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21/Jul/2022

Governo deixará um legado inflacionário para 2023

Em vez de combater a inflação, o presidente Jair Bolsonaro prepara um legado inflacionário para o próximo governo. Concentrado na caça de votos, o presidente escolheu como prioridade, em sua campanha, conter a alta de preços dos combustíveis e dar algum alívio (sem dúvida necessário) a trabalhadores negligenciados na maior parte de seu mandato. Socorridos somente na pior fase da pandemia, esses brasileiros foram abandonados em 2021, sujeitos ao desemprego ou ao subemprego, enquanto o custo de vida aumentava e os juros em alta sufocavam os endividados. Já empobrecidas, essas pessoas continuarão a pagar em 2023 pelos desmandos fiscais e improvisos da política eleitoreira. Cortar impostos, distribuir subsídios e aumentar o Auxílio Brasil podem atenuar por algum tempo a pressão inflacionária, mas essas medidas serão limitadas em dois sentidos. Em primeiro lugar, seu efeito será temporário. Em segundo, nenhuma delas eliminará as causas da inflação.

Mas, além de limitadas em seu alcance, essas medidas poderão criar insegurança no mercado, afetar o câmbio, encarecer a dívida oficial e complicar perigosamente a gestão das contas públicas. Todas essas consequências, a começar pela instabilidade cambial, tenderão a realimentar a alta de preços. As ações de curto prazo poderão derrubar os índices de inflação, por algum tempo, e esse efeito provável já é levado em conta no mercado. Em quatro semanas o aumento de preços ao consumidor estimado para 2022 passou de 8,27% para 7,54%. Mas, a curva do próximo ano mudou no sentido contrário. Pela última projeção, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subirá 5,20% em 2023. Quatro semanas antes, os cálculos apontavam 4,83%, segundo a pesquisa Focus, publicada pelo Banco Central. A expectativa de inflação ainda alta no próximo ano, quando os efeitos da improvisação estiverem esgotados, afeta as projeções da Selic, a taxa básica de juros. A Selic prevista para o fim de 2022 ficou em 13,75% nas últimas quatro semanas, mas vários analistas já insistem na hipótese de uma taxa de 14%.

Para 2023, a projeção do boletim Focus passou de 10,25% para 10,75% em um mês. As bondades fiscais poderão facilitar um crescimento econômico de 1,75% neste ano. As estimativas para 2022 têm crescido, mas o desempenho calculado para o Brasil continua bem inferior àqueles projetados para a maior parte dos emergentes. Além disso, os estímulos improvisados para o ano, e ainda incertos, devem produzir efeitos passageiros. Segundo as projeções para 2023, o Produto Interno Bruto (PIB) crescerá 0,50%. As previsões do mercado indicam 1,80% para 2024 e 2% para 2025, taxas compatíveis, segundo se supõe, com o potencial de crescimento. Se nenhuma grande surpresa ocorrer, o presidente Bolsonaro concluirá seu período com o País estagnado e despreparado para crescer, contas públicas em condições precárias, pressões inflacionárias e muito desemprego. Na falta de outro motivo, pelo menos o fim de seu mandato será um fato animador. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.