ANÁLISES

AGRO


SOJA


MILHO


ARROZ


ALGODÃO


TRIGO


FEIJÃO


CANA


CAFÉ


CARNES


FLV


INSUMOS

18/Jul/2022

Dólar recua com a recuperação dos ativos de risco

Uma recuperação dos ativos de risco no exterior, com alta das Bolsas em Nova York e queda global da moeda americana, abriu espaço para que o dólar recuasse na sessão de sexta-feira (15/07) no mercado doméstico de câmbio. Afora uma alta leve e pontual, a divisa operou em baixa ao longo de todo dia, registrando mínima a R$ 5,37, no início da tarde. No fim da sessão, a moeda recuava 0,52%, cotada a R$ 5,40. Apesar do refresco, o dólar terminou a semana com ganhos de 2,60%, o que leva a valorização acumulada no mês a 3,25%. O alívio nos mercados veio na esteira de redução, ainda que modesta, das expectativas de inflação nos Estados Unidos e da melhora do sentimento do consumidor norte-americano. Trata-se de uma combinação que desautoriza apostas em alta de 100 pontos-base na taxa de juros, que vinha ganhando força após índices inflação ao consumidor (CPI) e ao produtor (PPI) em junho acima do esperado - e mitiga parcialmente os temores de recessão.

Dirigentes do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) vieram a campo para pontuar que o ritmo de elevação dos Fed Funds em 75 pontos-base é apropriado e reforçar a tese de "pouso suave" da economia norte-americana. O presidente da Fed de Atlanta, Raphael Bostic, afirmou que subir os juros muito dramaticamente pode minar a tendência positiva da atividade. O dirigente da distrital de St. Louis, James Bullard, disse que os dados de emprego contrariam totalmente a ideia da recessão. A fala foi temperada com alerta sobre inflação disseminada e, por tabela, necessidade de que a taxa básica atinja uma faixa para 3,75% a 4% até o fim do ano. No exterior, o índice DXY (que mede o desempenho do dólar frente a uma cesta de seis divisas fortes) recuava 0,47% quando o mercado local fechou, mas ainda se mantinha acima dos 108,000 pontos, nos maiores níveis em 20 anos.

O dólar também perdeu força em relação a divisas emergentes e de exportadores de commodities, com destaque para as baixas de mais de 7% frente ao peso chileno, após o Banco Central do Chile anunciar um programa de intervenção no câmbio da ordem de US$ 25 bilhões. A Venice Investimentos vê a movimentação dos mercados como um ajuste após a forte rodada de deterioração dos ativos de risco nas sessões anteriores, em meio a índices de inflação ainda muito altos nos Estados Unidos. Houve uma busca forte por segurança. Basta olhar a curva do DXY ao longo da semana passada, superando os 108 pontos. As falas de dirigentes do Fed foram muito importantes para nortear os investidores. No Brasil, o dólar chegou a se aproximar dos R$ 5,50, com as commodities em baixa e a pacote de bondades fora do teto (aprovação da PEC dos Benefícios). Na quarta-feira (13/07), foi informado que o índice de preços ao consumidor nos Estados Unidos subiu 1,3%, acima do esperado (1,1%).

O índice de inflação ao produtor, divulgado na quinta-feira (14/07), mostrou alta de 1,1%, também superando as estimativas (0,8%). Essa dobradinha levou as apostas em alta em 100 pontos-base da taxa básica norte-americana, hoje na faixa entre 1,5% e 1,75% ao ano, superarem pontualmente os 80%. A perspectiva de nova alta de 75 pontos-base foi reforçada na sexta-feira (15/07). Leitura preliminar da Universidade de Michigan mostrou que o índice de sentimento do consumidor norte-americano subiu de 50 em junho para 51,1 em julho, enquanto o mercado esperava estabilidade. As expectativas para a inflação em 12 meses recuaram levemente, de 5,3% para 5,2%. No horizonte de 5 anos, as estimativas para o aumento de preços caíram de 3,1% para 2,8%. Dados do varejo nos Estados Unidos também surpreenderam positivamente ao mostrar alta de 1% em junho (na margem), quando o previsto era 0,9%. Segundo a Blue 3, tais dados acalmaram um pouco os ânimos. Mas, o fato é que na semana passada aumentaram as chances de um cenário recessivo leve nos Estados Unidos já no fim deste ano.

Os índices de inflação vieram bem acima do esperado e o Fed vai ter que agir. Resultados corporativos de bancos norte-americanos também decepcionaram. O Real também sofre com as dúvidas sobre o fôlego da economia chinesa e, por tabela, dos preços das commodities, diante do vaivém de medidas restritivas para combater a Covid-19. Dados divulgados na quinta-feira (14/07) mostraram que a economia chinesa cresceu 0,4% no segundo trimestre (comparação anual), abaixo do esperado (0,9%). Na comparação com o primeiro trimestre, houve contração de 2,6%. Indicadores de vendas no varejo e produção industrial em junho chegaram a dar certo alento ao sugerir uma recuperação da atividade. Problemas no setor imobiliário chinês, contudo, deprimem as cotações do minério de ferro, um dos carros-chefe da pauta de exportação brasileira. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.