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26/Jul/2022

Brasil: câmbio anula a melhora na inflação global

O risco de recessão na economia global abriu a perspectiva de maior equilíbrio entre oferta e demanda por produtos, podendo levar a uma recomposição mais rápida do que se previa até então em setores afetados por rupturas nas cadeias de produção. Os efeitos na inflação brasileira tendem a ser, no entanto, em grande parte anulados pela depreciação cambial decorrente da piora na percepção de risco fiscal. O ambiente segue altamente instável, com diversas ameaças à reorganização das cadeias produtivas no horizonte. As principais são o risco de quebra no fornecimento de gás à Europa, por conta de retaliações russas às sanções sofridas desde o início da guerra na Ucrânia, a limitação na oferta de alimentos, também associada ao conflito, bem como a condições climáticas, e as restrições da política de Covid zero da China. Porém, o recuo recente no frete da China aos Estados Unidos e a volta dos preços de metais como aço, cobre e alumínio a valores anteriores ao conflito na Ucrânia são percebidos por economistas como sinais de que as cadeias de produção começam gradualmente a se normalizar.

A perda de tração das economias desenvolvidas e a reabertura do Porto de Xangai, cujo fechamento por dois meses levou o transporte internacional de cargas ao caos, dado o congestionamento de navios e falta de contêineres, são acontecimentos que ajudam a diminuir o descompasso entre oferta e demanda. No Brasil, há na indústria avaliações de que as férias de verão no Hemisfério Norte podem resultar em deslocamento de insumos aos demais mercados, ajudando a desafogar setores, como montadoras de carros e fabricantes de aparelhos eletrônicos, que sofrem há mais de um ano com a escassez mundial de chips. A possibilidade de moderação da inflação internacional deve ter efeitos limitados na economia brasileira, uma vez que incertezas sobre as âncoras fiscais do País levam parte do mercado a prever um dólar mais caro à frente. Isso tem consequências nos preços das commodities cotadas em moeda forte, incluindo proteínas.

Muitas coisas estão se normalizando em relação ao quadro anterior de economia super aquecida, no qual os preços não paravam de subir. Se a inflação, de fato, virar no mundo, o Brasil deveria ser o maior beneficiado, mas a situação fiscal talvez não abra espaço para o Banco Central cortar mais os juros. Riscos mais idiossincráticos forçam o Brasil a ter juros mais altos. O Banco Original observa que os riscos fiscais ficaram mais acentuados com a criação ou ampliação de benefícios a brasileiros de baixa renda, caminhoneiros e taxistas. Isso deu novo fôlego ao dólar num momento em que a moeda, pela perspectiva de recessão internacional, já se mostrava mais forte. Está claro que não há ninguém para defender o teto de gastos, e isso repercute em aumento de risco, com impacto no câmbio, uma referência a manobras feitas desde o ano passado que flexibilizaram o arcabouço fiscal e contornaram as restrições a novos gastos em ano eleitoral. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.