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26/Jul/2022

Grãos: oferta global deve seguir apertada em 2022

Assim como o gás russo começou a fluir novamente para a Europa, os estoques de grãos presos na Ucrânia por causa da guerra poderão retornar em breve ao mercado global. Os países mais pobres terão algum alívio com a retomada da oferta, mas talvez não tanto quanto gostariam. Ucrânia e Rússia, com a intermediação da Organização das Nações Unidas (ONU) e da Turquia, chegaram na sexta-feira (22/07) a um acordo que prevê a retomada dos embarques ucranianos de alimentos pelo Mar Negro. Cerca de 20 milhões de toneladas de trigo e outros grãos estocadas precisam sair do país nos próximos meses, assim como a safra de inverno do trigo, que está em fase de colheita. O acordo deverá evitar uma crise alimentar e agitação social em países que dependem muito das importações ucranianas, em geral economias emergentes cujos consumidores gastam uma parcela maior de sua renda com alimentação.

No entanto, os estoques globais estão mais baixos do que nos últimos anos. A relação entre estoque e demanda dos principais grãos, incluindo trigo e milho, deve cair para 29,8% neste ano, abaixo dos 30,7% de anos anteriores, segundo a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO). Com a notícia do acordo entre Ucrânia e Rússia, os contratos futuros de trigo na bolsa de Chicago fecharam o dia 22 de julho em queda de mais de 5%. A diferença de US$ 30,00 por tonelada entre o preço à vista pago pelo trigo ucraniano no dia 21 de julho e os contratos futuros indica que os investidores esperam uma oferta extra e preços menores nos próximos meses, segundo a empresa de dados AgFlow. Se o corredor de exportações pelo Mar Negro for bem-sucedido, os preços do trigo argentino e do brasileiro poderão cair.

Os países africanos que normalmente compram da Ucrânia culturas importantes vêm recorrendo a fornecedores alternativos, o que levou a um aumento do preço do trigo argentino em particular. Seja como for, é mais barato obter o trigo nos portos do Mar Negro: o custo do frete para transportar trigo da Argentina para o Senegal é de US$ 60,00 por tonelada e de US$ 46,00 por tonelada no caso do cereal oriundo do Mar Negro. No entanto, o acordo ainda não entrou em vigor, e os prêmios de seguro para a movimentação de navios pelo Mar Negro continuam altos. A Ucrânia teme que a remoção de minas para criar um corredor para a passagem dos navios possa deixar seus portos vulneráveis a ataques, mas seu progresso no transporte ferroviário durante o bloqueio tem sido lento.

Como a largura dos trilhos de trens da Ucrânia e da Europa é diferente, os grãos precisam ser recarregados em contêineres europeus na fronteira. Hoje, os preços dos grãos estão abaixo do pico que alcançaram depois que a Rússia invadiu a Ucrânia. O ágio da guerra saiu do mercado. Safras melhores que o esperado em alguns países e a pressão sobre os preços das commodities em geral contribuíram para isso. Mesmo após as quedas recentes, os grãos não estão baratos em comparação com a média histórica. Na Bolsa de Chicago, os futuros estavam na casa de US$ 8,00 por bushel até o dia 21 de julho, mas, entre 2014 e 2020, eles não chegavam a mais de US$ 6,00 por bushel, segundo a Marex. Fonte: Valor Online. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.