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19/Jul/2022

Mudanças nos hábitos de consumidores brasileiros

De acordo com dados de um levantamento da consultoria Horus, a partir de uma base de dados com cerca de 500 milhões de notas fiscais, o primeiro semestre de 2022 marcou a mudança no perfil de compras dos consumidores brasileiros nos supermercados. Com a alta de preços, o momento foi de uma maior procura pelos produtos substitutos. Ovos, linguiça e frango apresentaram um aumento de presença na lista de compras, em relação ao mesmo período de 2021. Esses itens ocupam agora o espaço anteriormente destinado à carne bovina, com consumo mais restritivo por conta do aumento de preços provocados pelo câmbio e pela inflação.

Os ovos foram o item com maior crescimento de procura: 1,2% e estão presentes em 5,7% das compras, mesmo com alta no preço médio unitário, que passou de R$ 0,49 para R$ 0,54. Para a Neogrid, empresa de tecnologia do mesmo grupo da Horus, o aumento de procura poderia ser ainda maior, porque há demanda pelo produto. A procura aumentou, por causa da busca pela substituição de carnes, mesmo com preços mais elevados. Com isso, há hoje uma demora maior para reposição dos estoques dos mercados. O produto não é encontrado em dois a cada dez mercados, embora o cenário não se enquadre como de escassez. Se houvesse maior oferta, as vendas de ovos seriam ainda maiores.

O frango avançou 0,5% e é a proteína mais presente nas listas de compras, com 10,8% de frequência. A demanda por linguiça apresentou alta de 0,7%. O embutido foi encontrado em 5,8% das notas fiscais. A cesta de proteínas constatou ainda aumento de compras de carne suína e mortadela. Segundo o Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica da Fundação Oswaldo Cruz (ICICT/Fiocruz), os ovos são a melhor opção para compra, em termos de valor nutricional, na impossibilidade de aquisição de carnes brancas ou vermelhas. São uma alternativa mais saudável, porque não têm aditivos, são produtos in-natura, e têm excelentes proteínas.

Os ultraprocessados, como salsichas, linguiças, nuggets e hambúrgueres devem ser evitados, porque têm muita gordura, muito açúcar ou muito sal, quando não apresentam muito dos três problemas. Os ovos já foram considerados grandes vilões, mas hoje essa percepção não é considerada mais correta. O levantamento aponta ainda o aumento de consumo de biscoitos, snacks, salgadinhos e refrigerantes no mesmo período. Entre eles, os biscoitos, itens mais presentes, foram também os que apresentaram maior crescimento. Com alta de 0,9%, alcançaram presença em 19,6% das compras. Já snacks e salgadinhos subiram 0,8% e estão em 7,9% cupons.

A pesquisa aponta que esses itens são considerados, em situações normais, de indulgência, e funcionam como recompensas que o consumidor se concede em momentos de dificuldades. No entanto, em meio ao cenário de inflação e perda de poder de compra, e à redução dos salários iniciais daqueles que recuperam seus empregos, percebe-se outro fenômeno. Há uma tendência de redução de consumo desses produtos, mas a demanda tem aumentado justamente nas faixas de renda mais baixa, o que leva a crer que essa seja uma opção para uso em substituição de proteínas, por consumidores que não estejam conseguindo comprar nem mesmo frango, linguiça, salsicha ou ovos. É um movimento que já aconteceu em outros momentos e, geralmente, ocorre nos pratos das crianças porque esses produtos são salgados. Fonte: CNN. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.