anunciou realização de exercícios militares e navais no Estreito de Taiwan. A visita da Pelosi a Taiwan gera muita insegurança e faz o mercado correr para o dólar. Mas, esse movimento deve perder força quando a visita terminar. O nível de R$ 5,20 é considerado como adequado para a taxa de câmbio. Na próxima reunião do Fed, o panorama de inflação deve estar melhor. O payroll já deve refletir um mercado menos aquecido. No Brasil, o mercado não espera grandes surpresas da decisão do Copom desta quarta-feira (03/08). A expectativa majoritária é de alta da taxa Selic em 0,50%, para 13,75% ao ano. A dúvida é se o Banco Central vai manter a porta aberta para uma alta adicional da taxa básica em setembro ou decretar o fim do ciclo de aperto monetário. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.