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03/Ago/2022

Diesel: nova regra de estoques pode elevar preços

Segundo o Instituto Brasileiro de Petróleo (IBP), a mudança na regra de estoques operacionais mínimos de diesel, em discussão na Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), pode acarretar elevação de R$ 0,07 por litro no preço médio do diesel comercializado pelas distribuidoras. O aumento viria no momento em que o governo federal acabou de reduzir impostos sobre combustíveis e tem pressionado a administração da Petrobras pela redução no preço do diesel em refinarias, sem sucesso. O IBP representa as empresas na mira da resolução, aquelas com mais de 8% de participação no mercado nacional de diesel A S10. São elas Petrobras e Acelen, que dominam o refino, e as distribuidoras Vibra Energia (27,5%), Raízen (19,9%) e Ipiranga (19,2%). A ANP deve decidir, em reunião da diretoria colegiada da próxima sexta-feira (05/08), se aumenta os estoques obrigatórios mínimos dessas empresas para o equivalente a nove dias do volume comercializado no mesmo mês do ano anterior.

A medida valeria entre os meses de setembro e novembro para fazer frente aos riscos de desabastecimento de diesel no segundo semestre, quando há um pico na demanda nacional associado à colheita e transporte da safra agrícola e a perspectiva de oferta internacional apertada em função da guerra e da temporada de furacões no Golfo do México (EUA). A regra atual para os estoques impõe três ou cinco dias de volume equivalente a depender da região de atuação da empresa. A ANP estimou impacto de preço bem menor que o previsto pelo IBP, na casa de R$ 0,01 por litro de diesel nas bombas. Esse valor teria ficado ainda menor após flexibilização parcial da proposta pelo corpo técnico da ANP para acomodar demandas das empresas, como a contabilização de cargas em trânsito marítimo. A previsão da ANP, no entanto, é considerada subestimada por agentes de mercado.

Um alto executivo de uma das três distribuidoras afetadas pela resolução afirma que, nos termos atuais da resolução, os custos da empresa serão aumentados em mais de R$ 500 milhões ao mês, o que seria repassado ao preço final do diesel revendido aos postos. Contra a medida, o IBP argumenta que a autorregulação dos estoques pelas empresas tem funcionado. Além disso, aumentar a média dos estoques nacionais não ajudaria em eventual crise de abastecimento nas regiões mais expostas do País, como o Norte. Além das refinarias, a tancagem das empresas também se concentra nas Regiões Sul e Sudeste. O aumento estimado pelo IBP vale para os preços praticados pelas distribuidoras como consequência do repasse dos custos de se manter estoques maiores, o que exige maior capital de giro. Essa alta tende a chegar ao consumidor final, mas a intensidade desse aumento nas bombas vai depender dos lojistas. No Brasil, não há controle do preço dos combustíveis.

Preocupado com o impacto dos preços na inflação e sua repercussão na inflação, o presidente Jair Bolsonaro tem conseguido baixar o preço da gasolina de forma efetiva, mas não consegue repetir o feito com o diesel. Segundo a ANP, o preço do diesel caiu somente 0,2% para R$ 7,42 por litro na semana passada. Em cinco semanas, a queda acumulada é de apenas 2%. Esse percentual contrasta com os 22,3% de queda acumulada no preço da gasolina nos postos desde o corte de impostos, no fim de junho. Só na semana passada, a gasolina teve queda de 2,5% no preço das bombas, chegando a R$ 5,74 por litro, o menor preço desde fevereiro de 2021. Além da redução de tributos, a Petrobras reduziu duas vezes o preço da gasolina em menos de dez dias. Mas, a estatal resiste aos pedidos do governo para baratear o diesel, sob a alegação de que as cotações internacionais, às quais a companhia observa, seguem voláteis.

A companhia produz entre 70% e 80% do diesel consumido no Brasil. Para ambos os combustíveis, os preços internacionais abriram uma janela de redução para os preços domésticos nas últimas semanas. Segundo a Stonex, o preço do diesel comercializado pela Petrobras nesta terça-feira (02/08) estava 11,4% acima do praticado pelo mercado internacional, o que permitiria uma redução de até R$ 0,64 por litro nas refinarias. No caso da gasolina, essa defasagem seria de 6,6%, com espaço para redução de R$ 0,24 por litro no preço médio da Petrobrás. Mesmo assim, a leitura do mercado é de que a gasolina, com demanda em queda e estoques mais estáveis no mundo, deve manter cotações mais estáveis no curto prazo, enquanto o diesel seguirá pressionado nos próximos meses. Essa é a avaliação da Petrobras. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.