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19/Jul/2022

Dólar em alta com sentimento negativo no exterior

Uma piora do sentimento no exterior, com virada das Bolsas em Nova York para o campo negativo, fez com que o dólar ganhasse força no mercado doméstico de câmbio nas últimas horas de negócios e encerrasse a sessão desta segunda-feira (18/07) em alta, na casa de R$ 5,42. Pela manhã, a divisa operou em queda firme, tendo descido até mínima de R$ 5,35 (-0,95%). O Real era beneficiado pela valorização das commodities, na esteira de anúncio do governo da China de estímulos ao setor imobiliário, e pela consolidação da aposta de que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) não vai acelerar o ritmo de alta de juros neste mês. Mas, assim que o clima mudou nas Bolsas de Nova York, sob novos temores de recessão diante de notícias de que a Apple está preocupada com desaceleração do crescimento nos Estados Unidos, teve início um movimento de realização de lucros intraday e de recomposição de posições defensivas no mercado local. Assim, o dólar não apenas trocou de sinal como correu até a máxima de R$ 5,42 (+0,44%).

O dólar encerrou a R$ 5,42, em alta de 0,38%, o que leva a valorização acumulada em julho a 3,65%. Operadores ressaltam que a liquidez foi apertada, o que tornou a taxa de câmbio mais suscetível a operações pontuais. Principal referência do apetite por negócios, o contrato de dólar futuro para agosto girou menos de US$ 10 bilhões. No exterior, o dia foi de ajuste de baixa da moeda norte-americana frente a divisas fortes, sobretudo o euro e a libra, muito castigados na semana passada. Em relação a divisas emergentes e de países exportadores de commodities, incluindo pares do real, o desempenho foi misto. Segundo a Ourominas, houve uma retomada de posições defensivas no mercado local com a piora do humor na Bolsa de Nova York, uma vez que os mercados estão muito sensíveis a qualquer sinal que mostre perda de fôlego da economia global. Os investidores querem ver como os BCs vão conseguir combater a inflação sem sufocar o crescimento econômico. O Banco Central Europeu (BCE) deve anunciar uma alta da taxa de juros (provavelmente em 25 pontos base) na quinta-feira (21/07).

Nesta quarta-feira (20/07), sai o índice de preços ao consumidor na zona do euro em junho. Há possibilidade de o dólar correr até R$ 5,50 nas próximas semanas, dependendo do grau de aversão ao risco no exterior e das decisões de política monetária do BCE e do Federal Reserve (no dia 27 de julho). Com a perspectiva mais forte de recessão na Europa e o descompasso do ritmo de aperto monetário entre Fed e BCE, o euro se enfraqueceu bastante em relação ao dólar. Após divulgação de redução das expectativas de inflação nos Estados Unidos, relevada na sexta-feira (15/07) por leitura preliminar do sentimento do consumidor em julho feita pela Universidade de Michigan, o mercado voltou a apostar majoritariamente em uma alta de 75 pontos-base da taxa básica norte-americana neste mês. Segundo a JF Trust, caiu significativamente a chance de elevação dos Fed Funds em 100 pontos-base. A deterioração do índice de mercado imobiliário reforma a percepção de que o Fed não será tão agressivo nos juros até o final do ciclo.

No Brasil, o mercado parece estar esperando uma redução da aversão ao risco, já que o Boletim Focus trouxe mediana de R$ 5,13 para a taxa de câmbio no fim do ano. A Armor Capital observa que o Real apresentou uma piora em seu desempenho relativo frente a pares nos últimos dias, dado o ambiente externo conturbado e o aumento do risco fiscal doméstico. A tensão entre os poderes Executivo e Judiciário também acaba por elevar os prêmios de risco e investidores estrangeiros seguem retirando recursos da bolsa brasileira. O cenário para a taxa de câmbio segue de alta volatilidade no curto prazo, porém se vislumbram mais vetores de depreciação da moeda, com dólar forte e elevação do risco fiscal, principalmente. O presidente Jair Bolsonaro voltou a atacar o sistema eleitoral brasileiro e pôr em xeque a segurança das urnas eletrônicas em encontro nesta segunda-feira (18/07) com embaixadores estrangeiros. Segundo o presidente, hackers ficaram por oito meses dentro dos computadores do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e tiveram acesso a uma senha de um ministro da Corte. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.