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27/Jul/2022

FMI: riscos para economia global em 2022 e 2023

O Fundo Monetário Internacional (FMI) alerta, em seu relatório trimestral Perspectiva Econômica Mundial, publicado nesta terça-feira (26/07), que existe uma série de riscos de baixa para o crescimento global. Entre aqueles de particular preocupação, pode-se mencionar a guerra na Ucrânia e seus efeitos, o quadro de desaceleração econômica na China, a inflação persistente e o aperto monetário dos bancos centrais para conter a trajetória dos preços. A guerra da Rússia na Ucrânia pode elevar os preços de energia. Há muita incerteza na oferta de gás russo para a Europa, neste ano e no próximo, e um corte total nessas entregas se refletiria em mais inflação global. Na Europa, haveria potencialmente racionamento de gás e um forte impacto no Produto Interno Bruto (PIB) da zona do euro. A inflação, por sua vez, está elevada e deve retornar aos níveis pré-pandemia no fim de 2024. Vários fatores, porém, fazem com que ela mostre mais força e perdure mais, como a própria guerra na Ucrânia, além dos mercados de trabalho aquecidos.

Outro risco é que o processo para conter a inflação está se mostrando mais custoso que o esperado, com riscos de impacto ainda maior, a depender do nível de aperto dos bancos centrais. O FMI vê o risco de que condições financeiras mais restritas possam provocar problemas na dívida em economias emergentes e em desenvolvimento. Existe igualmente a possibilidade de que o crescimento fraco da China persista. Como risco de baixa para esse país, há a chance de novos lockdowns ante surtos da Covid-19. A alta nos preços de energia e alimentos provoca mais dificuldades para as pessoas, potencialmente causando dificuldades mais disseminada, fome e distúrbios. Como último desses riscos mais importantes no quadro atual, o FMI menciona que a economia global pode se tornar mais fragmentada, no médio prazo. A guerra na Ucrânia pode contribuir para isso. Essa fragmentação reduziria a eficácia da cooperação global para lidar com as mudanças climáticas, aumentando também o risco de que a atual crise alimentar possa se tornar a norma.

Assim, o FMI cortou a projeção de alta do Produto Interno Bruto (PIB) global de 3,6% para 3,2%. Para 2023, a queda de previsão foi de 3,6% para 2,9%, em relação ao relatório anterior, de abril. Os riscos para as perspectivas são predominantemente inclinados para o lado negativo. A guerra na Ucrânia pode levar a uma parada repentina de importações europeias de gás da Rússia; a inflação pode ser mais difícil de derrubar do que o previsto; surtos e bloqueios renovados de Covid-19, bem como uma maior escalada da crise do setor imobiliário pode suprimir ainda mais o crescimento chinês; e fragmentação geopolítica poderia impedir o comércio e a cooperação globais. Em um cenário alternativo plausível em que os riscos se materializam e a inflação suba ainda mais, o crescimento global pode cair para cerca de 2,6% e 2,0% em 2022 e 2023, respectivamente. Para os Estados Unidos, há corte na previsão de crescimento em 2022, de 3,7% para 2,3%. Para a China, o corte foi de 4,4% para 3,3%. Na zona do euro, por sua vez, a projeção saiu de 2,8% para 2,6%.

Uma tentativa de recuperação em 2021 foi seguida por desenvolvimentos cada vez mais sombrios em 2022. O desempenho foi um pouco melhor do que o esperado no primeiro trimestre, mas estima-se que o PIB real mundial encolheu no segundo trimestre, a primeira contração desde 2020, devido a crises nas economias da China e da Rússia. A probabilidade de uma recessão começar nas economias do G7 é estimada em quase 15% (quatro vezes seu nível normal). Em 2023, com o aumento dos preços continuando a comprimir os padrões de vida em todo o mundo, domar a inflação deve ser a prioridade para os formuladores de políticas. Em 2023, espera-se que a política monetária desinflacionária tenha impacto, com a produção global crescendo apenas 2,9%. Uma política monetária mais rígida inevitavelmente terá custos econômicos reais, mas o atraso apenas os exacerbará. Condições monetárias mais restritivas também afetarão a estabilidade financeira, exigindo o uso judicioso de ferramentas. Nesse contexto, foi elevada a projeção de inflação ao consumidor para o Reino Unido de 7,8% para 10,5% em 2022 e da zona do euro de 4,4% para 7,3% em 2022.

A inflação deve chegar em 6,6% em países avançados e 9,5% em emergentes em 2022, sendo que a inflação de países avançados foi revisada para cima em 0,9% e a de emergentes foi revisada em 0,8%, também para cima. O mundo poderá em breve estar à beira de uma recessão global. A cooperação multilateral será essencial em diversas áreas. A perspectiva piorou significativamente desde abril, quando o relatório anterior havia sido publicado. O FMI cortou a projeção para crescimento econômico global para 3,2% neste ano e 2,9% no próximo, 0,4% e 0,7% abaixo do projetado há três meses. A previsão reflete a estagnação do crescimento nas três maiores economias do mundo: Estados Unidos, China e zona do euro, com consequências importantes para as perspectivas globais. Por outro lado, a expectativa para inflação mundial foi revisada para cima. Trazer a inflação à meta deve ser a prioridade número um dos bancos centrais. A economia global, ainda sofrendo com a pandemia e a invasão da Ucrânia pela Rússia, enfrenta uma perspectiva cada vez mais sombria e incerta.

Muitos dos riscos negativos sinalizados em abril começaram a se materializar. Os mecanismos de resolução de dívidas continuam lentos e imprevisíveis, prejudicados por dificuldades na obtenção de acordos coordenados de diversos credores sobre seus créditos concorrentes. Apesar de serem encorajadores, os progressos recentes na implementação de um quadro comum ao G20, medidas adicionais são urgentemente necessárias. Os países devem usar adequadamente as ferramentas que possuem para salvaguardar a estabilidade financeira, em um cenário com condições cada vez mais apertadas. Onde as taxas de câmbio flexíveis são insuficientes para absorver choques externos, os formuladores de políticas precisarão estar prontos para implementar intervenções cambiais ou medidas de gerenciamento de fluxo de capital em um cenário de crise. Quanto à questão energética, as políticas domésticas para lidar com os impactos dos altos preços da energia e dos alimentos devem se concentrar nos mais afetados sem distorcer os preços.

Para lidar com a mudança climática é necessária ação multilateral para limitar emissões e aumentar investimento em energia verde e pede para que, em meio à guerra na Ucrânia, legisladores e reguladores garantam que a busca por combustíveis fósseis será apenas temporária. Para o Brasil, especificamente, o FMI elevou novamente a projeção para o Produto Interno Bruto (PIB) em 2022, de uma alta de 0,8% em abril para 1,7% agora. Apesar de ser a maior revisão para cima anunciada pelo organismo, o País vai crescer menos que a média mundial e seus pares emergentes. A expansão do Brasil deve apoiar, contudo, o PIB da América Latina. A América Latina e o Caribe também tiveram uma revisão para cima, de 0,5% em 2022, como resultado de uma recuperação mais robusta nas grandes economias. Para 2023, há novo corte nas projeções e a economia brasileira deve crescer 1,1% e não mais 1,4%, como estimou em abril. Novamente, a redução das previsões foi em ritmo mais ameno do que a de outros países. Ainda assim, passadas as eleições presidenciais no Brasil, a economia deve se expandir abaixo do PIB global e dos mercados emergentes. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.